Por que Steve Harris gostou tanto de rock progressivo logo de cara

Baixista e líder do Iron Maiden ficou encantado com a musicalidade e liberdade artística do estilo

Não é novidade para ninguém que o Iron Maiden se tornou uma banda cada vez mais progressiva a partir da segunda metade dos anos 1990. Porém, a mudança não foi tão repentina quanto parece. O baixista e líder, Steve Harris, era um fanático desde a adolescência. Foi apenas uma questão de ir adicionando as referências gradativamente.

Em entrevista à revista Prog, realizada em 2015, o instrumentista e compositor discorreu sobre o que o levou ao complexo subgênero. À época, os gigantes metálicos promoviam o álbum “The Book of Souls”, que conta com sua música mais longa: “Empire of the Clouds”, escrita pelo vocalista Bruce Dickinson.

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Steve começou resgatando suas origens:

“Cresci ouvindo todo tipo de música. Eu costumava escutar Beatles, The Who e coisas assim. Morava na casa dos meus avós e minhas tias sempre tocavam essas coisas, fosse The Doors ou Simon and Garfunkel, uma grande variedade, mas tudo com muita melodia. Acho que foi daí que peguei muito desse senso melódico. Então comecei a me interessar mais pelo rock e isso levou ao Wishbone Ash e depois ao progressivo.”

O início no prog

O ponto de partida da dedicação se deu com algumas referências históricas e seus discos iniciais. Harris relembra:

“Comprei o primeiro álbum do King Crimson. Entrei de cabeça nele e no início do Genesis, além do primeiro álbum do ELP, Jethro Tull, Yes e todas essas coisas na mesma época. Eu costumava ir à casa de um amigo, jogávamos xadrez e ele começou a colocar alguns álbuns no fundo, como trilha. Tinha certeza de que ele estava tentando me distrair no jogo [risos]. No final, eu disse: ‘Não consigo ouvir e tocar ao mesmo tempo, então poderia pegar emprestado alguns desses discos? Eu realmente nunca ouvi nada parecido…’ Então, ele me emprestou, assim como algumas coisas mais pesadas, como Black Sabbath, mas também Moody Blues e todo o material progressivo. Isso me surpreendeu.”

Mas o que exatamente criou o apelo que levou o líder da Donzela de Ferro a adorar a experiência? O próprio não consegue explicar de forma clara, embora tente.

“Todas as bandas eram incríveis. Eles tinham ótimas composições, ótima musicalidade, toda a pia da cozinha, sabe? Eu simplesmente adorei. As primeiras coisas do Genesis costumavam me dar arrepios. ‘Take A Pebble’, do ELP, também. Eram incríveis. Lembro-me de ver Jethro Tull no ‘Top of the Pops’ pela primeira vez. Minha mãe odiou, o que eu achei ótimo [risos]. Mas não gostei só por causa disso. Eu simplesmente me apaixonei por esse estilo. Não conseguia acreditar que havia tanta música boa por aí. Olhando para isso agora, sinto que tive muita sorte de crescer naquela época em que algumas dessas bandas recebiam carta branca para apenas fazer o que queriam.”

Sobre Steve Harris

Nascido na cidade de Leytonstone, condado inglês de Essex, Stephen Percy Harris aspirava ser jogador de futebol. Chegou a fazer testes no West Ham, seu clube do coração, porém, o amor pela música falou mais alto a partir da adolescência. Dez meses após comprar o primeiro baixo já integrava o Gypsy’s Kiss. Desde o início compunha material próprio e tentava encaixar no repertório.

No Natal de 1975 deu início ao Iron Maiden. A banda se tornou uma das mais bem-sucedidas da história, vendendo mais de 100 milhões de discos até hoje e contando com uma base de fanáticos que figura entre os fãs mais fiéis do mundo. Desde 2012 também comanda o British Lion, projeto paralelo que já lançou dois álbuns de estúdio.

Dois dos seis filhos de Steve possuem carreira consolidada na música. Lauren Harris é cantora solo, além de integrar a banda Six Hour Sundown. Já George é guitarrista no The Raven Age.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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