Apesar de, para todos os efeitos, ser uma banda de power metal, o Angra possuía uma variada gama de influências desde o princípio. E não se trata apenas das referências à música brasileira, que serviram como um diferencial na sonoridade alcançada, os diferenciando do que o subgênero oferecia no resto do planeta. Outros segmentos do rock e do heavy também faziam parte da fórmula.
Em recente entrevista ao Ibagenscast, o baterista Marco Antunes, que fez parte do grupo até o início das gravações de “Angels Cry” (1993), citou um exemplo. Ele pode ser encontrado justamente na faixa que dá nome ao primeiro álbum.
Explicou o instrumentista, conforme nossa transcrição e adaptação:
“Em alguns dias havia ensaios em que ficava só eu e o Luis (Mariutti, baixo), outro dia eu e o André Hernandes (guitarrista que fez parte da banda antes de Kiko Loureiro)… ‘Angels Cry’ é uma música que eu e o Zaza (apelido de André Hernandes) praticamente arranjamos sozinhos em uma tarde. Aquele interlúdio no meio é composição nossa. A gente se inspirou em ‘Slip of the Tongue’, do Whitesnake.”
A observação aconteceu quando o músico foi questionado sobre suas contribuições no debut e os créditos de composição que não foram concedidos. Antunes prosseguiu mencionando uma influência norueguesa no maior clássico do Angra. De forma bem sucinta, apenas disse:
“‘Carry On’ tem inspiração bem profunda no A-ha.”
Whitesnake e “Slip of the Tongue”
Oitavo álbum do Whitesnake, “Slip of the Tongue” foi o único de estúdio a contar com o guitarrista Steve Vai. Ele gravou todas as partes do instrumento, já que Adrian Vandenberg se recuperava de lesão em uma das mãos.
Assim como no trabalho anterior, David Coverdale regravou algo do catálogo do grupo. A escolhida foi “Fool for Your Loving”, originalmente presente em “Ready An’ Willing” (1980). A música se tornou o single principal.
O trabalho ganhou disco de platina nos Estados Unidos e ouro na Inglaterra, chegando ao 10º lugar das paradas nos dois territórios. Apesar do êxito comercial, tanto Coverdale quanto Vandenberg já declararam descontentamento com a sonoridade, que tirou toda a veia blues rock da banda, optando por algo mais de acordo com o que fazia sucesso à época.
Após a turnê, que incluiu a segunda aparição como headliner do festival inglês Monsters Of Rock, o grupo entrou em um hiato que duraria quatro anos.
Angra e “Angels Cry”
Trabalho de estreia do Angra, “Angels Cry” foi gravado em Hamburgo, Alemanha, no estúdio de Kai Hansen (Helloween, Gamma Ray) – que tocou guitarra em “Never Understand”.
Contou com a participação de Alex Holzwarth na bateria – exceto em “Wuthering Heights”, gravada por Thomas Nack – substituindo Marco Antunes. Nas fotos promocionais, Ricardo Confessori já era membro oficial.
A citada “Wuthering Heights” é um cover de Kate Bush. Referências a obras de Franz Schubert, Niccolò Paganini, Antonio Vivaldi, Felix Mendelssohn e Luiz Gonzaga também foram incluídas nas faixas autorais.
“Angels Cry” chegou ao 17º lugar na parada do Japão, onde foi lançado em primeira mão. No Brasil o disco ganhou edições por três gravadoras até hoje: Eldorado, Paradoxx e Voice Music.
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