10 gravações de Jimmy Page antes do Led Zeppelin

Jornada musical do guitarrista teve início quando ele se tornou um dos músicos de estúdio mais requisitados na Inglaterra dos anos 1960

Guitarrista, compositor, produtor e principal força criativa do Led Zeppelin, Jimmy Page nasceu James Patrick Page em 9 de janeiro de 1944 no bairro londrino de Hounslow.

Aos 10 anos, mudou-se com os pais, James e Patricia, para o tranquilo subúrbio de Epsom, em Surrey. Ao chegar lá, deparou-se com um violão na nova casa, porém, esse instrumento permaneceu intocado até Jimmy completar 13 anos, idade em que aprendeu a afiná-lo e a dedilhar os primeiros acordes.

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Autodidata, começou a tirar de ouvido as músicas do britânico Lonnie Donegan e dos americanos Elvis Presley, Eddie Cochran e Gene Vincent. Em 1958, aos 14 anos, fez sua estreia na TV no show de talentos “All Your Own” da BBC, tocando duas canções.

Pouco tempo depois, adquiriu sua primeira guitarra e continuou a aprimorar suas habilidades até ser recrutado para o Red E. Lewis and the Red Caps, posteriormente rebatizado como Neil Christian and the Crusaders. Com essa banda, percorreu o circuito de clubes inglês de ponta a ponta, tocando sucessos de Chuck Berry, Little Richard e o que quer que estivesse no top 20 do país.

Enquanto ainda estava nos Crusaders, Page foi convidado a participar de uma gravação com dois dos músicos mais respeitados do rock britânico: o baixista Jet Harris e o baterista Tony Meehan, do The Shadows. A canção era “Diamond”, uma instrumental composta por Jerry Lordan, que alcançou o primeiro lugar nas paradas no início de 1963.

Esse convite foi apenas o primeiro de muitos para sessões de gravação e marcou o início de uma carreira como guitarrista de estúdio. Inicialmente, Jimmy via essa oportunidade como uma forma excelente de ganhar dinheiro sem a necessidade de sair em turnê — uma percepção válida até receber a oferta irrecusável para se juntar aos Yardbirds.

A eclética lista a seguir destaca 10 gravações de Jimmy Page no período que antecedeu sua entrada no grupo que estabeleceu as bases do Led Zeppelin.

10 gravações de Jimmy Page antes do Led Zeppelin

1) Carter-Lewis & The Southerners – “Your Momma’s Out of Town” (gravada em 12 de junho de 1963)

A carreira de Page como guitarrista de estúdio começou no início de 1963. No entanto, só ganhou impulso no final daquele ano, quando ele foi convidado a tocar numa sessão com o cantor e compositor John Carter e seu grupo, Carter-Lewis & The Southerners.

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Escrita por Carter, “Your Momma’s Out of Town” conta com Jimmy na guitarra e teve um sucesso apenas moderado nas paradas.

2) The Rolling Stones – “Heart of Stone” (demo gravada em 21 de julho de 1964)

Antes de gravar a versão de “Heart of Stone” que aparece no álbum “The Rolling Stones Now!” (1965) nos estúdios da RCA em Los Angeles, os Rolling Stones gravaram uma primeira em casa com Jimmy Page na guitarra. Outrora disponível na coletânea “Metamorphosis” (1975), essa versão voltou a ver a luz do dia graças a Universal Music Japan na caixa de cinco discos “The Jimmy Page Collection”, de 2005.

Lançada como single nos Estados Unidos nos anos 1960, “Heart of Stone” foi o quarto hit dos Stones entre as 40 mais no país.

3) The Kinks – “The Kinks” (lançado em 2 de outubro de 1964)

Impressionado com o domínio que o jovem guitarrista tinha de rock e blues, o lendário produtor Shel Talmy pediu a Page para colaborar com o álbum de estreia do The Kinks, em 1964.

Embora não creditado, ele toca violão de 12 cordas em três das 14 faixas do disco: “I’m a Lover Not a Fighter”, “I’ve Been Driving on Bald Mountain” e “Bald Headed Woman” — esta última com o futuro Deep Purple Jon Lord no órgão.

4) Them – “Baby, Please Don’t Go” (gravada em 6 de novembro de 1964)

Responsável por revelar o cantor Van Morrison, o Them foi uma das muitas bandas de rock que regravaram o clássico blues de Big Joe Williams de 1935. Este foi seu primeiro single, que trazia a autoral “Gloria” — hoje a canção mais conhecida do grupo — no lado B. Baseada na versão de 1949 de John Lee Hooker, a música alcançou a 10ª posição no Reino Unido.

Embora não creditado, acredita-se que Page tenha tocado na faixa — pelo menos é o que afirmam os biógrafos George Case (“Jimmy Page: Magus, Musician, Man”, de 2007) e Brad Tolinski (“Light and Shade: Conversations with Jimmy Page”, de 2012).

5) The Who – “I Can’t Explain” (lançada em 19 de dezembro de 1964)

O primeiro single do The Who foi escrito pelo guitarrista Pete Townshend quando ele tinha 18 anos. Segundo o próprio, a letra “é sobre um cara que não consegue dizer para a namorada que a ama porque está doidão de anfetaminas”.

Mais uma vez, Shel Talmy foi responsável por trazer Page a bordo. Relembrando a sessão de gravação para a revista Uncut, o vocalista Roger Daltrey disse: “Quando chegamos para gravar, havia outro guitarrista chamado Jimmy Page no estúdio. Ficamos confusos no início, pensando: ‘O que diabos está acontecendo aqui?’ Mas esse era o jeito dele [Talmy] de trabalhar.” Jimmy pode ser ouvido tocando o riff principal da música ao fundo.

6) Shirley Bassey – “Goldfinger” (lançada em 1964)

O maior sucesso da carreira de Shirley Bassey foi o tema do filme “007 Contra Goldfinger”, estrelado por Sean Connery no papel do agente secreto James Bond e frequentemente apontado como o melhor de toda a cinquentenária franquia. Em uma entrevista à GQ em 2021, Page relembrou detalhes da sessão na qual tocou violão; incluindo um momento inusitado em que Bassey caiu dura bem na sua frente.

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“Eu estava na primeira fila dos músicos da orquestra e tive uma visão completa de como tudo aconteceu. Shirley cantou em apenas uma tomada. No final da música, ela segurou uma nota por muito tempo, ficou sem fôlego e com o rosto todo azul, e desmaiou.”

7) Tom Jones – “It’s Not Unusual” (gravada em 22 de janeiro de 1965)

Sim, a música da “dancinha do Carlton” da série de TV “Um Maluco no Pedaço”. O arranjador e maestro de música clássica Les Reed escreveu “It’s Not Unusual” para a cantora britânica Sandie Shaw, mas ela se recusou a gravá-la. Enxergando o potencial da música, Tom Jones a gravou e ela se tornou seu primeiro hit.

Acompanhando-o na gravação, muitos dos melhores músicos de estúdio britânicos da época, incluindo Page, o baterista Chris Slade (futuro membro do AC/DC) e o então desconhecido Reginald Dwight, que mais tarde adotou o nome artístico Elton John. Duas décadas depois, Jimmy e Chris formariam o supergrupo The Firm com o cantor Paul Rodgers (Free, Bad Company) e o baixista Tony Franklin.

8) Jimmy Page – “She Just Satisfies” (lançada em 26 de fevereiro de 1965)

Em 26 de fevereiro de 1965, o selo Fontana lançou o que foi, até 1988, o único single solo de Jimmy Page. Em “She Just Satisfies”, que apresenta a instrumental “Keep Moving” no lado B, o músico canta e toca todos os instrumentos, com exceção da bateria.

“Não há nada de bom a ser dito sobre aquela canção”, resumiu Page de forma displicente à revista Creem. “Meus vocais eram bastante… peculiares. É melhor deixar para lá”, completou.

9) The Manish Boys – “I Pity the Fool” (gravada em 5 de março de 1965)

O britânico The Manish Boys começou em 1962 como Band Seven. Após várias mudanças na formação, estabeleceram-se como um sexteto e trocaram o pop cover pelo R&B autoral. Isso resultou na adoção de um novo nome, inspirado na canção “Manish Boy”, de Muddy Waters.

Apesar de terem rodado de norte a sul do país, lançaram apenas um single, “I Pity the Fool”, que traz Jimmy Page na guitarra principal, com “Take My Tip”, composta pelo vocalista e saxofonista de 17 anos do grupo na época, Davie Jones — mais tarde conhecido como David Bowie —, no lado B.

10) Brian Jones – Trilha Sonora do filme “A Degree of Murder” (5 de setembro de 1966)

Na segunda metade dos anos 1960, Page passou a se envolver menos em gravações de pop e rock e mais em trabalhos comerciais e jingles. Contudo, em 1966, ele viveu uma de suas experiências mais empolgantes em estúdio ao colaborar com Brian Jones, dos Rolling Stones, na trilha sonora do filme alemão “Mord und Totschlag” (em português, “Grau de Assassinato”), dirigido por Volker Schlöndorff e estrelado por Anita Pallenberg, então namorada de Jones.

Na edição #1171 da Rolling Stone, o guitarrista falou a respeito:

“Brian sabia o que estava fazendo. Foi muito bacana. Parte [das músicas] foi improvisada na hora; parte consistiu em arranjos que fiz em parceria com ele. Me lembro de ter usado um arco de violino. Brian tinha um pedal de volume e conseguia simular sons de tiros com ele. Havia um Mellotron no estúdio. Era uma efervescência de ideias.”

Infelizmente, a trilha sonora em si nunca teve um lançamento oficial, o que é uma pena considerando o elenco estelar envolvido nas gravações — além de Brian e Jimmy, estão o pianista Nicky Hopkins, o baterista dos Small Faces Kenny Jones e o engenheiro de som Glyn Johns.

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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