Lançado em 27 de julho de 1979, “Highway to Hell” foi o responsável pela consagração definitiva do AC/DC. A ascendente banda australiana se consolidou de vez com o disco que iniciou a parceria com o produtor John “Mutt” Lange e vendeu mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo.
Refletindo sobre o disco em entrevista de 1992 à revista Classic Rock, Malcolm Young reconheceu que a banda aceitou “jogar o jogo” em busca do sucesso.
O saudoso guitarrista e compositor confessou:
“Essa foi uma mudança definitiva para o AC/DC. A Atlantic Records na América estava descontente porque não conseguia colocar a banda no rádio e estava desesperada para que criássemos algo mais acessível. Tínhamos nosso próprio caminho para alguns álbuns, então pensamos: vamos dar a eles o que eles querem e deixar todos felizes.”
Para tal, a busca por um produtor com experiência no lado mais pop do rock acabou sendo o diferencial.
“Naquela época, Mutt Lange ainda era um desconhecido – acho que ele tinha acabado de produzir o Boomtown Rats antes de vir até nós. Parecia conhecer o assunto, cuidava do lado comercial enquanto nós cuidamos dos riffs. De alguma forma conseguimos achar um meio termo sem parecer que havíamos nos comprometido. Na verdade, não havia como recuarmos em nada. Éramos uma banda muito difícil para qualquer produtor. ‘Touch Too Much’ foi um sucesso, mas a única música que realmente se destacou de todo o resto foi a faixa-título.”
AC/DC, “Highway to Hell” e religião
O nome do trabalho e sua capa, com Angus Young ostentando sua forma diabólica, foram um prato cheio para conservadores e fundamentalistas religiosos. Ainda assim, valeu a pena tendo em vista o objetivo de chamar atenção.
“Se certas pessoas tivessem conseguido o que queriam, o disco não teria se chamado ‘Highway To Hell’. O cinturão bíblico era muito forte na América na época. Eles fizeram um estardalhaço quando o álbum foi lançado. Mas mesmo estando sob pressão, mantivemo-nos firmes.”
A única lamentação, no fim das contas, foi que um colega não teve tempo de aproveitar o sucesso da forma que merecia.
“Depois de ‘Highway To Hell’, alguns críticos começaram a perceber que Bon Scott tinha talento. Quando ele morreu, todos começaram a dizer que ele era um grande artista. E esses eram os mesmos caras que dois anos antes falvam que nos sairíamos muito melhor com um cantor que não gritasse o tempo todo, que deveríamos abandonar Bon e contratar alguém como David Coverdale! O que mais me magoou foi que ele nunca recebeu o reconhecimento que lhe era devido quando estava vivo.”
Sobre Bon Scott
Nascido em Forfar, cidade no condado de Angus, Escócia, Ronald Belford Scott se mudou para a Austrália com a família ainda na infância. Começou a carreira profissional de músico como baterista e vocalista do The Spektors. Logo a seguir se juntou ao Valentines, com quem obteve os primeiros hits em território nacional. Na virada dos anos 1970 passou a integrar o Fraternity, banda de rock progressivo com quem chegou a fazer turnês pela Europa.
Juntou-se ao AC/DC no final de 1974, gravando os seis primeiros discos de estúdio e participando da ascensão mundial do grupo. Morreu no dia 19 de fevereiro de 1980. A causa oficial foi asfixia por aspiração pulmonar de vômito, embora vários detalhes de como isso ocorreu sejam controversos até hoje.
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