O processo de encontrar sua própria voz como cantor é algo semelhante a desenvolver sua própria identidade em uma maneira completamente nova. Para Thom Yorke, vocalista do Radiohead, isso envolveu muito tempo estudando suas influências para determinar a melhor maneira de incorporar tudo.
O músico conversou com o músico e autor Jason Thomas Gordon para o livro “The Singers Talk” (via Rolling Stone). Durante a entrevista, ele falou do processo de encontrar sua própria voz, incluindo os cantores que emulava no começo:
“A maior parte do tempo era Michael Stipe, às vezes um pouco de Morrissey. Eu emulava a maior parte dos cantores que cantavam mais grave. Eu gostava muito da voz de David Sylvian, mas meu registro não era aquele. Era bem mais agudo. Era meio cômico quando eu tentava cantar daquele jeito.
Para Yorke, o processo envolveu aceitar a natureza de sua voz natural.
“Demorou anos para mim. A lição mais dura de aprender é ser você mesmo. É como experimentar várias roupas diferentes. Não tinha como eu ser Michael Stipe porque meu registro vocal não é parecido, eu não sou da Geórgia, mas eu admirava muito como ele escrevia letras. Então eu tirei muito desse aspecto dele. Mas eu sempre achei que meu registro era desconfortavelmente agudo ou desengonçado, ou que minha voz era suave demais.”
A partir dessa ideia, surgiu um experimento bem específico: passar um ano inteiro gravando músicas. O resultado foi curioso.
“Quando eu tinha 18 anos, tirei um ano e gravei música a maior parte do tempo. Aí eu mandei a fita para alguns lugares e ganhou, tipo, ‘Demo do Mês’ nessa revista de música grátis, e a resenha dizia: ‘Quem é esse cara? Ele soa como Neil Young!’ Eu reagi com: ‘Quem é Neil Young?’ [Risos]. Eu nunca tinha sequer ouvido falar de Neil Young, então fui e comprei ‘After the Gold Rush’, e fiquei tipo: ‘Uau! É permitido soar assim?’. Porque ele é ligeiramente mais agudo que eu, mas tinha uma suavidade e uma ingenuidade na voz que eu sempre estava tentando esconder. Então foi tipo: ‘Talvez eu não precise esconder’.”
Thom Yorke e Jeff Buckley
Além da influência inicial de Neil Young, Thom Yorke revelou, outra figura crucial para seu desenvolvimento foi o finado Jeff Buckley.
“Demorou alguns anos para mim depois disso, porque começando numa banda de rock, tudo era sobre força e energia. Demorou um tempão para eu falar: ‘Eu não preciso fazer isso’. Quando a gente estava fazendo o segundo disco [‘The Bends’, de 1995], eu fui ver um show de Jeff Buckley antes dele morrer. De novo, foi um daqueles momentos: ‘É permitido fazer isso?’. E me lembrou dessa parte vulnerável de mim que eu estava escolhendo esconder.”
A primeira música que trouxe Yorke experimentando a voz natural acabou se tornando um clássico da banda: “Fake Plastic Trees”. Ele contou da reação da banda ao vocal:
“Lembro que gravei ‘Fake Plastic Trees’ sozinho no começo. Aí todo mundo se junto para escutar a música, os outros falaram: ‘Vamos usar isso!’. E eu estava tipo: ‘Não, não, não podemos usar isso, é vulnerável demais. Sou eu demais’. [Risos]”
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