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Axl, Chris Slade e fase Bon: Relembre a turnê mais recente do AC/DC

Como na nova sequência de apresentações, marcadas para o meio de 2024, giro realizado entre 2015 e 2016 também foi marcado por mudanças na formação

O AC/DC anunciou, nesta segunda-feira (12), sua primeira turnê em 8 anos. A sequência de 21 apresentações em divulgação ao álbum “Power Up” (2020) sucede uma excursão que durou entre 2015 e 2016, promovendo o disco “Rock or Bust” (2014), e que também foi marcada por mudanças na formação.

Nos próximos shows, que acontecem entre maio e agosto, o baixista Chris Chaney (ex-Jane’s Addiction) e o baterista Matt Laug (ex-Alanis Morissette) substituirão respectivamente Cliff Williams, aposentado devido a problemas de saúde, e Phil Rudd, por razões não especificadas. Brian Johnson (voz), Angus Young (guitarra solo) e Stevie Young (guitarra rítmica) completam o quinteto.

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Já na tour passada, a vaga de Rudd, à época com problemas na Justiça, foi ocupada por Chris Slade, membro do grupo na primeira metade dos anos 1990. Além disso, em parte das apresentações, o vocalista Axl Rose (Guns N’ Roses) esteve no posto de Johnson, que sofria de problemas auditivos.

Boa parte dos fãs, aliás, se lembra com carinho de Rose, que praticamente “salvou” uma tour após o afastamento abrupto de Johnson. O carismático vocalista que faz parte da banda desde 1980 poderia ficar surdo em definitivo se continuasse a fazer aqueles shows.

Em 2020, à Rolling Stone, Brian relembrou:

“Foi muito sério. Eu não conseguia ouvir o som das guitarras de forma alguma. Eu estava seguindo literalmente com base na memória muscular e leitura labial. Ficava muito mal com aquela situação nos shows. Não há nada pior do que ficar parado lá e não ter certeza do que está fazendo.”

Perder Brian para o restante daquela tour foi um golpe duro para Angus Young e Cliff Williams, que já traziam um substituto para o saudoso Malcolm Young na guitarra base: Stevie Young, sobrinho dos próprios Angus e Malcolm.

Faltavam apenas 23 shows para concluir a turnê – dez nos Estados Unidos e 13 na Europa. Dessa forma, os músicos optaram por seguir em frente, cumprindo as datas, para evitar disputas jurídicas em torno de cancelamentos.

Mas quem iria assumir a vaga de Brian Johnson? O caminho antes de chegar ao nome de Axl Rose foi um pouco tumultuado.

Testes

Alguns vocalistas menos conhecidos foram considerados para assumir o microfone principal do AC/DC. Um deles foi o americano Lee Robinson, de uma banda-tributo chamada Thunderstruck.

Lee se recordou de sua audição com o AC/DC em entrevista ao podcast Beyond the Thunder. Ele disse que foi demitido de seu emprego “formal”, como técnico de sistemas de refrigeração, para tentar a sorte com a banda.

Citando ter feito o teste no dia 14 de março de 2016, ele declarou: “Eu pensei que valeria a pena perder meu emprego àquela altura do campeonato.”

Não deu para Lee Robinson, nem para outro candidato cogitado. A voz dos 23 shows seria Axl Rose.

Como Axl Rose se envolveu

Em entrevista ao podcast de Zane Lowe, Angus Young disse que a chegada de Axl Rose foi um “presente dos céus”.

O vocalista do Guns N’ Roses não estava sendo considerado, já que estava em plena turnê de reunião com o guitarrista Slash e o baixista Duff McKagan – algo aguardado há duas décadas. Porém, ele ficou sabendo da situação de Brian Johnson e, como grande fã de AC/DC, se ofereceu para ajudar.

“Poderíamos apenas ter dito: ‘vamos cancelar e esperar’. Mas sabíamos que ainda haveria muitas questões relacionadas a seguros e questões legais relacionadas. Alguém sugeriu que a gente convidasse um cantor, fazendo alguns testes. Recebemos uma mensagem dizendo que Axl Rose poderia ajudar, se não interferisse em seus compromissos. Fizemos um ensaio e testamos, e ele se esforçou muito.”

Nem mesmo uma lesão no pé impediu Axl de honrar seus compromissos, pois ele se apresentou sentado em uma cadeira – não era a de Dave Grohl, vocalista e guitarrista do Foo Fighters que emprestou um verdadeiro trono para os shows do Guns N’ Roses.

O primeiro show

Em 7 de maio de 2016, rolou o primeiro show do AC/DC com Axl Rose, em Portugal, abrindo a etapa europeia da turnê.

Ainda em entrevista a Zane Lowe, Angus Young apontou que estava dando “tudo errado” naquele dia, mas a sorte da banda virou de repente.

“No primeiro show que fizemos, que acho que foi em Portugal, estávamos tendo um dia horrível e estava chovendo. Tudo estava dando errado. No último minuto antes do show, o céu clareou, a tempestade passou e subimos ao palco. Ele cantou sentado na cadeira, deu o melhor de si e superamos aquilo. Serei eternamente grato por ele ter nos ajudado com aqueles shows.”

Já naquela apresentação, deu para perceber algumas mudanças no repertório, com a entrada duas músicas da fase Bon Scott, vocalista que gravou os primeiros álbuns do AC/DC. São elas: “Rock ‘n’ Roll Damnation” (que não era tocada ao vivo desde 2003) e “Riff Raff” (ignorada nos palcos desde 1979).

AC/DC mudou com Axl Rose

Como grande fã de AC/DC, Axl Rose não deixaria passar a oportunidade de tocar algumas de suas músicas favoritas com a banda que tanto gosta. Ele é um fã declarado da “era Bon Scott”, então, sugeriu algumas canções que não vinham sendo tocadas com Brian Johnson.

À Rolling Stone, Angus confirmou que Axl era o responsável por indicar as músicas:

“Ele sempre me lembrava das músicas. Na época, eu dizia: ‘sim, acho que tocamos essa daí em algum lugar’. O problema era que ele geralmente dizia isso no dia do show. Ele perguntava: ‘podemos tocar essa?’. E eu falava: ‘oh, tudo bem, vou tentar’. Tive sorte de dar certo. Tenho um técnico de guitarra que tocava em uma banda cover. Eu falava: ‘me diga o primeiro acorde e então eu pego o restante’. Era divertido. Isso também estava nos mantendo atentos.”

Além de “Rock ‘n’ Roll Damnation” e “Riff Raff”, os shows passaram a trazer músicas como “Live Wire”, “If You Want Blood (You’ve Got It)”, “Touch Too Much” e “Dog Eat Dog”. Todas elas gravadas originalmente com Bon Scott.

Vale destacar que as faixas não entraram todas de uma vez. Para não comprometer a divulgação do álbum “Rock or Bust”, excluir grandes hits ou atrapalhar a mecânica de ensaios prévios do grupo, essas canções foram integradas ao repertório gradativamente e não eram todas tocadas em um mesmo show.

Outra mudança que rolou com Axl nos vocais foi a duração dos shows. Conforme levantamento feito pelo Ultimate Classic Rock, o Axl/DC passou a fazer apresentações mais longas, com repertório de 24 músicas que percorriam, em média, 2h30min. Com Brian, eram sempre 20 faixas, chegando à marca de 2h10.

Compare, a seguir, os repertórios da turnê “Rock or Bust” com Brian Johnson e com Axl Rose.

Brian Johnson (geral):

  1. “Rock or Bust”
  2. “Shoot to Thrill”
  3. “Hell Ain’t a Bad Place to Be”
  4. “Back in Black”
  5. “Play Ball” (até dezembro de 2015) / “Got Some Rock & Roll Thunder” (a partir de fevereiro de 2016)
  6. “Dirty Deeds Done Dirt Cheap”
  7. “Thunderstruck”
  8. “High Voltage”
  9. “Rock ‘n’ Roll Train”
  10. “Hells Bells”
  11. “Baptism by Fire” (até dezembro de 2015) / “Given the Dog a Bone” (a partir de fevereiro de 2016)
  12. “Sin City”
  13. “You Shook Me All Night Long”
  14. “Shot Down in Flames”
  15. “Have a Drink on Me”
  16. “T.N.T.”
  17. “Whole Lotta Rosie”
  18. “Let There Be Rock”
  19. “Highway to Hell”
  20. “For Those About to Rock (We Salute You)”

Axl Rose (show do dia 6 de setembro):

  1. “Rock or Bust”
  2. “Shoot to Thrill”
  3. “Hell Ain’t a Bad Place to Be”
  4. “Back in Black”
  5. “Got Some Rock & Roll Thunder”
  6. “Dirty Deeds Done Dirt Cheap”
  7. “Rock and Roll Damnation” (música nova)
  8. “Thunderstruck”
  9. “High Voltage”
  10. “Rock ‘n’ Roll Train”
  11. “Hells Bells”
  12. “Given the Dog a Bone”
  13. “If You Want Blood (You’ve Got It)” (música nova)
  14. “Live Wire” (música nova)
  15. “Sin City”
  16. “You Shook Me All Night Long”
  17. “Shot Down in Flames”
  18. “Have a Drink on Me”
  19. “T.N.T.”
  20. “Whole Lotta Rosie”
  21. “Let There Be Rock”
  22. “Highway to Hell”
  23. “Riff Raff” (música nova)
  24. “For Those About to Rock (We Salute You)”

O retorno de Brian Johnson

A surdez de Brian Johnson acabou revertida, o que garantiu seu retorno ao AC/DC. O vocalista gravou o álbum mais recente da banda, “Power Up“, que também marcou o retorno de Phil Rudd.

Em entrevista à Rolling Stone, Johnson falou um pouco sobre o método que o fez recuperar sua audição:

“Um expert em audição trouxe uma coisa que parecia uma bateria de carro. Falou que iriam transformar aquilo em miniatura. Levou dois anos e meio. Ele vinha todo mês. Era chato demais ficar com aqueles fios, telas de computador, barulhos. Mas valeu a pena. Ele usou a estrutura óssea do crânio como receptor de som. É tudo o que posso te dizer.”

À Total Guitar, Angus Young confidenciou que nunca pensou em seguir com Axl Rose no AC/DC. O motivo? Ele já tem bastante trabalho com o Guns N’ Roses.

“Essa ideia nunca surgiu. Axl foi muito generoso e nos ajudou a terminar a turnê em uma posição difícil. Ele entrou em contato e disse que poderia ajudar se não interferisse nos compromissos dele. Ele quis aparecer para tentar algumas músicas que ele curtia. Sugeriu músicas que eu não tocava há um bom tempo. Sou muito grato por ele ter se oferecido e nos ajudado, mas ele tinha sua própria vida.”

Retorno aos palcos

No último dia 7 de outubro, o AC/DC fez seu primeiro show em 7 anos. Brian Johnson, Angus Young, Stevie Young e Cliff Wiliams subiram ao palco com Matt Laug, que substitui Phil Rudd por razões não especificadas.

A apresentação concluiu o segundo dos três dias de Power Trip, festival em Indio, na Califórnia. O Judas Priest abriu a noite, aproveitando a ocasião para anunciar um novo álbum: “Invincible Shield”, que será lançado em 8 de março de 2024. Eles substituíram Ozzy Osbourne, impedido de se apresentar por problemas de saúde. Iron Maiden, Guns N’ Roses, Metallica e Tool tocaram nas outras datas.

Confira abaixo o setlist do AC/DC (via Setlist.fm) e vídeos (via Blabbermouth):

  1. If You Want Blood (You’ve Got It) (primeira vez como abertura)
  2. Back In Black
  3. Demon Fire (estreia ao vivo)
  4. Shot Down In Flames
  5. Thunderstruck
  6. Have A Drink On Me
  7. Hells Bells
  8. Shot In The Dark (estreia ao vivo)
  9. Stiff Upper Lip (primeira vez desde 2003)
  10. Dirty Deeds Done Dirt Cheap
  11. Shoot To Thrill
  12. Sin City
  13. Givin The Dog A Bone
  14. Rock ‘N’ Roll Train
  15. You Shook Me All Night Long
  16. Dog Eat Dog (primeira performance com Brian Johnson desde 2009)
  17. High Voltage
    18 Hell Ain’t A Bad Place To Be
  18. Riff Raff (primeira performance com Brian Johnson desde 1996)
  19. Highway To Hell
  20. Whole Lotta Rosie
  21. Let There Be Rock

Bis:

  1. T.N.T.
  2. For Those About To Rock (We Salute You)

Nova turnê

Em divulgação ao álbum “Power Up” (2020), o AC/DC irá se apresentar na Europa ao longo do verão no hemisfério norte (inverno por aqui).

Duas alterações foram promovidas em relação ao grupo que registrou o disco de 2020. O baterista Matt Laug (ex-Alanis Morissette), que já havia se apresentado no festival Power Trip, em outubro último, ocupa a vaga deixada por Phil Rudd. No baixo estará Chris Chaney (ex-Jane’s Addiction), substituindo Cliff Williams, aposentado das turnês.

Alemanha, Itália, Espanha, Holanda, Áustria, Suíça, Inglaterra, Eslováquia, Bélgica, França e Irlanda recebem o quinteto completo por Brian Johnson (voz), Angus Young (guitarra solo) e Stevie Young (guitarra rítmica). Ingressos começam a ser vendidos na próxima sexta-feira (16).

Serão ao todo 21 apresentações no continente europeu. A primeira está marcada para 17 de maio, em Gelsenkirchen, na Alemanha. A última acontece em Dublin, na Irlanda, no dia 17 de agosto. O itinerário completo pode ser conferido abaixo. Mais informações no site acdc.com/tour.

  • 17 de maio – Gelsenkirchen, Alemanha, Veltins Arena
  • 21 de maio – Gelsenkirchen, Alemanha, Veltins Arena
  • 25 de maio – Reggio Emilia, Itália, RCF Arena
  • 29 de maio – Sevilha, Espanha, Estádio La Cartuja
  • 05 de junho – Amsterdã, Holanda, Johan Cruyff Arena
  • 09 de junho – Munique, Alemanha, Estádio Olímpico
  • 12 de junho – Munique, Alemanha, Estádio Olímpico
  • 16 de junho – Dresden, Alemanha, Messe
  • 23 de junho – Viena, Áustria, Estádio Ernst Happel
  • 26 de junho – Viena, Áustria, Estádio Ernst Happel
  • 29 de junho – Zurique, Suíça, Estádio Letzigrund
  • 03 de julho – Londres, Inglaterra, Estádio de Wembley
  • 07 de julho – Londres, Inglaterra, Estádio de Wembley
  • 13 de julho – Hockenheim, Alemanha, Ring
  • 17 de julho – Stuttgart, Alemanha, Wasen
  • 21 de julho – Bratislava, Eslováquia, Old Airport
  • 27 de julho – Nuremberg, Alemanha, Zeppelinfeld
  • 31 de julho – Hannover, Alemanha, Messe
  • 09 de agosto – Dessel, Bélgica, Festivalpark Stenehei
  • 13 de agosto – Paris, França, Hipódromo Paris Longchamp
  • 17 de agosto – Dublin, Irlanda, Croke Park

AC/DC no Brasil?

Há rumores de que a banda irá se apresentar no Brasil em setembro. De acordo com o jornalista Lauro Jardim (O Globo), seriam quatro datas: duas no festival Rock in Rio e duas no estádio do Morumbi, em São Paulo. Tais compromissos não foram anunciados oficialmente.

O grupo tem história com o festival no Rio de Janeiro, pois foi atração da primeira edição, em 1985. A próxima realização do evento celebra justamente seus 40 anos.

Ao todo, o AC/DC veio ao Brasil em apenas três ocasiões. A primeira, conforme já citado, se deu no Rock in Rio 1985. A segunda ocorreu como parte da turnê “Ballbreaker”, se deu em outubro de 1996 com apresentações em São Paulo e Curitiba. Já a terceira foi em meio à tour “Black Ice”, em data única, na capital paulista, em novembro de 2009.

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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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