É praticamente impossível imaginar o Iron Maiden sem o comando total do baixista Steve Harris, mas houve um período, nos primórdios da banda, em que isso aconteceu. Um dos vocalistas que o grupo teve antes de se firmar com Paul Di’Anno exercia a chefia e chegou a demitir dois guitarristas. Um deles era ninguém menos do que Dave Murray, integrante essencial.
Esse período foi um dos assuntos abordados em uma edição especial da revista Classic Rock sobre o Maiden. Integrantes antigos e atuais da Donzela concederam entrevistas, bem como outras pessoas envolvidas.
Um deles foi Bob Sawyer, que fez parte da formação entre os anos de 1976 e 1977. Ao falar sobre sua chegada, o guitarrista ofereceu um panorama da situação do grupo na época e o tipo de show que faziam.
“Eu nunca fiz um teste para a banda, entrei direto. Nosso primeiro show foi durante uma reunião em um pub. Todos estavam vestindo smokings e vestidos de gala. Pense em como estávamos desconectados. Mas eles nos amaram. Então tivemos uma residência no Cart and Horses, em East London. Nosso set consistia principalmente de músicas que eventualmente apareceriam no primeiro álbum do Maiden, mais um cover de ‘I Got the Fire’, do Montrose e uma música original chamada ‘High Road in Time’, que soava como o Trapeze. Fiz 50 shows com o Maiden, a maioria em East London, que era a nossa base.”
Sawyer também falou sobre outro colega da época: o vocalista Dennis Wilcock. Conhecido por usar maquiagem e promover performances teatrais, no melhor estilo Alice Cooper, ele também era uma pessoa difícil de se trabalhar junto. No relato de Bob, o ocorrido foi o seguinte:
“O vocalista Dennis Wilcock estava controlando a banda na época e seu ego era enorme. Ele não gostava de mim e um dia apareceu na minha casa com um dos nossos roadies, jogou meu equipamento e disse que eu estava fora. Ele fez o mesmo com Dave Murray!”
O que aconteceu, na verdade, é que Wilcock convenceu Harris a reformular totalmente a banda. Pouco tempo depois, o baixista reconheceu o erro e trouxe Murray de volta, demitindo o vocalista.
O apreço do chefão pelo guitarrista sempre foi grande, como o próprio baixista deixou claro na biografia “Run to the Hills”, escrita por Mick Wall.
“Não apenas Dave era um cara legal, ele era o melhor guitarrista com quem eu já tinha trabalhado. Ele ainda é.”
Dave Murray fora do Iron Maiden
Fora do Iron Maiden por alguns meses, Dave Murray não ficou sem emprego. Logo reencontrou uma banda que se chamada Stone Free, que havia mudado de nome para Evil Ways e depois para Urchin. Lá, na função de vocalista e guitarrista estava um velho amigo de infância: Adrian Smith, que entraria para o Iron Maiden alguns anos depois.
Além de gravar o compacto “She’s a Roller” com o Urchin, o guitarrista também participou de uma banda de punk rock chamada The Secret. Lá ele respondia pelo pseudônimo de Reggie Mental.
Dennis Wilcock, o encrenqueiro
Quando Steve Harris resolveu colocar o Maiden nos eixos novamente, chamando Dave Murray de volta, Dennis Wilcock foi demitido. Paul Di’Anno, que gravou os dois primeiros álbuns, entrou em seu lugar. Mas a história do polêmico vocalista com o grupo não estava encerrada com a mudança definitiva de formação.
Em 2018, Wilcock processou o Iron Maiden, alegando que o grupo não o creditou por letras de músicas do álbum de estreia homônimo (1980) e de “Killers” (1981). O ex-frontman alega ter escrito as letras de faixas como “Prowler”, “Charlotte the Harlot”, “Phantom of the Opera” e “Iron Maiden”, além de ter colaborado com Steve Harris em “Prodigal Son”.
No processo, ele alegou que só descobriu isso em tempos recentes, pois nunca tinha escutado os álbuns do Iron Maiden — todos lançados depois de sua saída da banda, em 1978. Na ocasião, Wilcock pedia 2,6 milhões de libras esterlinas, o equivalente a mais de 10 milhões de reais. O resultado do entrevero não foi revelado.
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