Em 1988, os organizadores do Monsters of Rock realizaram sua única incursão no mercado norte-americano. Uma turnê itinerante foi promovida, tendo Van Halen, Scorpions, Dokken, Metallica e Kingdom Come como atrações. O giro durou de 23 de maio a 30 de julho, passando por estádios e arenas da terra do Tio Sam.
Mas nem todos guardam boas lembranças. O Dokken encerraria atividades logo a seguir, voltando apenas alguns anos mais tarde. Além das brigas internas, outro fator colaborou, de acordo com o vocalista Don Dokken: o Metallica. Em entrevista ao podcast “Battleline”, transcrita pelo Blabbermouth, o cantor declarou:
“Sim, foi uma turnê difícil. O Metallica ainda não tinha feito o ‘Black Album’. Hoje eles são a maior banda do mundo. E talvez essa tenha sido a razão pela qual terminamos, por causa do Metallica. Eles se apresentavam antes de nós todas as noites. Subiam ao palco todos os dias com essa atitude tipo, você sabe, ‘tudo ou nada’. Davam 100, 110 por cento. Estavam arrasando. Promoviam ‘…And Justice For All’, que não era meu álbum favorito deles. Depois chegariam ao estrelato.”
O arraso dos gigantes do thrash chegou a fazer Don pedir ao manager – que era o mesmo de ambas as bandas – para que invertesse a sequência;
“Disse: ‘Bem, Cliff [Burnstein], eu sei que eles estão abrindo e estão ganhando apenas metade do dinheiro que nós, mas poderia trocar?’ Por que quando o Metallica fechava o show com algo de ‘Kill ‘Em All’ e nós subíamos tocando ‘In My Dreams’, ficávamos parecendo o The Monkees. Éramos apenas uma banda de rock and roll. Mas eu respeitava muito o Metallica. Podíamos estar no Texas, fazendo 105 graus e eles tocavam às 3 da tarde em um calor sufocante. Tinham essa mentalidade de: ‘Se este for nosso último show, nós morreremos. Que assim seja.’”
Porém, o cantor reconhece que além de terem sido massacrados por James Hetfield e companhia, sua própria banda já não era a mesma.
“Estávamos na estrada há um ano e meio. Acho que ficamos meio cheios de nós mesmos. Quer dizer, tínhamos feito turnê com o Aerosmith e todas essas outras bandas. Não estávamos tocando bem, em minha opinião, por causa das drogas. Quando você está no palco na frente de cem mil pessoas, estou tentando liderar a banda, você tem todas essas câmeras e telões virados para George [Lynch, guitarrista] durante um solo, e eu olhava e não havia nenhum George no palco. Onde está George? Eu o ouço tocando, só que ele não estava no palco, mas atrás de seus amplificadores Marshall cheirando cocaína. E eu implorei e implorei e disse: ‘Existe alguma maneira de vocês não poderem usar drogas por 90 minutos?’ E basicamente disseram que não. Eles estavam usando cocaína no palco e isso, para mim, foi deprimente. Eu comecei a banda, ela se chama Dokken, e todo mundo estava usando cocaína no palco. E eu pensei, ‘Jesus Cristo.’ E foi aí que o grupo se desfez.”
Fim e volta do Dokken
O Dokken se desfez em 1989, retornando em 1993 com sua formação clássica. Após várias trocas, apenas Don ainda faz parte da banda.
No próximo dia 27 de outubro sai “Heaven Comes Down”, novo álbum. Completam a formação o guitarrista Jon Levin, o baixista Chris McCarvill e o baterista Bill “BJ” Zampa – os dois últimos também membros do House of Lords.
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