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Andreas Kisser estava sentindo pressão por ter que fazer novo álbum do Sepultura

Guitarrista afirma que não quer criar músicas por obrigação; banda deve encerrar sua trajetória sem um sucessor para “Quadra” (2020)

Após 40 anos de estrada, o Sepultura encerrará as atividades em breve. No próximo mês de março, a banda inicia a turnê de despedida “Celebrating Life Through Death”, que deve durar cerca de um ano e meio. Além do giro, um álbum ao vivo, gravado em 40 cidades diferentes, está nos planos. 

Contudo, um disco de inéditas não deve fazer parte da celebração. Em novembro último, o guitarrista Andreas Kisser havia destacado que não via o grupo lançando qualquer material novo em um futuro próximo. Agora, inclusive, ressaltou que sentiu até uma pressão para criar um projeto sucessor de “Quadra” (2020) justamente por ser o esperado de uma banda como o Sepultura. 

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Durante participação no podcast Vozes da Vez, transcrita pelo site, o músico, primeiramente, refletiu sobre a saideira do Sepultura. Para ele, o quarteto termina sua história da melhor maneira possível, sem conflitos na formação atual ou falta de paixão pelo trabalho.

“É uma saída pela porta da frente. Para que esperar deteriorar relacionamentos, sair da banda ou brigar? Entre outras coisas que podem acontecer, como saturar, essa coisa de se sentir obrigado a fazer.” 

Inclusive, o guitarrista acredita que cada um dos integrantes – Derrick Green (voz), Paulo Xisto Jr. (baixo) e Eloy Casagrande (bateria) – está em seu auge, sobretudo por terem abandonado qualquer possível vício. 

“Estamos em um momento muito bom. Estamos muito bem física e mentalmente. A banda toda parou de beber. O Eloy toma o uisquinho dele, mas nada relevante no sentido de atrapalhar, como o álcool já atrapalhou muito a nossa carreira. Vamos celebrar, sóbrios [risos], curtindo cada momento, cada pedacinho e o futuro está sempre aberto.”

Apesar de encarar a situação com um olhar positivo, o artista, então, confessou que a ideia de precisar gravar um disco novo rondou os seus pensamentos nos últimos tempos  – o que o incomodou, já que o interesse surgiu por pura pressão e não por vontade de idealizar algo do zero. 

“Eu mesmo estava sentindo uma pressão de fazer um disco novo do Sepultura. Para mim, não estava fazendo muito sentido fazer só porque tem que fazer, seguir uma rotina de banda, ou uma necessidade de ter um ciclo.”

De qualquer forma, Kisser entende que enfrentou muitas adversidades nos anos recentes  – incluindo a morte da esposa, Patrícia, em julho de 2022 – e que, nesse momento, está aberto para experiências desconhecidas. 

“A morte me mostrou que uma parte gigantesca de mim foi embora com a minha esposa, a Patrícia, mas outra parte e outras portas se abriram, de se conhecer em momentos diferentes, de se colocar em desafios novos, de conhecer gente diferente, de ter uma relação com meus filhos de outra forma, de construir a família… é um processo de aprendizado, um lindo processo de vida.”

Sepultura: celebrando a vida através da morte

A turnê “Celebrating Life Through Death” será iniciada no Brasil e América do Sul. A primeira etapa vai até abril.

A partir de setembro, o Sepultura faz mais algumas datas no Brasil antes de seguir para a Europa, onde deve ficar até o fim de novembro. A turnê de despedida deve durar cerca de um ano e meio, com mais datas a serem anunciadas.

Ao anunciar o encerramento de suas atividades após uma turnê de despedida, o grupo declarou em comunicado:

“O Sepultura vai parar. Vai morrer. Uma morte consciente e planejada.
Nos próximos 18 meses, vamos celebrar 40 anos junto aos nossos fãs em uma tour de despedida que vai passar por todo o planeta. Celebrar acima de tudo o presente, o hoje. Um momento muito especial na nossa rica e vitoriosa carreira.

Depois de 40 anos de altos e baixos, 80 países visitados de diferentes culturas, de diferentes visões políticas e religiosas, levando as cores e ritmos brasileiros para o mundo, mostrando um Brasil mais realista e menos caricato, mais pesado e agressivo.
Depois de lançar o ‘Quadra’, um dos melhores álbuns da nossa história. Sobreviver a uma indesejável e insana Pandemia através da ‘SepulQuarta’, uma experiência maravilhosa que virou um álbum e que nos manteve unidos e fortes seguindo em frente. Depois de mudanças e aprendizados, nós vamos parar.

A tour de 40 anos está sendo gravada e vai virar um disco ao vivo de 40 músicas registradas em 40 cidades diferentes num momento em que estamos com a mais elevada energia no palco. União e conexão total.

Estamos felizes e muito agradecidos com tudo que aconteceu na nossa história, fizemos grandes álbuns e shows, cultivamos amizades, conhecemos nossos ídolos, ajudamos a colocar o metal brasileiro no mapa mundial e, agora, deixamos a cena com o sentimento de dever cumprido.

Temos os melhores fãs do mundo, que nos apoiam com elogios e críticas, que são exigentes e inteligentes, que evoluem junto com a banda, são sempre leais e amam verdadeiramente o Sepultura. Sem vocês nada disso seria possível. Este álbum e esta tour são para a SepulNation, nós amamos vocês!

Eutanásia, o direito a morte digna. Direito de escolha de ser livre quando se nasce e quando se morre!”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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