Em cartaz nos cinemas, o filme “Ferrari” explora tanto as origens de uma das empresas de carros mais célebres do planeta quanto de seu fundador, Enzo Ferrari. O “Commendatore”, como era conhecido, é interpretado pelo ator Adam Driver.
No decorrer da obra, o público poderá ver como Enzo fundou a Ferrari e a transformou em uma referência e objeto de desejo de muitos apaixonados por carros. Só que por trás de todo o sucesso que o empresário e ex-piloto de corridas teve, o “Commendatore” também teve de conviver com algumas tragédias, tanto do ponto de vista pessoal quanto de negócios.
A seguir, confira quais foram essas tragédias que cercaram a vida de Enzo Ferrari. Antes, vamos apresentar um resumo sobre quem foi o fundador da marca.
Quem foi Enzo Ferrari
Enzo Anselmo Giuseppe Maria Ferrari nasceu na cidade italiana de Modena em 18 de fevereiro de 1898. Ainda garoto, se apaixonou pelas corridas de automóveis após assistir uma delas nas ruas da cidade de Bolonha.
Ele decidiu seguir sua paixão e se tornou piloto em 1919. Após vencer corridas pilotando pela Alfa Romeo, fundou sua própria equipe, a “Scuderia Ferrari”, em 1929. Aposentou-se do ramo dois anos depois e passou a gerenciar o time.
Em 1939, Enzo vai além e funda sua própria empresa de carros, chamada inicialmente de “Auto Avio Construzioni”, que depois, recebeu o nome de “Ferrari SpA”. Após um início com mais baixos do que altos, viu sua marca se tornar referência a partir dos anos 1950 graças ao sucesso que ela fazia na Fórmula 1.
Com o sucesso alcançado, Enzo Ferrari chegou a se dar ao luxo de afirmar o seguinte em uma ocasião:
“Peça a uma criança para desenhar um carro e ela, certamente, o desenhará de vermelho (a cor principal da maior parte dos carros da Ferrari).”
Sua paixão pelos automóveis era tão grande que Enzo, mesmo após se tornar milionário com sua empresa, ficou conhecido por abrir mão de uma vida luxuosa, preferindo focar seu tempo e energia justamente nos seus negócios.
Nos anos finais de sua vida, o empresário aceitou vender 90% de sua empresa para a Fiat, enquanto seu filho, Piero, ficou com os 10% restantes da marca. O “Commendatore” faleceu em 14 de agosto de 1988.
As tragédias de Enzo Ferrari
A perda de parentes e um casamento complicado
Com Enzo Ferrari devidamente apresentado, é hora de explicar como sua vida, apesar dos sucessos que colecionou, também esteve cheia de tragédias, a começar do ponto de vista pessoal.
Antes mesmo de completar 20, Enzo Ferrari viu seu pai e seu irmão falecerem por conta de uma epidemia de gripe na Itália em 1916. Ele mesmo ficou bastante doente durante a famosa pandemia da gripe espanhola, o que o fez ser dispensado do exército italiano.
O empresário se casou em 1923 com Laura Garello. Em 1932, nasceu o primeiro filho do casal, Alfredo Ferrari, que ficou conhecido como “Dino”. No entanto, ele – que também herdou a paixão por carros do pai – foi diagnosticado como distrofia muscular e faleceu com apenas 24 anos de idade.
A morte do filho piorou o relacionamento do casal. Se não bastasse essa questão, Enzo Ferrari também viveu alguns casos extraconjugais, com destaque para Lina Lardi, com quem teve seu segundo filho, Piero, em 1945.
Enzo não pôde se separar de Laura porque as leis italianas proibiam o divórcio e só foram revogadas em 1970. Apesar disso, o empresário continuou casado com a esposa até o falecimento dela, que ocorreu em 1978.
Foi só a partir daí que Piero pôde, enfim, adotar o sobrenome. Ele assumiu os negócios da família após a morte do pai, o que continua fazendo até hoje.
A tragédia da Mille Miglia
Se não bastassem todas essas questões pessoais, Enzo Ferrari também conviveu com muitos problemas ao tocar seus negócios – especialmente nos anos 1950.
Durante a década em questão, ele testemunhou a morte de muitos pilotos nos carros de sua equipe de Fórmula 1, como ocorreu como Eugenio Castellotti, Luigi Musso e Peter Collins.
No entanto, o pior aconteceu em 1957, durante a edição daquele ano da Mille Miglia, uma das provas de resistência mais famosas da história, que ocorria em vias públicas de diversas cidades da Itália.
Em um momento da prova, um pneu do carro de Alfonso de Portago – um dos vários pilotos da Ferrari na prova – estourou. O espanhol perdeu o controle do veículo, que voou, acertou um poste de telefonia e caiu em cima de um grupo de espectadores.
Além do próprio Alfonso de Portago e seu copiloto, Edmund Nelson, faleceram outras nove pessoas morreram – incluindo cinco crianças. O incidente ficou conhecido como a “Tragédia da Mille Miglia”, o que deixou uma mancha na reputação da Ferrari e afetou o próprio “Commendatore” e os funcionários da empresa por algum tempo
O impacto da tragédia foi tão grande que o governo italiano proibiu qualquer tipo de corrida de automóveis em vias públicas. O próprio Enzo Ferrari foi acusado de homicídio culposo, mas acabou absolvido pela Justiça em 1961.
Com o passar dos anos, a Ferrari conseguiu deixar o triste acontecimento no passado e graças a seu sucesso na Fórmula 1, viu sua reputação e prestígio aumentarem cada vez mais em todo o planeta, se tornando a marca que ela é atualmente.
*Texto construído com informações da Harper’s Bazaar, Legião dos Heróis e The Standard.
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