*Texto de Pedro Cindio e fotos de Iana Domingos em cobertura para o site IgorMiranda.com.br.
O início da passagem de Slash pelo Brasil, em meio a uma turnê pela América Latina, não poderia ter sido melhor. Belo Horizonte recebeu o guitarrista, ao lado de Myles Kennedy & the Conspirators, com casa cheia, em plena segunda-feira (29).
Antes mesmo dos portões abrirem, uma onda de camisas pretas já tomava conta da região da Savassi, onde fica o Arena Hall. Bares, shopping e a famosa pastelaria próxima à casa de eventos já estavam cheios de gente para o “esquenta”. Não à toa, BH é conhecida como a capital dos botecos. Aqui é cultural o encontro pré-show.
Os portões, previstos para abrir às 19h, foram abertos pouco antes, às 18h50. Uma grande fila já se formava no setor da arquibancada e havia bastante gente trabalhando para orientar e organizar a entrada dos fãs do guitarrista.
Velvet Chains
Para a abertura desta turnê nacional, o Velvet Chains, grupo formado em Las Vegas (EUA) com músicos também do Brasil, Argentina e Chile, ficou encarregado de mostrar seu show enérgico e empolgante. A banda composta por Ro Viper (voz), Nils Goldschmidt (baixo), Johnny Mayo (guitarra), James Von Boldt (guitarra) e Jason Hope (bateria) entrou ao palco às 19h55, sem qualquer introdução.
Mesmo o público que ainda entrava na casa se surpreendeu com o carisma de Viper. Com três toques no chimbal, a banda iniciou com “Wasted” e emendou direto com “Back On the Train”. Neste momento o som da casa estava estranho, pois a caixa da bateria estava com nítido atraso — o que deixou as músicas confusas de início —, mas o problema foi resolvido posteriormente.
Ro Viper anunciou em português “Enemy”, canção inédita do grupo. Resultado de ter o brasileiro Lahi Cassiano como um de seus integrantes, embora este e Burton Car, guitarristas, tenham sido substituídos na tour por Mayo e Von Boldt. Mais ao fim, emendaram uma sequência com o cover “Suspicious Minds” (Elvis Presley), o destaque “Last Drop” — cujo videoclipe foi gravado no festival Summer Breeze Brasil — e o encerramento com “Tattooed”, que empolgou com o público.
Mesmo curta, com 27 minutos de duração, a apresentação cumpriu seu papel de mostrar o grupo, também carismático e interativo com o público, como uma grande promessa no rock atual. Mostrou, ainda, que a banda precisa voltar urgentemente para um show completo.
Às vésperas de Slash subir ao palco, a expectativa tomava conta do local. O público era diverso em idade, com direito a várias crianças. O economista Luis Henrique levou o filho Nicos, de 10 anos, em seu primeiro show. A ansiedade era clara entre eles, que tiravam muitas fotos e com o garoto perguntando se iria demorar para iniciar o show. Luiz conta que não pôde levar o menino no último show do Guns N’ Roses em BH e prometeu que iriam ver juntos. Como ainda não tiveram a oportunidade, foi a visita de Slash na capital mineira que fez deste sonho um pouco realizado. Nicos toca guitarra e é muito fã de Slash. Ele conta que sabe tocar tanto músicas do GN’R quanto da carreira solo do artista e espera ouvir ao vivo “Anastasia” — que, claro, foi tocada por último.
Slash feat. Myles Kennedy & the Conspirators
Após um intervalo de aproximadamente meia hora — tempo suficiente para a casa encher —, começou o show que todos estavam esperando. A energia pulsante do público, misturada à simpatia da banda e à maestria de Slash na guitarra, criou uma atmosfera única e envolvente que ecoou por todo o Arena Hall.
Foi exatamente às 21h que o baterista Brent Fitz subiu ao palco e, logo em seguida, o guitarrista Slash. Neste momento, não se ouvia mais nada no palco: apenas o público. Logo em seguida, o vocalista Myles Kennedy (também integrante do Alter Bridge) entrou e mostrou como teria o público na mão durante toda a performance.
Com Todd Kerns (baixo e voz) e Frank Sidoris (guitarra) completando a formação, o show começa com “The River is Rising”, faixa do álbum mais recente, “4” (2022). Sem parar, o quinteto emenda “Driving Rain”, “Halo”, “Apocalyptic Love” e só após “Back from Cali” é que Kennedy fala com a plateia.
Isso é um ponto muito positivo. Sem enrolação, sem firulas, música atrás de música para delírio dos fãs. Nada de colocar o batera para solar por dez minutos, ou até mesmo Slash solando sozinho no palco. A atenção é para todos os integrantes, e a energia no palco contagia.
Após trocar de guitarra, deixando a clássica Les Paul para uma Flying V, o homem da cartola dá um breve “hello” ao público e inicia “C’est la Vie”, seguida por “Actions Speak Louder Than Words”, que chegou a ser cantada pela plateia. Logo depois, é a vez de Kerns assumir o vocal, quando a banda toca “Always on the Run”, cover de Lenny Kravitz que originalmente traz participação do músico do Guns. Sonzera que deixa o público atordoado. O baixista fica a cargo do microfone principal com muita competência e leveza neste momento.
O retorno de Myles Kennedy ocorre em “Bent to Fly”, seguida por “Sugar Cane” e “Spirit Love”, músicas que não contaram com a participação do público, deixando esfriar uma apresentação até então bem enérgica. Isso durou pouco, principalmente com a sequência “Speed Parade” (resgate do Slash’s Snakepit) e “We Will Roam” (do primeiro disco com Myles e os Conspirators, “Apocalyptic Love”, de 2012).
O destaque da noite foi o lado B do Guns N’ Roses que Slash incluiu em seus shows para esta turnê. “Don’t Damn Me” nunca havia sido tocada pela banda liderada por Axl Rose. Em recente entrevista, Slash havia dito que era uma música complicada para cantar, pois eram muitas palavras seguidas e era muito complicado para o vocalista manter o fôlego. Não para ToddKerns, que interpretou a única faixa do Guns da noite com excelência do início ao fim.
Mesmo com uma banda poderosa, todos estavam ali para, principalmente, ver o guitarrista. E foi em “Wicked Stone” que ele estendeu seus solos, fazendo improvisos e andando de um lado a outro no palco. Demorou mais de uma hora para que o músico fosse ao lado esquerdo do palco — e quem esteve lá pôde ver um solo cativante, melódico, com as influências do blues que só ele consegue transportar ao hard rock.
Em “Starlight”, não à toa, o público acendeu as lanternas dos celulares, deixando o ambiente muito iluminado, parecendo até ser efeito do palco. Kennedy, visivelmente surpreso, soltou um “beautiful” (“belo”) no meio da música ao comentar com Frank Sidoris sobre o público. Todd Kerns assume novamente os vocais para cantar “Doctor Alibi”, música originalmente gravada com Lemmy Kilmister (Motörhead) e preservando bastante peso ao vivo, com direito à primeira roda da noite na plateia.
O encerramento do set regular se deu com “You’re a Lie” e “World on Fire”, com o quinteto deixando o palco logo em seguida. Após a equipe montar o teclado e a slide guitar no palco, o grupo retorna para o cover de “Rocket Man”, de Elton John, cantado por todos. Uma versão bem cativante que funcionou muito bem.
Para finalizar, a já clássica “Anastasia”, mais uma a ser entoada pela plateia em uníssono — das primeiras notas aos solos. O público veio ao delírio, mostrando que é a canção perfeita para finalizar o espetáculo.
O show de Slash em Belo Horizonte foi mais do que uma simples exibição musical; foi uma jornada emocional repleta de paixão — a ponto de transcender gerações —, energia e maestria técnica. A turnê pelo Brasil continua com apresentações em São Paulo (31/01), Rio de Janeiro (01/02) e Porto Alegre (04/02), todos eles com cobertura pelo site IgorMiranda.com.br. Ingressos podem ser adquiridos via Eventim.
*Mais fotos ao fim da página.
Slash feat. Myles Kennedy & the Conspirators — ao vivo em Belo Horizonte
- Local: Arena Hall
- Data: 29 de janeiro de 2024
- Turnê: The River is Rising
Repertório – Velvet Chains:
- Wasted
- Back On the Train
- Enemy
- Eyes Closed
- Stuck Against the Wall
- Suspicious Minds (Elvis Presley)
- Last Drop
- Tattooed
Repertório – Slash feat. Myles Kennedy & the Conspirators:
- The River Is Rising
- Driving Rain
- Halo
- Apocalyptic Love
- Back From Cali
- Whatever Gets You By
- C’est La Vie
- Actions Speak Louder Than Words
- Always on the Run (Lenny Kravitz, Todd Kerns no vocal)
- Bent to Fly
- Sugar Cane
- Spirit Love
- Speed Parade (Slash’s Snakepit)
- We Will Roam
- Don’t Damn Me (Guns N’ Roses, Todd Kerns no vocal)
- Starlight
- Wicked Stone
- April Fool
- Fill My World
- Doctor Alibi (Todd Kerns no vocal)
- You’re a Lie
- World on Fire
Bis:
- Rocket Man (Elton John)
- Anastasia
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