Todo mundo tem alguma música que é a trilha sonora de alguns “amassos”, especialmente na adolescência e início da fase adulta. Steven Spielberg é uma dessas pessoas, o que talvez tenha sido decisivo na capacidade de captar emoções através da arte em tempos posteriores.
Durante participação no tradicional programa “Desert Island Discs”, da BBC Radio 4, o cineasta apontou a importância de uma canção dos Beatles para um momento íntimo. A experiência foi tão marcante que ficou em sua memória de forma indelével.
Disse ele, conforme transcrição do Far Out Magazine:
“Eu era um calouro na faculdade e havia uma garota de quem gostava muito. Ela concordava em me deixar levá-la para jantar, para um clube de jazz ou para ir ao cinema. Mas nunca, jamais me deixava beijá-la. Até que, um dia, estávamos voltando de algum lugar e paramos no grande estacionamento perto dos dormitórios do campus universitário em Long Beach.”
O momento parecia propício. Foi quando John, Paul, George e Ringo resolveram dar uma forcinha.
“‘Michelle’ começou a tocar. Acho que ouvimos isso juntos pela primeira vez no rádio. A melodia era simplesmente linda. Eu olho para o lado e ela está com lágrimas nos olhos. Pouco antes de a música terminar, ela pula para o meu lado do carro e começa a me beijar.”
Paul McCartney e “Michelle”
Apesar de não figurar entre os maiores clássicos dos Beatles, “Michelle” é conhecida o suficiente para ser considerada um hit de certa magnitude. Mas independente de sua fama, Paul McCartney a considera um dos grandes momentos da carreira como compositor.
Com direito a passagens em francês, a canção foi uma amostra da evolução que o Fab Four alcançava a cada novo lançamento. Não à toa, serviu até mesmo para começar a desmistificar a ideia de que os rapazes de Liverpool não poderiam compor algo com mais conteúdo do que seus sucessos iniciais.
Em entrevista de 1994 ao Music Radar, resgatada pelo Showbiz Cheatsheet, o baixista e vocalista refletiu sobre a obra.
“Na verdade, a melodia dela foi pensada na hora. Não tivemos muito tempo para trabalhar. Era preciso pensar por si mesmo, essa era a questão. Nunca havia feito aquela linha antes de gravar. Não consigo cantarolar nada de antemão tendo o baixo como referência.”
Ainda assim, o resultado foi o tipo de situação que faz todo o esforço valer a pena, Macca garante.
“Eu me lembro daquela linha contra os acordes descendentes, foi um grande momento na minha vida. É um truque bastante conhecido, tenho certeza que os músicos de jazz já fizeram isso. Mas de onde quer que eu tenha tirado, em algum lugar do meu cérebro ouvi: faça isso, vai ser bom.”
“Michelle” foi incluída no álbum “Rubber Soul” (1965). Foi lançada como single em alguns mercados da Europa e Oceania, chegando ao topo na Bélgica, França, Noruega, Países Baixos e Nova Zelândia.
Beatles e “Rubber Soul”
Sexto álbum da discografia inglesa, “Rubber Soul” mostra os Beatles explorando novas sonoridades pela primeira vez, apostando em influências de folk, soul music e psychedelic rock. Vendeu mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo. Ganhou premiação de ouro no Brasil.
Foi a primeira vez que o nome do grupo não apareceu na capa. O título foi adaptação a uma crítica que Paul McCartney ouviu de um músico americano sobre Mick Jagger ter alma de plástico (plastic soul). A foto reflete a proposta da alma de borracha.
No mesmo dia em que o disco saiu, a banda lançou o single “Day Tripper/We Can Work It Out”. As canções não entraram no álbum.
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