O Engenheiros do Hawaii encerrou as atividades em 2008. À época, o vocalista e baixista Humberto Gessinger era o único membro restante da formação clássica. Ele já não tocava acompanhado de Augusto Licks (guitarra, violão e teclado) e Carlos Maltz (bateria) ao mesmo tempo desde 1993.
Segundo entrevista concedida recentemente, as coisas não devem mudar tão cedo. Durante participação no podcast Corredor 5, transcrita pelo Whiplash, Gessinger explicou o motivo pelo qual não tem vontade de reunir o grupo novamente.
Para exemplificar, o cantor citou os Titãs. Em sua concepção, os músicos do grupo paulistano têm as condições ideais para um retorno triunfal. Já em relação ao Engenheiros do Hawaii, o contexto não é o mesmo. O próprio acredita que “morreria de sono” ao tocar as músicas da antiga banda, sobretudo devido aos arranjos.
“Os Titãs nessa coisa do retorno é uma coisa excepcional. É a banda certa para fazer isso. Um lance maravilhoso. Eles são um coletivo. Agora, eu morreria de sono no início da minha primeira música se fosse tocar. Ou seja, não sobrevive cinco minutos minha vontade de tocar novamente os arranjos originais […]. O lance dos Titãs é maravilhoso, levaram a coisa para o ambiente de shows em arena, minha geração não tinha acesso a isso. Não é uma coisa para todo mundo, não conseguiria fazer”.
A opinião de Carlos Maltz e Augusto Licks
Em contrapartida, os outros dois integrantes não enxergam a situação da mesma forma. Em entrevista ao jornalista Gustavo Maiato, Carlos Maltz opinou que o problema destacado pelo antigo colega seria fácil de se resolver, visto que poderiam executar versões diferentes ao vivo e adaptar as canções. Portanto, não acha válida a justificativa.
“Não acho que tenha barreira nenhuma. É só querer mesmo. Essa é a única barreira. Se vai fazer os arranjos originais ou outros, ou uma parte original e outra mudando, isso são coisas que veríamos na hora. Não adianta ficar falando disso antes. Não há barreira nenhuma para reunir a banda. É só querer.”
Licks, também a Gustavo Maiato, seguiu uma linha de raciocínio parecida. O guitarrista foi além e destacou uma contradição na fala, já que, ao longo da carreira, o Engenheiros mudou por diversas vezes a maneira de tocar as músicas.
“Não assisti à entrevista, não poderia comentar. De qualquer forma, nós sempre mudávamos arranjos em relação a originais, é só observar nos álbuns que gravamos e em vídeos de shows que fizemos. Tem músicas com duas e até três versões diferentes. Pegue, por exemplo, ‘Refrão de Bolero’, original do álbum ‘A Revolta dos Dândis’, depois as versões que tocamos no Palace, no Hollywood Rock, no Rock In Rio, e pra arrematar a do FGCA na sala Cecília Meirelles com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Isso nunca foi nenhum problema, era um processo natural porque costumávamos amadurecer as canções na estrada, já que em estúdio gravávamos muito rapidamente e às vezes sentíamos necessidade de melhorar alguma coisa ou outra pros shows, nem tudo que funcionava em estúdio funcionava igual nos palcos”.
De qualquer forma, ambos realizarão um show conjunto no próximo dia 21 de abril. A apresentação acontecerá no Bar Opinião, em Porto Alegre. Segundo nota oficial, o setlist incluirá os grandes sucessos da banda, como “Infinita Highway”, “Até o Fim” e “Refrão de Bolero”.
Sandro Trindade, fundador do grupo cover Engenheiros Sem CREA, comandará os vocais e o baixo no lugar de Gessinger. Os ingressos estão à venda no Sympla.
Sobre o Engenheiros do Hawaii
Formado em Porto Alegre em 1985 por Carlos Maltz e Humberto Gessinger, o Engenheiros do Hawaii conquistou espaço no rock nacional já com seu álbum de estreia, “Longe Demais das Capitais” (1986). No ano seguinte, Augusto Licks assumiu o posto de guitarrista e fechou aquela que é considerada a formação clássica do grupo.
O trio foi responsável pelos álbuns de maior sucesso da discografia do Engenheiros, tais como “A Revolta dos Dândis” (1987) e “O Papa É Pop” (1990). Em novembro de 1993 a formação clássica foi encerrada com a demissão de Licks. Maltz permaneceu até 1996. A liderança de Gessinger ditou então os rumos do projeto, que seguiu até 2008.
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No Led Zeppelin há músicas onde a banda precisa seguir a guitarra (Immigrant Song), músicas onde precisam seguir o vocal (Whole Lotta Love), músicas onde o teclado é o principal (All of my Love) e músicas onde precisam seguir a bateria (Black Dog). Há anos bandas de apoio seguem o Humberto Gessinger nas execuções e composições. Talvez o Gessinger resista a esse reencontro justamente pela possibilidade de ter que seguir o músico durante uma execução ao invés de ser seguido o tempo inteiro.