A fortuna que herdeiros de João Gilberto receberão de gravadora após processo

Perícia inicial apontava que EMI Records Brasil deveria pagar indenização de R$ 13,5 milhões, mas espólio do cantor não concordou com o valor

A Justiça determinou que os herdeiros de João Gilberto receberão uma indenização milionária da gravadora EMI Records Brasil (pertencente à Universal Music). Ainda em 1997, o cantor falecido em 2019 moveu uma ação contra a empresa. 

O motivo envolveu o lançamento de uma coletânea remasterizada sem sua autorização e, segundo o artista, com alterações significativas na sonoridade e na ordem das faixas. Caetano Veloso, que testemunhou no caso, chegou a afirmar que, “em virtude da péssima qualidade da masterização e do processamento, João Gilberto sofreu e continua sofrendo incalculáveis prejuízos”. 

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Depois de anos em pé de guerra, uma análise da perícia em 2019 estimou que a indenização deveria ser de R$ 13,5 milhões. No entanto, o espólio do cantor não aceitou o valor e recorreu. 

Levando em consideração a correção monetária, vendas de disco nacional e internacionalmente e juros, a quantia final foi de R$ 150 milhões, aprovada pelos desembargadores da 14ª Câmara de Direito Privado do Rio de Janeiro na última terça-feira (17).    

Depois que a EMI fizer o pagamento, a fortuna será dividida entre os filhos de João Gilberto: a cantora Bebel Gilberto, João Marcelo e Luísa Carolina. A assessoria do advogado Leonardo Amarante, que representa Luísa, afirmou ao Estadão que “todos os fatos foram analisados e a discussão sobre eles foi encerrada no julgamento de ontem, não podendo ser retomada em sede de recurso especial”.

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Sobre João Gilberto

Em janeiro último, a revista Rolling Stone publicou uma lista com os “200 melhores cantores da história”. João Gilberto apareceu na 81º posição do ranking, com a seguinte justificativa:

“Um dos movimentos culturais mais poderosos a surgir na América Latina, a bossa nova contou com três fundadores: Antônio Carlos Jobim como compositor, Vinicius de Moraes como letrista e o discreto João Gilberto como cantor e violonista. Mestre da sutileza cosmopolita, o baiano murmurava e sussurrava com uma facilidade que fazia com que cada música parecesse um encontro casual de amigos. Esse estilo poético e aconchegante combinava perfeitamente com as narrativas da bossa sobre apreciar a vida na praia de Copacabana. O álbum de estreia de Gilberto, lançado em 1959, deu o tom da revolução que se seguiu, e o clássico jazzístico ‘Getz/Gilberto’, de 1964, resumiu sua energia com a faixa “Garota de Ipanema”, que ele interpretou acompanhado do inglês não tradicional de sua esposa Astrud.”

Já neste mês de outubro, a mesma publicação colocou Gilberto entre os 250 melhores guitarristas da história — na posição 142. O texto afirma:

“‘Tem que ser muito silencioso para eu produzir os sons que estou pensando’, disse João Gilberto. Mas o som tranquilo do cantor e guitarrista brasileiro ecoou por toda parte, especialmente quando o álbum ‘Getz/Gilberto’, de 1964, transformou a bossa nova em um sucesso global. O estilo acústico de Gilberto mesclava ritmos de samba e acordes de jazz, transformando imediatamente a música de seu país natal e influenciando também gerações do pop e do rock. Seu canto frio e íntimo fazia com que sua execução elegante parecesse enganosamente alegre, mas na raiz de sua música estava um forte senso de timing e uma habilidade em trabalhar com fluidez padrões melódicos intrincados. ‘Aprendi tudo o que sabia com ele’, disse o titã da música brasileira Caetano Veloso, um de seus muitos herdeiros.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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