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A banda e o disco que mudaram a vida de Slash, segundo o próprio

Guitarrista do Guns N’ Roses excursionou várias vezes com a banda durante sua carreira

A relação de Slash com o Aerosmith passou de entre fã e ídolo faz tempo. Mas não dá para deixar de resgatar a sensação de quando o Guns N’ Roses surgiu como uma espécie de sucessor da banda de Steven Tyler – tal qual os próprios foram para com os Rolling Stones anteriormente.

Embora seja injusto rotular alguém de cópia nessas duas associações, também não seria correto desassociar por completo. As influências existem e foram reconhecidas por todos os envolvidos nessa “árvore genealógica”, mesmo que em alguns momentos com certa relutância.

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Na edição de junho de 2005 da revista Classic Rock, o guitarrista – então membro do Velvet Revolver – falou abertamente sobre o assunto. Inicialmente citando já ser fã de The Who e Beatles quando conheceu os bad boys de Boston, o parceiro de Axl Rose e Duff McKagan elaborou sobre quando conheceu a obra do quinteto.

“Nasci na Inglaterra e me mudei para os Estados Unidos aos 13 ou 14 anos. Comecei a descobrir a música por mim mesmo. Estava a fim de uma garota que tinha o dobro da minha idade. Quando finalmente fui ao seu apartamento, ela tocou ‘Rocks’ para mim pela primeira vez. Esse disco transformou toda a minha vida. Quase parecia que havia sido composto para mim. Assim que ouvi, de repente entendi o que era a vida. Era uma coisa alta, com riffs pesados e gritante, com um groove realmente sexy. Falou comigo diretamente.”

A inspiração para aprender guitarra

Questionado se o play foi o que o inspirou a empunhar o instrumento que o consagraria, Slash não soube responder com precisão. Mas reconheceu a inspiração.

“Não tenho certeza se comecei a tocar por causa daquele disco, mas certamente foi nessa época. Um dos primeiros riffs que quis aprender foi o de ‘Back in the Saddle’. Acho que tinha 15 anos quando comecei a tocar guitarra e ouvi ‘Rocks’ pela primeira vez um ano antes disso.”

O homem batizado Saul Hudson ainda fez questão de deixar claro que foi apenas a parte artística que o chamou a atenção.

“Para mim, era tudo uma questão de música, não de imagem ou estilo de vida. Eu realmente só comecei a olhar para as bandas do ponto de vista da imagem mais tarde. Conheci muitas estrelas do rock quando criança, porque meus pais faziam parte daquela cena, então não era grande coisa para mim. Só mais tarde, quando comecei a ver revistas de rock’n’roll, é que realmente prestei atenção ao visual. Mas eu sabia que eles pareciam ótimos. Eles simplesmente pareciam desagradáveis. Joe Perry era o guitarrista mais legal, Steven Tyler parecia completamente maníaco. Você sabe, os Stones eram legais, mas eram a banda do meu pai. O Aerosmith era a minha banda.”

Curiosamente, a primeira música que Slash lembra de ter escutado pertencia ao disco anterior a “Rocks”, “Toys in the Attic” (1975).

“Lembro-me de ouvir ‘Walk this Way’ no rádio. Lembro vagamente de ter gostado daquela música, mas não sabia quem era. ‘Rocks’ foi o que me virou de cabeça para baixo. Eu o comprei em uma época que não tinha dinheiro nenhum, então era uma grande coisa. Em seguida, peguei o ‘Live! Bootleg’ porque tinha todas as suas grandes músicas. Eu amo esse disco. Esse para mim é o álbum de rock’n’roll ao vivo por excelência de todos os tempos. É incrível. Depois tive todos.”

O único álbum ruim e as memórias (ruins) ao vivo

O homem da cartola ainda contestou o entrevistador quando esse disse que o Aerosmith tinha alguns álbuns ruins.

“Não! Apenas um. Eles fizeram um álbum sem Joe e Brad [Whitford, guitarrista], ‘Rock inaA Hard Place’. Tinha algumas músicas boas, mas não soava bem. E foi isso. Depois disso, eles terminaram por um longo tempo.”

Na verdade, a banda nunca chegou a terminar, além de o longo tempo ter sido um intervalo de três anos entre o disco em questão e a reunião da formação clássica.

Quanto ao primeiro show que o então jovem assistiu, foi ainda na década anterior. E as impressões não foram as melhores.

“Em 1979, no World Music Festival – dois dias, 15 a 20 bandas em cada. Ted Nugent e Cheap Trick foram as atrações principais no primeiro, Aerosmith e Van Halen no segundo. E o Aerosmith foi horrível! Havia apenas uma música no set que eu realmente reconheci! Foi apenas uma enorme enxurrada de barulho. Foi decepcionante para mim – esperava que fossem mais profissionais. O Van Halen os destruiu.”

Obviamente, naquele período, a banda estava afundada em problemas e drogas, o que ocasionaria a saída de Joe Perry logo a seguir.

“Só me dei conta quando Joe deixou a banda. Ouvíamos alguns rumores sobre isso, mas não sabíamos a real dimensão. Aquilo me incomodou, partiu meu coração.”

Dois anos após a entrevista, Aerosmith e Velvet Revolver se apresentariam juntos na América Latina. O Brasil recebeu uma apresentação, que levou mais de 60 mil pessoas ao estádio Morumbi, em São Paulo, dia 12 de abril. A banda dos instrumentistas do Guns N’ Roses com Scott Weiland também fez um show sozinha no Rio de Janeiro.

Aerosmith e “Rocks”

Lançado em 3 de maio de 1976, “Rocks” foi o quarto álbum de estúdio do Aerosmith. Tornou-se o primeiro da banda a alcançar premiação de platina já à época em que foi disponibilizado, chegando ao terceiro lugar na parada estadunidense.

Durante as gravações, os músicos chegaram a trocar suas posições nos instrumentos. O guitarrista Joe Perry gravou o baixo em “Back In The Saddle”. Já o baixista Tom Hamilton empunhou a guitarra em “Sick As A Dog”, enquanto sua função foi ocupada por Perry e Steven Tyler.

Além de Slash, músicos como James Hetfield (Metallica) e Kurt Cobain (Nirvana) também citaram o disco como influência decisiva em suas carreiras.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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