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O melhor disco dos Beatles, segundo Pete Townshend

Apesar da admiração, guitarrista e principal compositor do The Who nem sempre foi cordial com o Fab Four

O The Who foi uma das várias bandas que aproveitou o espaço aberto pelos Beatles no mercado americano a partir de 1964 – no movimento que ficou conhecido como “Invasão Britânica”. Porém, nem sempre a admiração foi a força motriz por trás da relação entre os grupos.

Exemplo claro temos em uma entrevista do guitarrista Pete Townshend após sua banda ter estourado com “My Generation”. À época, conforme resgate dosite Far Out Magazine, o compositor foi interpelado por um repórter que se referiu ao quarteto de Liverpool como um exemplo de qualidade musical.

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O parceiro e líder de Roger Daltrey, John Entwistle e Keith Moon contestou.

“Na verdade, esta tarde, John Entwistle e eu estávamos ouvindo um LP estéreo dos Beatles – em que as vozes saem de um lado e a faixas de apoio do outro. Quando você realmente ouve as partes instrumentais sem as vozes, elas ficam péssimas.”

Não foi a única cutucada. Em 1982, durante conversa com a Rolling Stone, Pete falou sobre “Tug of War”, álbum que Paul McCartney estava lançando. Após o jornalista da revista ter dito que o disco não tinha quase nada de rock and roll, o artista aproveitou a bola quicando e falou:

“Mas Paul já fez algo que tenha realmente a ver com rock? Não, nunca. Eu poderia conversar com ele sobre rock and roll e acabaríamos falando sobre duas coisas totalmente diferentes de acordo com nossas visões.”

À mesma publicação, em 2019, Townshend foi um pouco mais “leve”.

“Não fiquei loucamente impressionado com os Beatles quando os ouvi pela primeira vez. Mesmo assim, os amei. Eles eram alegres, eram engraçados. Eram mais pop do que eu gostaria, mas tinham uma imagem incrível. Absolutamente encantadores.”

Pete Townshend e o Sargento Pimenta

Porém, de acordo com outro resgate do Far Out Magazine, a percepção mudou quando Paul, John, George e Ringo lançaram seu disco mais revolucionário. “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” se mostrou algo além do imaginado.

“A onda de choque que ‘Sgt. Peppers’ causou desafiou a todos. Ninguém acreditava que os Beatles iriam superá-la ou sequer se dariam ao trabalho de tentar.”

O único outro trabalho no mesmo patamar, de acordo com Pete, foi justamente aquele que o senso comum colocou como desafiante no período.

“Para mim, ‘Sgt. Pepper’ e ‘Pet Sounds’ dos Beach Boys redefiniram a música no século 20: atmosfera, essência, sombra e romance foram combinados de maneiras que poderiam ser descobertas continuamente. Nenhum dos álbuns fez qualquer comentário político ou social profundo, mas as ideias não eram o que importava. Ouvir aquelas músicas tornou-se uma droga viciante por si só.”

Beatles e “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”

Lançado em 26 de maio de 1967, “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” foi o oitavo trabalho de inéditas dos Beatles em sua discografia britânica. Representou uma quebra de vários paradigmas no mundo pop, inovando em aspectos de produção, arte e promoção.

É considerado o momento em que os álbuns passaram a ter um sentido mais amplo, indo além de uma simples compilação de músicas sem linearidade, estabelecendo os padrões do que viriam a ser os futuros trabalhos conceituais.

A banda que dá nome ao play é uma ideia de Paul McCartney, visando estabelecer um alter ego que permitiu ao Fab Four experimentar com outros estilos fora do contexto em que se encaixavam.

Vendeu mais de 32 milhões de cópias, chegando ao topo das principais paradas do planeta. No Brasil, ganhou disco de ouro. Foi o primeiro álbum de rock a ganhar o Grammy na categoria Disco do Ano – além de ter faturado outras três estatuetas.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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