O grande erro dos tempos iniciais do Angra, segundo Marco Antunes

Baterista original do grupo discorda da mudança de sonoridade entre dois primeiros álbuns e acha que faltou tempo para amadurecer proposta inicial

Marco Antunes foi o primeiro baterista do Angra. Ele esteve na banda entre os anos de 1991 e 1993, saindo em meio às gravações do álbum de estreia, “Angels Cry”.

Seu substituto em estúdio foi o alemão Alex Holzwarth, que gravou o disco, antes da entrada definitiva de Ricardo Confessori. Apesar do período reduzido como integrante, Antunes observou um erro importante cometido nesse início.

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O baterista deu uma entrevista ao Ibagenscast, com participação também de Anderson Bellini, responsável pelo documentário “Andre Matos – Maestro do Rock”. Em dado momento, foi discutido o direcionamento do Angra naqueles primeiros anos e, segundo Antunes, a ideia inicial era trazer já de início uma sonoridade mais próxima do que foi explorado apenas no segundo disco, “Holy Land” (1996).

Porém, segundo o músico, a banda acabou “se vendendo” logo no início para a gravadora, que à época desejava um disco de power metal, nos moldes do som feito pelo Helloween. Para ele, foi o grande equívoco. Conforme transcrito pelo site IgorMiranda.com.br, ele declarou:

“A proposta da banda era um ‘World metal’, era uma mistura de Queensrÿche com Peter Gabriel e música brasileira. […] Acho que a gente errou, àquela altura do campeonato, de ser tão novos, uma banda tão nova – tinha 3 anos –, e já ‘abrir as pernas’ por causa de um selo. A gente tinha feito só um show. Podia ter ficado mais um ano amadurecendo a banda, fazendo mais shows, se conhecendo como músicos, como pessoas, compondo mais. Foi tudo muito às pressas.”

Marco Antunes, Angra e “Holy Land”

Ainda durante a entrevista, Marco Antunes também citou a chegada do empresário Toninho Pirani, dono da revista Rock Brigade, como um dos fatores que contribuiu para essa pressa em estourar — o que prejudicou o começo do Angra. Para ele, o álbum de estreia soa como uma mentira, já que a proposta inicial do grupo era outra.

“A gente mentiu fazendo o ‘Angels Cry’. A gente se obrigou a ser uma banda de power metal, porque não era, definitivamente não foi feito pra ser uma banda de power metal. Se fosse, eu nem teria entrado, porque nunca foi minha onda.”

Quando “Holy Land” saiu em 1996, Antunes diz que ficou revoltado ao notar que só naquele momento, alguns anos depois de sua formação e da saída do baterista, o grupo tinha chegado à sonoridade que pretendia no início. Mais uma vez, o músico ressaltou a questão das vendas — para ele, o principal motivador da sonoridade de “Angels Cry”.

“Quando eu escutei o ‘Holy Land’, eu falei ‘ah, vai tomar no c#, né? Agora os caras estão fazendo isso? Não vai vender’ e tanto que não vendeu tanto quanto o ‘Angels Cry’. Porque é uma ilusão. É igual aquela historinha ‘assina com a gravadora pra fazer pop, depois você faz o que você quer’, isso nunca funcionou e nunca vai funcionar. Você conquista milhões de fãs no primeiro disco fazendo um estilo, depois você muda? Não, né! Isso é uma idiotice, você não pode pensar assim.”

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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