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A crítica de Bruce Dickinson a “Seventh Son of a Seventh Son”, do Iron Maiden

Vocalista entende que “Operation: Mindcrime”, do Queensrÿche, foi ainda melhor na proposta conceitual

Bruce Dickinson não estava feliz durante o auge do Iron Maiden. A estressante turnê do álbum “Powerslave” (1984) levou a banda a quase todos os cantos do mundo, incluindo sua primeira visita a terras brasileiras. Porém, o excesso de trabalho acabou esgotando o vocalista de tal forma que ele chegou até mesmo a pensar em sair.

O disco de estúdio seguinte, “Somewhere in Time” (1986), trouxe os efeitos do desgaste. O cantor não colaborou com uma composição sequer, após suas ideias terem sido rejeitadas por não soarem como o que os colegas buscavam. Foi só na sequência, com “Seventh Son of a Seventh Son” (1988), que as coisas voltaram aos eixos.

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Em entrevista de 1998, resgatada pelo BraveWords.com – site da extinta revista canadense Brave Words & Bloody Knuckles –, o frontman refletiu sobre a importância do trabalho em sua retomada profissional.

“‘Seventh Son of a Seventh Son’ realmente revitalizou meu entusiasmo. Adorei a ideia de fazer um álbum conceitual. Foi uma ótima proposta. Provavelmente fui responsável em grande parte pela capa, junto com Derek (Riggs, desenhista que colaborou com a banda em sua primeira década). A ideia era fazer um Eddie surrealista. Ele veio com isso, o que me deixou muito satisfeito.”

Mesmo assim, Bruce não ficou totalmente satisfeito com o produto final. Especialmente porque outra banda lançou um disco no formato que ele considerou melhor.

“A única coisa que achei estranho é que levamos o álbum até um certo ponto e depois ele nunca mais foi desenvolvido. E no mesmo ano, enquanto estávamos no meio da mixagem ou algo assim, ouvi algumas faixas avançadas de ‘Operation: Mindcrime’, do Queensryche. Fiquei impressionado. Estava dirigindo por uma rua através de um parque na Alemanha, ouvi essas quatro músicas, parei o carro e sentei lá com a cabeça entre as mãos. Eles tinham feito o álbum que deveríamos e poderíamos ter feito se ao menos tivéssemos forçado, se ao menos tivéssemos pensado bem, sentado, planejado e discutido.

Você simplesmente não faz um álbum conceitual como esse em cinco minutos. Não é apenas colar algumas coisas e dizer ‘ok, esse é um álbum conceitual.’ Esse foi o meu sentimento. Fiquei orgulhoso, mas sempre tive esse pensamento de que artisticamente ficamos em segundo lugar. Em termos de revisão, nós também estávamos. Em termos da forma como o mundo percebe tudo, ‘Mindcrime’ foi um álbum inovador, ‘Seventh Son…’ não foi bem assim. Para os fãs do Maiden era, mas havia esse sentimento de que existia o mundo da banda e existia o resto do mundo.”

Iron Maiden e “Seventh Son of a Seventh Son”

Lançado em 11 de abril de 1988, “Seventh Son of a Seventh Son” foi o primeiro álbum em que o Iron Maiden se valeu dos teclados de forma massiva, incorporando elementos que seriam usados posteriormente em sua sonoridade.

Também foi pioneiro na discografia do grupo ao incorporar um conceito lírico amarrando as músicas. Ele foi inspirado na obra “Seventh Son” (1987), do escritor de ficção científica e fantasia norte-americano Orson Scott Card. Representando a proposta de um ciclo, o tracklist abre e finaliza com a mesma e breve peça acústica.

“Seventh Son Of A Seventh Son” chegou ao primeiro lugar na parada britânica. Ganhou disco de ouro nos Estados Unidos, Reino Unido, Suíça e Alemanha, além de platina no Canadá. Marcou a despedida do guitarrista Adrian Smith, que retornaria em 1999.

Queensrÿche e “Operation: Mindcrime”

Terceiro álbum completo do Queensrÿche, “Operation: Mindcrime” narrava uma trama que envolvia críticas sociais e políticas, com alusões a guerras, corrupção, assassinato e consumo de drogas (lícitas e ilícitas), retratadas em personagens envolvidos com ciência, tráfico, prostituição e religião.

A ideia da trama foi construída pelo vocalista Geoff Tate após ter conhecido integrantes de um grupo separatista que buscava a independência da província canadense de Quebec. A cantora Pamela Moore interpreta a personagem Sister Mary, enquanto o ator Anthony Valentine reproduz a voz de Dr. X.

Ganhou disco de platina nos Estados Unidos, sendo considerado um dos principais trabalhos conceituais da história do heavy metal. Curiosamente, a primeira turnê o executando na íntegra aconteceu apenas durante a promoção do trabalho seguinte, “Empire” (1990), quando a banda adquiriu status de headliner e pôde fazer shows maiores.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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