Os 13 discos favoritos de Gene Simmons, o Demon do Kiss

Lista do baixista e vocalista foi publicada em 2015; como bom linguarudo (em todos os sentidos), ele falou bastante sobre as escolhas

Em 2015 o The Quietus pediu que Gene Simmons escolhesse seus álbuns preferidos de todos os tempos.

O baixista, vocalista e coproprietário do Kiss mostrou que não é um linguarudo apenas no sentido literal. Sua lista veio cheia de explicações que soam até verborrágicas e cansativas em certos momentos.

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Mesmo assim, decidimos preserva a integralidade das declarações.

Os 13 discos favoritos de Gene Simmons (Kiss)

The Jimi Hendrix Experience – “Electric Ladyland”: “‘Electric Ladyland’ seria um álbum bem-vindo se fosse uma banda totalmente nova hoje. Ainda se mantém atual. Na verdade, foi um disco crucial no sentido de que você tinha um guitarrista, talvez o mais proeminente de todos, que realmente se arriscou em termos de composição. Ele também fez experiências com eletrônica, fitas de apoio e tudo mais. A razão pela qual eu sei de tudo isso é porque o engenheiro e produtor era um cara chamado Eddie Kramer, que produziu alguns dos discos do Kiss. E ele nos contava histórias e tudo mais. Um álbum duplo, que teve muitos convidados excelentes, como Dave Mason do Traffic. ‘Crosstown Traffic’ é ótima, muito diferente de Jimi Hendrix. Noel Redding, o baixista, fez o teste como guitarrista e Hendrix disse a ele: ‘Na verdade, estou procurando um baixista’, então ele teve que mudar para o baixo na hora. Por isso ele usava uma palheta, não é a forma como a maioria dos baixistas toca.

Eu ainda estava na escola quando ouvi isso, devia ter uns 17 anos porque me lembro de ter desenhado o nome Jimi Hendrix Experience na capa do meu caderno. Naquela época, às vezes comprávamos álbuns só por causa das capas. Havia uma arte nisso, grandes livros de capa dura falando sobre a arte e design de capas de álbuns eram lançados e havia artistas e empresas como a Hipgnosis que se especializavam apenas nesse trabalho. Por exemplo, em ‘Love Gun’ tivemos um pintor chamado Ken Kelly que pintou a peça, e isso exigiu muito tempo e esforço. Era uma arte e, infelizmente, isso se foi. Agora que o visual está reduzido ao tamanho de um selo postal, você não ganha muito. Na verdade, não comprei este por causa da capa, mas ‘Axis: Bold As Love’ sim.”

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Guns N’ Roses – “Appetite for Destruction”: “Esse disco trouxe a honestidade de que o rock and roll estava sentindo falta. Os anos 80 foram uma época terrível, quando as guitarras não soavam como guitarras e havia baterias eletrônicas. Mas de repente aí vem esse grupo, o Guns N’ Roses, que conectava suas guitarras e simplesmente não brincava com nada sofisticado. E as músicas eram inegáveis! ‘Welcome To The Jungle’ é uma música inegável, da mesma forma que ‘Satisfaction’ tem aquele ótimo riff com a letra em cima. Ótimas letras, ótimas imagens, e assim que você ouve aquela voz estridente que remete a uma abordagem de canto de Robert Plant, que não era ouvida há um bom tempo… Bem, ainda funciona hoje. Isso deve ter quase 30 anos, mas se você colocar para tocar hoje, se fosse uma banda totalmente nova, eu diria: ‘Quem é esse?’ Essa introdução é quase sinfônica e apenas definiu a banda. Você ouve essa música e então o resto do álbum segue. ‘Welcome To The Jungle’ tem cabeça, mãos e pés acima do outro material. As bandas têm algumas músicas que simplesmente se destacam, sabe? Você pensa em Thin Lizzy, você pensa em ‘The Boys Are Back In Town’. Você pensa nos Stones, você pensa em ‘Satisfaction’. Você pensa em Led Zeppelin, você pensa em ‘Stairway To Heaven’. Existem apenas algumas músicas que, seja por causa da melodia, da letra ou do som da música, dizem intrinsecamente: ‘É isso’. A única banda que não tem isso, só porque tem tantas músicas boas, são os Beatles.

Não sei se nós os influenciamos. Nunca prestamos atenção em nada. Pode haver cenas ou não e as pessoas podem ser influenciadas ou não, mas no final das contas você fica por conta própria. Quando você pensa sobre isso, os Beatles foram influenciados pela Motown, The Everly Brothers, Chuck Berry, etc., mas quando você os ouve, é algo deles. É como cozinheiros. Todo mundo usa sal, todo mundo usa verdura, não tem nada de único, mas a forma como você mistura esses elementos faz com que seja seu ou não. Se você consegue pegar um estilo, acho que tem a ver com talento. Todo mundo cozinha, mas poucos são cozinheiros.”

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Foo Fighters – “The Colour And The Shape”: “O problema dessa banda é que ela veio de uma formação grunge, obviamente Dave Grohl veio do Nirvana. Mas ele toca guitarra tão bem ou melhor que Kurt, além de cantar muito bem. A coisa mais interessante que acho sobre o Foo Fighters, e músicas como ‘My Hero’, é que elas são baseadas em melodias pop. Não baseado no blues. O que é realmente interessante, ter aquela grande parede de guitarra com melodias pop e letras interessantes. Este álbum tem as músicas certas e tem a atitude. Você pode ter boas músicas em um álbum, mas… bem, eu me lembro de ter recebido o disco do Blur depois de ouvir aquela ‘Song 2’ e fiquei chocado ao descobrir que o resto era apenas sintetizadores e outras coisas. Que p*rra é essa? Você ouve ‘Song 2’ e pensa: ‘Uau, isso é ótimo!’ e então você ouve o resto do álbum e é tipo ‘REEEOOW REEEOW’. É como The Communards ou algo assim. Quase música eletrônica ou algo assim. Então, você sabe, consistência não é apenas uma palavra grande como ginásio, você quer que um álbum faça uma declaração música após música. Talvez a banda mais consistente seja o AC/DC. Música após música quase poderia ser a mesma faixa. Há uma ótima entrevista com Angus onde um crítico diz: ‘Não quero insultá-lo, mas acho que seu novo disco soou igual ao seu último disco’, e Angus disse: ‘Não concordo. Acho que nosso novo disco soa como todos os discos que já fizemos’. Às vezes, a maior crítica que você pode fazer pode ser o maior elogio. Esse é um registro consistente. Faz uma afirmação. Então o que isso significa é que eles podem pegar aquela música e tocá-la ao vivo e deve soar semelhante, consistente. Eu incluiria mais se pudesse, mas quando você escolhe um álbum, ele não é apenas um item independente. É sobre o que está acontecendo em sua vida, onde você está e assim por diante.”

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Beck – “Mellow Gold”: “Ele começou como um cara indie. ‘Loser’ foi apenas uma música que ele lançou por uma gravadora independente, mas pegou fogo. A MTV escolheu, blá, blá, blá. E mais tarde foi colocado em um álbum de verdade pela Geffen. É um artista eclético e ainda por cima um cientologista. A ironia é que o pai de Beck [David Campbell] organizou a orquestra sinfônica que nos acompanhou no estádio de Melbourne quando tocamos lá. ‘Mellow Gold’ tem um senso eclético em termos de usar loops de bateria, o que eu odeio, mas soa legal aqui! Ele usa diferentes tipos de instrumentos e parece tocar todos eles. As composições estão em todo lugar. Mas no fundo, o que ele não faz e os outros cantores fazem é se exibir. Ele apenas deixa a personalidade fluir e canta a música. Então, quando você pensa em Brian Johnson, Robert Plant e Paul Rodgers, eles estão se exibindo com seus vocais, cantando nos agudos. Eu não me importo se é Steven Tyler ou qualquer outra pessoa, você se exibe! Beck não se exibe. Ele é apenas médio ou baixo. Sua atitude não vem do que ele faz vocalmente, mas é descontraída, meio prosaica, como se estivesse apenas pensando consigo mesmo. É uma coisa única. Nesse sentido, mesmo não tendo parede de guitarras nem nada disso, é muito rock. Essa sensibilidade ele tem, embora eu tenha certeza que ele se consideraria um artista indie, mas a sensibilidade dele é muito rock.”

The Beatles – “The Beatles” (“White Album”): “É um disco esquecido, eu acho. Eles estavam no meio de uma separação, escrevendo separadamente. Aqui você pode realmente perceber as diferenças entre as músicas de Lennon-McCartney e George Harrison. O que eu acho realmente interessante no disco é como ele não é muito polido. ‘Glass Onion’ é a música mais única que já ouvi, e com autorreferências: ‘Eu te contei sobre Strawberry Fields’, ‘a morsa era Paul’; Quero dizer, todas essas coisas! Refere-se a coisas sobre as quais os fãs estavam falando. É um álbum espetacular. Ele não se conecta rápido como ‘Abbey Road’ ou ‘Let It Be’ porque as músicas estão em todos os lugares. Na época em que as capas e embalagens dos álbuns significavam tanto, era apenas uma afirmação corajosa dizer que não tinha título e deixá-lo branco. Não há título em nenhum lugar do disco, isso é fantástico! Apenas as fotos solo da banda lá dentro. É um disco estranho.”

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The Rolling Stones – “Their Satanic Majesties Request”: “Um disco subestimado dos Stones. Você sabe, eles tinham um som. Eles originalmente começaram fazendo covers de músicas dos Beatles e outros porque não sabiam compor. Todo mundo frequentava os mesmos clubes naquela época e eles se viam socialmente. Então, no início, os Beatles deram a eles ‘I Wanna Be Your Man’, que depois também gravaram, mas os Stones lançaram como single. O empresário Andrew Loog Oldham disse a eles que teriam que escrever suas próprias canções, então desenvolveram esse som. Eventualmente eles viram os Beatles fazendo ‘Sgt. Pepper’s’ e todo esse material experimental, então decidiram sair de sua zona de conforto. Isso é o que acho interessante. ‘Their Satanic Majesties Request’ são os Stones tentando fazer o ‘Sgt. Pepper’s’. Roubando os Beatles ou não, tem valor de produção e composição que não é encontrado em nenhum outro disco deles. ‘2.000 Lightyears From Home’, ‘2.000 Man’, a qual fizemos um cover… Ela fala de computadores e do ano 2000, é muito interessante. Lembro-me de estar na escola nos anos 60 e de ler 1984, de George Orwell, que trata de como no futuro o governo nos espionaria. É claro que isso foi escrito bem antes de 1984, o que agora parece que já passou muito tempo. Então é tudo relativo. Com a música dos Stones, as cordas e o verso, há um material muito bom nesse disco. Acontece que eles não gostam do disco. Acho que é um trabalho único que os mostra tendo alguma profundidade. Há alguns cantos de fundo ruins e desafinados porque eles nunca foram os melhores cantores, não tinham harmonias como os Beatles. O problema é que eram baseados no blues e se afastaram dele naquele disco, entrando em áreas quase celtas e clássicas. Era um pastiche, uma colcha multicolorida! Você pode olhar para uma banda como uma moeda e dizer: ‘Eu vejo tudo, não preciso ver mais nada’, mas existe esse outro lado que acho mais interessante. A profundeza.”

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Leslie West – “Mountain”: “Leslie West – anteriormente Leslie Weinstein – era um guitarrista nova-iorquino que tocava com The Vagrants e muitas outras bandas locais que estavam surgindo na cena. O problema desse disco é que o produtor foi Felix Pappalardi, que produziu Cream e The Youngbloods, e também era um baixista talentoso. Então, originalmente seria apenas um disco solo de Leslie West, não havia Mountain, o nome do disco era Mountain, mas era de Leslie West. Mas ele não tinha baixista, então Felix Pappalardi tocava baixo, mas o material começou a se formar muito rápido. Quer dizer, músicas como ‘Long Red’, eu ouvia enquanto crescia e, na verdade, algumas das minhas músicas começaram em músicas de Mountain. Bow buh duh doo dah duuh dow, que começou uma música chamada ‘Watchin’ You’ que eu escrevi, com uma terça bemol; você pode ouvir onde ela cruza, isso é de ‘Never In My Life’, uma música da Mountain. Seu jeito de tocar guitarra é simplesmente inegável. E claro que ‘Mississippi Queen’ é ótima, apenas três acordes! Quando pego a guitarra e comecei a tocar licks e coisas assim, pareço Leslie West, porque intrinsecamente ele não é uma questão de velocidade, mas sim de melodia. Melodia baseada no blues, admito, mas ainda me agrada.”

Montrose – “Montrose”: “Montrose foi uma das declarações americanas realmente importantes feitas numa época em que o único rock credível era o inglês. Eles tinham Led Zeppelin, Humble Pie e, do nada, saiu esse disco que simplesmente mata! As bandas americanas eram desleixadas e gordas, pareciam o Grateful Dead, era simplesmente patético. O Montrose veio da mesma área, a baía de São Francisco. Foi como uma lufada de ar fresco. Aquele primeiro disco, nem mesmo o Montrose conseguiu igualá-lo, foi apenas melhor que as outras bandas americanas da época. Se você ouvir ‘Kickstart My Heart’ do Mötley Crüe, aquela introdução foi nota por nota tirada de ‘Bad Motor Scooter’, que soa como uma motocicleta passando. Claramente, estavam tentando criar, com os vocais de Sammy Hagar, uma espécie de Led Zeppelin americano. Mas as músicas eram inegáveis! Música após música, novamente: consistência. Infelizmente, depois disso Sammy Hagar saiu da banda e tudo mudou. Ronnie Montrose nunca mais voltou, nunca mais encontrou seu encanto. Eventualmente ele cometeu suicídio. Mas quando estamos nos maquiando e nos preparando para os shows no meio de uma turnê, nunca falha. Dia sim, dia não, tocamos o disco do Montrose.”

Jeff Beck – “Truth”: “A mitologia é que Jimmy Page tocou nele, mas é claramente Jeff Beck – essa personalidade. A forma interessante como gravaram as faixas é que toda a banda estava no estúdio ao mesmo tempo. E Ronnie Wood no baixo. Acho que Ronnie Wood é na verdade um baixista melhor do que guitarrista. O baixo tocado nesse disco é simplesmente ótimo! Você pode ouvir erros, mas ouça ‘Rock My Plimsoul’, ele vai completamente contra a bateria, dá uma sensação furtiva. Do começo ao fim você tem esse tipo de sensação de improviso, de um tecladista bêbado em um bordel de Nova Orleans com um piano vertical. É o melhor vocal que Rod Stewart já fez, nunca igualou. Ele ficou sem músicas, então fez um cover instrumental de ‘Greensleeves’. ‘Shapes Of Things’ era originalmente do The Yardbirds e depois fez uma versão aqui.

Lembro-me de vê-los ao vivo em Nova York. O resto do público não entendeu, mas eu fiquei impressionado. A banda de abertura foi o Crazy World of Arthur Brown. Ele saiu com uma máscara e a cabeça em chamas. Na verdade, isso foi relacionado mais tarde às cuspidas de fogo no Kiss. Eu apenas pensei: ‘Bem, é uma boa ideia’. Enquanto todo mundo estava bebendo, flertando, conversando ou o que quer que fosse, quando Arthur Brown subiu no palco com a cabeça em chamas, todos pararam!”

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Def Leppard – “Hysteria”: “Diga o que quiser, ninguém está tentando se exibir aqui, são apenas composições sólidas. A grande vantagem de quase todas as músicas desse disco é que você pode pegar um violão, simplesmente tocá-lo e cantar junto. Joe Elliott canta a melodia, não sobe o tom e sua voz não é muito rasgada, apenas acompanha. É uma grande sensibilidade rock. As melodias não são muito blues, é apenas um disco realmente sólido, dez milhões de outras pessoas também devem ter pensado assim por que o compraram.

O interessante para mim sobre esse disco é o quão honesto ele soa, mas ao mesmo tempo quão diferente de bandas de rock ele foi gravado. Levamos o Def Leppard conosco em turnê e eles nos contaram a história de como seu produtor Mutt Lange os colocaria no estúdio e o disco era totalmente fabricado. Eles largavam a faixa da bateria, então os computadores moveriam no tempo. Então ele pedia a Phil (Collen, guitarrista) ou a alguém para tocar uma nota – então, em vez de acordes, eles tocavam uma nota de cada vez. Os acordes viriam de faixas diferentes para que você pudesse controlá-los, uma nota por vez. Foram dois anos de sessões. Nunca ouvi falar de ninguém fazendo isso antes ou depois. Você pode argumentar que isso faz com que soe diferente ou melhor, mas existem ótimas bandas punk que fazem tudo em um dia. Não há regras! ‘Led Zeppelin I’ foi gravado em 18 horas. Os dois primeiros discos dos Beatles foram feitos em 24 horas. Mas não se pode contestar o sucesso de Mutt Lange.”

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AC/DC – “For Those About To Rock”: “As bandas têm seus hinos, você sabe, ‘You Shook Me All Night Long’. ‘For Those About To Rock’ é o chamado às armas, é o hino definitivo. ‘Back In Black’ provavelmente tinha músicas melhores, mas a banda começou a ter um senso do que representa ou deveria, como quando se cria uma bandeira para um país. Ela adquire um significado próprio, e então as pessoas percebem que não representa apenas o país, mas aquilo que o país representa. A plataforma – no nosso caso, botas de plataforma. Então, esse é o objetivo do AC/DC. Aquele canhão e o título – e é por isso que eles sempre terminam seu set com ele – são um hino. ‘You Shook Me All Night Long’ é provavelmente a melhor música que eles escreveram, na minha opinião. Mas não é um hino. É porque as letras não estão no mesmo nível. Eles não são grandes e ousados. É como uma nação. Levante o punho e diga: ‘Sim! É nisso que acredito!’ ‘You Shook Me’ não tem isso, é apenas uma ótima música de rock.

Quando a banda percebe o seu próprio significado, quando a banda consegue se ver claramente, é aí que ela se conecta. Aconteceu conosco no ‘Destroyer’. A capa do álbum não tinha guitarras, nem bateria, nem palco, nada. Foi quando entendemos que éramos maiores do que a música que tocávamos. Mas você não vê isso até que alguém lhe indique isso. Quando começa a ver seu rosto em desfiles, em paredes, em tatuagens e tudo mais. E quando você vê que simplesmente não há guitarras ou bateria ali. As pessoas são atraídas pelas personas. É difícil ter uma imagem do AC/DC sem uma guitarra. O mesmo vale para o Metallica ou quase qualquer um. Eles são músicos. Somos imagens icônicas. Tudo bem para mim. Isso é maior. Isso faz parte da cultura pop.”

Chubby Checker – “Chubby Checker’s Greatest Hits”: “Um dos primeiros discos que comprei foi ‘Twistin Round The World’, do Chubby Checker. Ele foi um fenômeno cultural porque o twist naqueles primeiros dias era realmente grande. Ele tinha um programa de TV à tarde todos os dias onde mostrava às pessoas como fazer o twist. Naquela época, tudo era uma tela verde e ele fazendo todas essas coisas. Eu o estudei, como qualquer outra coisa. Ernest Evans era seu nome verdadeiro e Kal Mann escreveu esses discos. Mas a ironia é que ‘The Twist’ não foi originalmente gravada por Chubby Checker, mas por Hank Ballard And The Midnighters. Soa exatamente como Chubby. Ele mudou o nome de Ernest Evans para Chubby Checker depois que a esposa de Dick Clark disse: ‘Ele me lembra um jovem Fats Domino’.

Novamente, ‘Twistin Round The World’ me mostrou que se tratava de um fenômeno global. Isso me disse algo. Foi aí que comecei a ter consciência de que existem músicas, depois existem artistas e depois existe a coleta de informações de como você diz às pessoas o quão grande você é, o quão famoso você é. Lembro-me mais tarde que vi um anúncio do Sabbath na Rolling Stone, e o anúncio dizia: ‘Black Sabbath: Louder Than Led Zeppelin’, achei genial. Não disse que era melhor, apenas mais alto. Chubby Checker teve tantos sucessos. Obviamente ‘The Twist’, ‘Let’s Twist Again’, ‘Pony Time’, ‘The Fly’, ‘Limbo Rock’, muitas coisas! Ele deve ter tido 20 hits. Boa música não é apenas canções; é também uma ferramenta social, como uma música favorita que as pessoas usavam para se casar ou algo parecido.”

Paul McCartney – “McCartney”: “Aquele primeiro disco solo de McCartney foi uma revelação. Eu estava ciente de que os Beatles estavam se separando e que McCartney estava lançando um disco solo. E música após música era, você sabe, decente! A produção não era como a dos Beatles, mas era decente o suficiente. A forma de tocar não era tão boa quanto a dos Beatles, mas era boa o suficiente. Então descobri que ele escreveu, projetou, produziu e tocou tudo – exceto que Linda aparecia aqui e ali. Era uma banda de um homem só. Quero dizer, tudo! Bateria, teclados, tudo, depois projetou, depois produziu, fez tudo. Inacreditável! Ele só tinha essas quatro máquinas com esses botões RCA, equipamentos bem primitivos. É um verdadeiro tour de force. Ele não é um grande guitarrista nem um mau guitarrista, toca apenas bem o suficiente para conseguir essas partes.

Tudo se resume a escrever músicas. Você tem ‘Junk’ ou ‘Maybe I’m Amazed’, que poderia ter sido uma música dos Beatles. Há outra grande história sobre como ele e Lennon trabalhavam juntos. McCartney traria músicas e Lennon iria ridicularizá-las. Uma delas se chamava ‘Woman’. McCartney trouxe e Lennon disse: ‘Isso não é ótimo’. Então McCartney disse: ‘Olha, vou provar isso para você, vou dar para Peter e Gordon e eles terão um disco número um’. Lennon supostamente disse: ‘Sim, mas isso é porque seu nome é Paul McCartney’. E McCartney diz: ‘Ok, vou mudar o nome para Bernard Webb’. Ele dá a Peter e Gordon e… número um. Fez isso de novo com Badfinger, trazendo outra música que Lennon supostamente disse não ser boa o suficiente, chamada ‘Come And Get It’. Quero dizer, que p*rra é essa? Enfim, outra música número um.”

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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