O guitarrista Pete Townshend nunca escondeu que o objetivo inicial do The Who era atingir o público masculino. Por mais que o machismo do estilo tenha sido polêmica desde o começo, o caminho foi seguido por vários outros. Incluindo o Led Zeppelin.
Em entrevista ao Broken Record Podcast, transcrita pelo Ultimate Guitar, o músico e principal compositor confessou que deseja evitar o caminho de ser “apenas mais uma boy band bonita pela qual as garotas enlouqueceriam”.
“Só me lembro de dizer ‘Vamos tocar para o público masculino. Vou escrever músicas que sejam sobre meninos, sexualidade, frustrações com a vida…’ Porque, quando um menino se apega a um time de futebol ele realmente vira um torcedor para o resto da vida. E funcionou para nós.”
E o “craque” desse time, o modelo principal, tinha que ser o vocalista. Tática que valeu para quem veio depois, além de ter guiado as mudanças dentro do próprio grupo.
“Nós passamos a atrair um público um pouco mais normal na época do filme ‘Tommy’, quando Roger Daltrey se tornou uma figura muito mais glamorosa. Até os Rolling Stones fizeram o mesmo. Robert Plant se baseou muito na atuação de Roger no filme de Woodstock. Foi o ponto em que ele deixou de ter cabelo curto adquiriu uma função na banda que ia além de apenas cantar as músicas para um papel centralizador realmente importante. De repente, tínhamos um deus do rock no palco. E o Led Zeppelin fez o mesmo.”
Pete Townshend e Led Zeppelin
Em outras entrevistas, Pete Townshend deu a entender que o Led Zeppelin imitou muito do que era feito pelo The Who. Ao Toronto Sun, em 2019, ele disse que sua banda havia criado o heavy metal — e que o grupo de Jimmy Page copiou.
“O álbum mais recente do The Who, ‘Who’, não soa como o The Who daqueles anos iniciais do heavy metal. Nós meio que inventamos o heavy metal em nosso primeiro álbum ao vivo, ‘Live At Leeds’. Fomos copiados por tantas bandas, principalmente o Led Zeppelin – peso na bateria, no baixo, na guitarra. Algumas daquelas bandas, como o Jimi Hendrix Experience, fizeram melhor do que nós mesmos.”
Outro nome citado como “excessivamente influenciado” pelo The Who foi o Cream.
“Com Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker, o Cream surgiu em 1967, mesmo ano que Jimi Hendrix, e meio que roubaram nosso bastão. As pessoas que querem ouvir aquela sonoridade heavy metal antiga podem conferir várias bandas. Não é o que oferecemos hoje. Mesmo que quiséssemos. Nunca esteve no topo de minha lista de desejos.”
Sobre o The Who
Com seis décadas de carreira e mais de 100 milhões de discos vendidos em todo o planeta, o The Who segue na ativa tendo apenas Pete e Roger da formação clássica.
Lançado no início do ano, o álbum “The Who with Orchestra Live at Wembley” chegou ao topo da Billboard Classical Charts. Como o nome deixa claro, se trata de uma parada voltada a discos que se encaixam no contexto da música clássica – o que a simples presença da orquestra já torna o play qualificado a disputar.
O resultado é histórico por marcar a primeira vez, em 59 anos de carreira que a banda inglesa chega ao topo de um chart nos Estados Unidos. Até então, os melhores resultados haviam sido o 2º lugar de “Quadrophenia” em 1973, “Who Are You” em 1978 e “Who” em 2019, todos obtidos na Billboard 200, principal ranking da indústria americana.
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