Baterista do System of a Down diz ter perdido muitos fãs por suas opiniões políticas

John Dolmayan disse que não deixará de compartilhar seus pensamentos; ele é apoiador de Donald Trump e já compartilhou teorias da conspiração sobre a pandemia

John Dolmayan não esconde sua posição política. Nos últimos anos, o baterista do System of a Down demonstrou apoio ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de ter endossado teorias da conspiração relacionadas à pandemia e direcionado críticas ao Black Lives Matter, movimento ativista que luta contra a desigualdade racial.

Em recente publicação no Instagram, o músico reconhece que perdeu muitos fãs e amigos devido a tais opiniões. Ainda assim, não pretende deixar de compartilhá-las, como escreveu na rede social. 

“Perdi pessoas que eu achava que eram minhas amigas nos últimos anos, principalmente devido à minha relutância em aceitar as narrativas que estão sendo questionadas. Sem contar as centenas de milhares de fãs que não souberam lidar com minhas opiniões aqui no Instagram. Quando você se esforça para ajudar quem está em perigo ou orientar quem está sendo enganado, às vezes você acaba perdendo coisas. Você faz de qualquer jeito. E vou fazer de novo.”

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Conversando com a atriz Sona Oganesyan em julho do ano passado, conforme transcrição do Blabbermouth, o baterista revelou que, a cada vez que postava algum conteúdo pró-Trump durante a disputa para presidência em 2020, perdia cerca de dois mil seguidores no Instagram. Mesmo com o impacto negativo, ele não ficou abalado. 

“Agradeço aos fãs. É por causa deles que conseguimos ter uma boa casa, custear um carro e é por isso que posso pagar a escola dos meus filhos e suas refeições. É porque essas pessoas gastaram seu dinheiro suado na minha banda e nos apoiaram ao longo dos anos e estiveram lá pela gente. Mas eu não sinto uma responsabilidade com eles no que diz respeito a ter uma certa opinião, porque se eu tivesse, seria impossível agradar todo mundo. Você tem uma parcela de seus fãs que concorda com você, e então uma outra parcela que discorda. É fisicamente impossível agradar a todos.”

Durante o bate-papo, Dolmayan ainda complementou: 

“Sim, perdi seguidores nas redes sociais. Lamento que as pessoas se sintam obrigadas a fazer isso quando tem uma diferença de opinião com alguém. Mas eu odeio dar a notícia de que você provavelmente terá desentendimentos ao longo de sua vida e isso não significa que você vai acabar com as relações que você tem. Você não vai largar o emprego, terminar um relacionamento ou deixar de ser próximo da sua família ou amigos. Você vai ter problemas com as pessoas […]. Isso não vai diminuir minha incapacidade de me afastar do que acho ser a verdade.”

Relação com Serj Tankian

Serj Tankian, vocalista do System of a Down, tem opiniões totalmente contrárias às do colega de banda e cunhado John Dolmayan – o que descreveu como “frustrante” à Forbes. Mas, de acordo com o baterista, isso não é necessariamente um problema, já que ambos conseguem manter conversas civilizadas e conviver pacificamente, como explicou no Instagram em 2020 (via Spin).

“Vocês ficaram surpresos com o quão civilizadas são nossas conversas na banda, especialmente entre mim e Serj, que parecemos ter opiniões muito divergentes sobre as coisas. Tenho muito respeito por Serj e suas opiniões, embora não concorde com a maioria delas atualmente. E tudo bem. Expandimos os horizontes uns dos outros. Gosto de pensar que ele aprende comigo e eu aprendo com ele.”

Opiniões de John Dolmayan

Há algum tempo, John Dolmayan tem divulgado posições a respeito de política e sociedade que dividiram a opinião dos fãs do System of a Down (via Whiplash).

Em fevereiro de 2020, o baterista fez uma postagem criticando Bernie Sanders, então pré-candidato do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos (que era apoiado pelo vocalista Serj Tankian), e também falou sobre comunismo.

“Cuidado às crianças: gratuito. Assistência médica: gratuita. Universidade: gratuita. F*da-se, se tudo é gratuito e tudo virá dos ricos de qualquer forma, por que trabalhar? Por que não viver do trabalho e dos lucros dos ricos? Sou milionário como Bernie, mas só tenho duas casas, então talvez eu possa compartilhar o ‘acampamento de verão’ desse hipócrita. Não acredite na doutrinação, nas elites da música e de Hollywood ou que o comunismo disfarçado de social-democracia fará algo além de tirar suas liberdades e deixará todos igualmente destituídos. Venezuela, China, Coreia do Norte, Alemanha nazista, Camboja (Pol Pot), Itália (Mussolini), etc.”

No início de abril daquele ano, em entrevista ao podcast do Metal Injection, Dolmayan sugeriu que governos teriam criado o novo coronavírus para frear protestos contra suas gestões. Estudos já comprovaram que o vírus não foi criado em laboratório.

“Se há algo positivo para quem está no poder, é que esse vírus se livrou de muitas pessoas que estavam protestando. Eu me questiono, tenho minhas teorias e as pessoas acham que sou idiota por isso, mas tenho uma grande imaginação, Houve protestos em Hong Kong, França, Itália, Líbano, Chile… no mundo todo, pessoas pediam mudanças de seus governantes. É conveniente o fato de haver um coronavírus e todos esses manifestantes desaparecerem.”

Pelas redes, pouco tempo depois, o baterista saiu em defesa de Donald Trump em meio aos protestos contra a violência policial contra os negros, iniciados após a morte de George Floyd, sufocado pelos joelhos de um policial branco.

“Não vamos deixar que a narrativa que está sendo mostrada repetidamente nos faça esquecer a verdade desta afirmação. O presidente mais atacado da história e, ainda assim, o melhor amigo das minorias! Não acredita? Veja as estatísticas. Se não gosta, isso não muda a verdade.”

O músico também fez críticas ao Black Lives Matter, movimento ativista que luta contra a desigualdade racial. Para ele, a organização é “hipócrita” e age como “uma ferramenta de arrecadação de fundos para uma agenda comunista”.

“Não gosto da organização Black Lives Matter. Muitos dos fundadores são comunistas. Acho que muita gente pensa diferente do real movimento. Acho que eles não dão a mínima para as vidas negras. Acho que são uma ferramenta de arrecadação de fundos de uma agenda comunista. Se eles ligassem para as vidas negras, eles se preocupariam com a violência contra os negros em nossas cidades de interior.”

Ainda, afirmou em outra ocasião que não existe racismo estrutural nos Estados Unidos.

“O suposto movimento em prol das vidas negras nunca teve legitimidade na minha visão e sempre foi uma ferramenta de propaganda e de arrecadação de dinheiro do Partido Democrata. Juntamente do antifa, eles se mostraram inimigos do povo e adotaram a ilegalidade com apoio de uma mídia sensacionalista e das elites idiotas de Hollywood. Eles serão julgados, mas quando? Quantos outros inocentes precisam ser mortos antes?”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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