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A história da participação do Cannibal Corpse em “Ace Ventura”

Banda de death metal — que não queria participar de início — toca a música “Hammer Smashed Face” enquanto personagem de Jim Carrey investiga um caso

Um dos filmes mais importantes da carreira de Jim Carrey é “Ace Ventura”. A obra lançada em 1994 expôs o ator ao estrelato, tornando-se um dos mais requisitados artistas nos anos seguintes. E há uma curiosa ligação entre o longa e o heavy metal, pois o Cannibal Corpse faz uma participação.

A banda aparece tocando a música “Hammer Smashed Face” enquanto o detetive interpretado pelo ator, personagem principal da trama, entra no espaço do show para solucionar um caso. No fim das contas, ele acaba parando em cima do palco e assumindo os vocais.

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Relembre abaixo.

A presença no longa fez o Cannibal Corpse ser reconhecido no mainstream. Os frutos foram positivos para o grupo.

De início, porém, os músicos não queriam participar. Em entrevista à Noisey (via Metal Hammer), o baterista Paul Mazurkiewicz Jr comentou que havia certo “ceticismo” com relação ao convite, pois eles não sabiam como seriam retratados perante o público.

“O convite era muito bizarro, mas notamos que se nossa gravadora estava nos ligando, era legítimo. Mas naquele ponto, ficamos preocupados com a forma que seríamos retratados. Não falaram inicialmente o que iríamos fazer no filme, então queríamos ter certeza de que não seríamos retratados de forma cômica. Somos uma banda de brutal death metal e levamos a sério o que fazemos.”

Foi necessário convencer os músicos de que seriam retratados de forma séria — o humor viria apenas de Jim Carrey. Além disso, foi necessário ajustar a agenda de gravações do longa, pois a banda estava em turnê pela Europa.

Felizmente, deu tudo certo. O Cannibal Corpse participou em uma cena de show. Foram necessários dois dias em Miami, nos Estados Unidos, para gravar tudo.

Vários takes foram registrados. No entanto, a banda foi aproveitada em pouco tempo no corte final. Há, ainda, uma cena deletada em edições domésticas do longa onde eles aparecem um pouco mais.

Jim Carrey e o heavy metal

A participação fez com que muitos fãs pensassem: será que Jim Carrey gosta de heavy metal? Parecia que sim, ao menos para os músicos do Cannibal Corpse. Paul Mazurkiewicz Jr declarou à Noisey:

“Ele chegou dizendo: ‘oh meu Deus, Cannibal Corpse, é tão bom tê-los aqui’. Ele começou a recitar nossas letras e disse que queria que a gente tocasse ‘Hammer Smashed Face’.”

O baixista Alex Webster, que também participou da entrevista à Noisey, comentou que o ator também sabia os nomes de todos os integrantes do grupo.

Alex Santana, genro de Jim Carrey e vocalista da banda de death metal Blood Money, discorda. Em um texto publicado em 1999, resgatado pela Metal Hammer, ele afirma:

“Jim odeia death metal. Ele nunca tinha ouvido falar de Cannibal Corpse até aquele filme. Acredite: foi a primeira coisa que perguntei a ele quando o conheci.”

Não há declarações do próprio Jim sobre Cannibal Corpse ou death metal, mas ele já falou sobre outra banda de som pesado: o Pantera. Em entrevista a Kevin McCarthy, crítico de cinema e repórter de entretenimento da Fox 5 de Washington D.C. (transcrita pelo Blabbermouth), o comediante falou sobre seu primeiro contato com o grupo.

“A primeira vez que ouvi Pantera eu estava dirigindo para San Diego, onde faria um show. E eu e meu empresário, Jim Miller, colocamos uma música deles para tocar. Nunca tinha ouvido nada parecido. Atingiu-me em um nível de estimulação extrema a ponto de começar a rir incontrolavelmente. Não conseguia entender o que estava acontecendo.

Então fomos fazer o check-in no hotel e os caras atrás de nós na fila eram o Pantera. Nós nos viramos e dissemos, tipo: ‘Você está brincando comigo? Você está brincando comigo?’ Isso é muito estranho, cara.”

Carrey, que estava sendo entrevistado na época para falar sobre sua atuação no filme “Sonic 2”, também contou quais artistas gosta de ouvir quando está em casa.

“Quando eu acordo de manhã, meu gosto musical é tão amplo, é uma loucura. Eu posso ir de Count Basie (pianista de jazz) um dia a rap no outro. Às vezes acordo, pego meu café, sento na varanda dos fundos e ouço cantos gregorianos, porque dá vida aos pássaros, dá vida ao mundo inteiro. De repente, sinto que não estou apenas no corpo, mas eu sou o quintal inteiro.

E se eu entrar em um certo humor, se eu precisar ficar caótico ou louco às vezes, algo como um Pantera, que desafia o mundo em um nível masculino, na sua cara. Ou ‘Breed’, do Nirvana. Ela é ofuscada por outros sucessos que eles tiveram. Mas é uma das músicas mais f#das da história. Maravilhosa.”

Recentemente, Jim Carrey anunciou que passará por um processo de semiaposentadoria. Ele não encerrará a carreira de vez, mas só irá aceitar trabalhar em papeis que realmente lhe tragam algum significado especial — como “Sonic 3”, anunciado com ele novamente como Dr. Robotnik.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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