O grande problema do AC/DC em “For Those About to Rock”, segundo Malcolm Young

Saudoso guitarrista enfatizou que excesso de trabalho no álbum acabou comprometendo o resultado

Para onde você vai após lançar um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos? O AC/DC precisou buscar a resposta por conta própria após “Back in Black” (1980), que atualmente já ultrapassou os 50 milhões de unidades comercializadas.

A primeira tentativa aconteceu no ano seguinte com “For Those About to Rock”. Segundo com o vocalista Brian Johnson, marcou o encerramento da parceria entre a banda e o produtor John “Mutt” Lange. Foi o primeiro do grupo a alcançar o topo da parada norte-americana. Vendeu mais de 8 milhões de cópias em todo o mundo.

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Em entrevista de 1992 à revista Classic Rock, o guitarrista e compositor Malcolm Young relembrou o período. E reconheceu que a pressão deixou todos meio deslocados da realidade.

“Cristo! Levamos uma eternidade para fazer esse disco, e isso se refletiu no som. É cheio de pedaços e não flui corretamente como um álbum do AC/DC deveria. Há alguns riffs bons lá, mas só há uma música que gostamos, a faixa-título. Quando a escrevemos, queríamos outra grande música para tocar ao vivo, como ‘Let There Be Rock’. ‘For Those About To Rock’ resistiu ao teste do tempo e se tornou nossa canção de encerramento dos shows. Mas quando terminamos as gravações, demorou tanto que não acho que ninguém, nem a banda nem o produtor, poderia dizer se soava certo ou errado. Todo mundo estava farto do disco como um todo.”

Dois anos mais tarde, o quinteto resolveu simplificar tudo em “Flick of the Switch” (1983). Foi a primeira vez que os próprios membros assinaram a produção. O objetivo era resgatar a sonoridade mais crua dos primórdios, após a pomposidade dos trabalhos com Mutt Lange.

Malcolm reconhece que o objetivo foi alcançado, a despeito do que se possa pensar sobre a qualidade do produto final.

“Fizemos o disco tão rapidamente e acho que foi uma reação a ‘For Those About To Rock’. Nós apenas pensamos: ‘Dane-se! Já estamos fartos dessa porcaria!’ Ninguém estava com vontade de passar mais um ano gravando, então decidimos produzir nós mesmos e ter certeza de que estava o mais cru possível. Usamos até um desenho muito simples em preto e branco na capa. Estava apenas escrito a lápis ali. Tudo sobre ‘Flick Of The Switch’ era muito básico. A faixa-título é a música que ainda está na minha mente e funcionou muito bem ao vivo.”

AC/DC e “Flick of the Switch”

“Flick of the Switch” vendeu um milhão de cópias nos Estados Unidos – marca bem inferior aos seus antecessores. Foi o último da primeira passagem do baterista Phil Rudd. Já com Simon Wright no comando das baquetas, o AC/DC veio pela primeira vez ao Brasil no encerramento da turnê, tocando na edição inaugural do Rock in Rio.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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