O primeiro grande desafio do Def Leppard como atração de médio porte aconteceu quando a banda foi escalada para abrir a turnê britânica do AC/DC em 1979. À época, o grupo dos irmãos Young divulgava o álbum “Highway To Hell”, que seria o último com Bon Scott como titular do microfone.
Em entrevista de 2021 à Classic Rock Magazine, o vocalista Joe Elliott lembrou como o quinteto encarou a responsabilidade. Apesar de admitir ter ficado apavorado, o frontman exaltou a consideração da atração principal.
Ele destacou:
“Eles cuidaram de nós. Tínhamos boa luz e som, nos demos muito bem com o público. Não havia muita socialização, mas a vibração geral das duas bandas juntas era ótima. Não que o AC/DC não fosse amigável, apenas não nos víamos muito. O único cara que realmente interagia era Bon Scott. Lembro que estávamos no mesmo hotel uma noite, dividindo uma bebida. Bon jogou uma nota de dez e disse: ‘Aqui, rapazes! Vão comprar outra rodada’. Infelizmente, nunca tive a chance de retribuir”.
Para o cantor, a excursão foi a oportunidade de conferir como uma atração estabelecida se comportava nos palcos, fazendo com que várias lições fossem absorvidas.
“Observávamos os shows deles como falcões toda noite. Queríamos aprender. O principal foi o valor da repetição, a importância de não ficar mudando o set toda hora. O AC/DC prezava pela ética de trabalho, o som e o visual”.
O show memorável na Escócia
Considerando que, apesar de a banda ser australiana, seus músicos tinham raízes escocesas, não surpreende que Joe tenha um show em Glasgow como memorável durante o giro.
“Fui assistir na parte de cima do Glasgow Apollo. Eles abriram com ‘Live Wire’ e parecia que tudo ia desabar de tanto que as pessoas pulavam. Balançava como se fosse um trampolim. Fiquei apavorado e decidi ver o resto do lado do palco”.
Como não poderia ser diferente, a maior atenção foi para o colega de função.
“Bon era um frontman incrível. Todas as noites ele usava uma jaqueta jeans sem mangas, sem camisa e estava em boa forma para um cara que bebia tanto. Mas a expressão do seu rosto é o que mais me lembro. Ele parecia que não dava a mínima. Não quero dizer que não se importasse em estar em sintonia ou no tempo. Apenas tinha uma expressão facial de quem estava vivendo o momento.”
Def Leppard, AC/DC e Mutt Lange
Após a morte de Scott, o AC/DC encontraria um novo vocalista em Brian Johnson. Usando o luto como combustível, a banda gravou “Back in Black” (1980), um dos discos mais vendidos na história da indústria.
Já o Def Leppard engataria a sequência “High ‘n’ Dry” (1981), “Pyromania” (1983) e “Hysteria”, sendo alçado ao posto de um dos nomes mais importantes de sua geração. Em comum, o fato de os dois grupos terem usado o mesmo produtor, o sul-africano John “Mutt” Lange.
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