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Babyface: quando Phil Lynott montou banda com Ritchie Blackmore e Ian Paice

Baterista cita falta de precisão do baixista como um dos motivos para o projeto não ter ido adiante

As histórias do Deep Purple e Thin Lizzy se entrelaçaram de várias formas durante os anos. A banda irlandesa chegou a participar de um projeto chamado Funky Junction, em 1972, que regravou músicas do grupo britânico – além de composições do empresário alemão Leo Muller. Além da formação da época (Phil Lynott no baixo, Eric Bell na guitarra e Brian Downey na bateria), completavam a formação o vocalista Benny White e o tecladista Dave Lennox.

Outra ligação está no fato de músicos como Ian Paice e Glenn Hughes terem tocado com Gary Moore e o supergrupo Phenomena, além dos vários cruzamentos de músicos no Whitesnake, que reuniu David Coverdale e Jon Lord a John Sykes, para ficar no momento mais reconhecido.

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Porém, a coisa não parou por aí. No já citado 1972, Paice e Ritchie Blackmore abordaram Lynott para a criação de um power-trio. O projeto já tinha até nome: Babyface.

Em entrevista à Classic Rock, o tour manager do Purple, Colin Hart, revelou que a ideia partiu do guitarrista, que havia adorado o álbum de estreia do Lizzy, lançado um ano antes – e praticamente ignorado pelo mundo.

“Ritchie adorava o estilo de Phil cantar. Dizia que lembrava o jovem Rod Stewart e Paul Rodgers.”

Ian Paice corrobora com as impressões.

“Vimos Phil Lynott com o Thin Lizzy no clube Speakeasy, em Londres, bem no início da carreira. Pensamos: ‘Uau, que voz fantástica’. Nem prestamos muita atenção ao seu baixo, porque ele era um grande vocalista. Então pensamos em tentar algo, eu, Ritchie e ele.”

Phil Lynott, Thin Lizzy e Babyface

Com o futuro de sua banda ainda incerto, Phil Lynott aceitou o convite. Uma sessão foi agendada no De Lane Lea Studios, em Londres, como lembra Hart.

“Eles fizeram alguns covers. Foi só uma jam curta, duas ou três músicas. Depois, cada um recolheu seu equipamento e foram para suas casas. Não fizeram nada original. Soou muito bem juntos, os três.”

Apesar da impressão do manager, o baterista revelou que o Babyface não seguiu em frente por pura incongruência musical.

“Nunca decolou, principalmente, porque Phil ainda não era um baixista bom o suficiente. Sua voz era impressionante, maravilhosa. Mas ele não conseguia tocar, pelo menos não no nível que precisávamos em uma formação do tipo. Quando há apenas três, todo mundo tem que ser muito bom no que faz. Era preciso alguém como Jack Bruce, do Cream.

E, Deus o abençoe, Phil ainda não estava nesse nível. Ele era bem simples, muitas vezes desafinado e fora de tempo. Com o tempo se muito, muito bom em tudo o que fazia. Mas, naquele ponto, ainda não era. Ritchie e eu nos entreolhamos e dissemos: ‘Não está funcionando’. Voltamos para a estrada com o Purple e a ideia meio que desapareceu na neblina.”

Os envolvidos juram que a sessão em Londres foi gravada, embora ninguém saiba onde está. O trio acabou apenas se encontrando casualmente nos anos seguintes.

Reunião?

Após as saídas de Ian Gillan e Roger Glover do Deep Purple, a imprensa especulou uma reunião do Babyface, desta vez contando com Paul Rodgers – que chegou a ser convidado para o posto que acabou sendo de David Coverdale – nos vocais.

Com a banda já maior, os empresários do Thin Lizzy chegaram a emitir uma nota declarando que não havia qualquer possibilidade, já que a banda era prioridade de Phil Lynott. Logo a seguir, viria o álbum Jailbreak, que os elevaria de vez ao panteão histórico do rock and roll.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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