Kanye West causou surpresa recentemente ao aparecer em uma foto com uma camiseta do Burzum, projeto black metal de Varg Vikernes, músico conhecido por ter assassinado o guitarrista Euronymous (Mayhem) e pelos posicionamentos preconceituosos. O rapper também fez referência à banda na capa de seu novo trabalho, “Vultures”, parceria com Ty Dolla $ign.
Muitos internautas passaram a se perguntar a respeito da opinião do músico norueguês, cujo canal no YouTube teria sido bloqueado há alguns anos por propagar conteúdo supremacista branco. Eis que o próprio se manifestou por meio do X/Twitter.
Enquanto divulgava seu livro, ele elogiou o rapper, ao contrário do que muitos poderiam pensar.
“Para todos aqueles que querem que eu fale mal de Kayne (sic) West: não, ele não está ‘roubando’ ou ‘plagiando’ nada do que eu faço. Como escrevi no meu livro sobre black metal (veja a imagem), é perfeitamente normal, natural e bom ser inspirado e pegar ideias de outros ‘artistas’.
E francamente, eu acho que é um ato de coragem usar uma camiseta do Burzum em público, como ele fez. Você se arrisca a enfrentar a fúria (incluindo o boicote) de uma indústria musical inteira, completamente sob controle de… ‘um certo grupo’. Então abraços para ele por isso.
Quantos artistas ‘brancos’ estão por aí usando camisetas do Burzum em público? Isso te faz pensar… mas para aqueles que estão usando: abraços para vocês também. Fico grato por isso.”
Sobre Varg Vikernes
Após ter cumprido 16 dos 21 anos de prisão pelos quais foi condenado pelo assassinato de Øystein Aarseth (vulgo Euronymous) e incêndio de igrejas na Noruega, Varg Vikernes seguiu se manifestando nas mídias, pregando guerras raciais e nacionalismo extremo, com posturas anti-imigração.
Em 2014, chegou a ser condenado a seis meses de liberdade condicional e pagamento de multa de 8 mil euros por incitar ódio racial contra judeus e muçulmanos em seu blog, Thulean Perspective. Cinco anos depois, teve o seu canal no YouTube removido, no mesmo período em que a plataforma anunciou que intensificaria a retirada de “vídeos que alegam que um grupo é superior para justificar discriminação, segregação ou exclusão”.
Kanye West, Burzum, nazismo e antissemitismo
As ocasiões citadas anteriormente não foram as únicas em que Kanye West faz referência ao Burzum. Em 2016, ele participou de uma música de Gucci Mane, “P*ssy Print”, que traz um sample de “Rundgang Um Die Transzendentale Säule Der Singularität”, faixa lançada pelo projeto de Varg Vikernes em 1996.
West gerou controvérsia nos últimos anos por posicionamentos considerados antissemitas. No fim de 2022, o rapper foi banido de redes sociais por acusar o colega de profissão Diddy de ser manipulado por judeus (após ser criticado por usar uma camiseta com os escritos “White Lives Matter”) e dizer que iria adotar “death con 3 em relação aos judeus”, uma referência ao termo Defcon (estado de alerta usado pelas Forças Armadas americanas). Também disse “amar” nazistas e Adolf Hitler em uma transmissão ao vivo no site InfoWars.com.
No fim de 2023, voltou a ganhar manchetes por fazer um discurso contra judeus. Além de se comparar a Hitler e a Jesus Cristo, ele disse:
“Eu ainda mantenho alguns judeus perto de mim. Como empresários? Não. Só deixo fazerem minhas joias. […] Eu estava lidando com um advogado de divórcio e expliquei para ele qual era o meu problema. E a resposta dele foi: ‘se você continuar com essa retórica antissemita, você não vai poder ver seus filhos’. Eu não poderia ter uma opinião, ou não poderia ver meus filhos. Vocês sabem com quem estão mexendo? Eu sou um intermediário de Deus.”
Na música “Vultures”, de Ty Dolla $ign em parceria com Kanye e Bump J, o rapper canta em um trecho: “Como posso ser antissemita? Eu acabei de transar com uma p*ta judia”.
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