Como a maconha levou Dave Mustaine ao AC/DC

Período como "comerciante de produtos naturais" fez com que líder do Megadeth tivesse acesso ao seu primeiro disco da banda australiana

A nova edição da revista britânica Classic Rock celebra os 50 anos do AC/DC. Entre as várias matérias especiais, ícones da música contam como tiveram acesso ao trabalho da banda australiana. Um deles é Dave Mustaine, em depoimento resgatado de 2007. O vocalista e guitarrista do Megadeth revelou que sua experiência pessoal teve a ver com o período anterior até mesmo ao Metallica.

Em um roteiro tipicamente rock and roll, o artista relata que tudo teve início por conta do “comércio alternativo” com o qual lidava para levantar algum dinheiro. Uma cliente especial, no entanto, lhe oferecia outras facilidades que não as financeiras.

“Quando eu era adolescente, morava em Huntington Beach, Califórnia. Conhecia uma garota chamada Cindy que trabalhava em uma loja de discos. Eu vendia maconha, mas com ela eu trocava por LPs. Ela gostava de vir na minha casa fumar e [faz um gesto grosseiro], então foi assim que eu descobri o AC/DC.”

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O álbum em questão foi o terceiro de estúdio – quarto na discografia australiana –, último a contar com o baixista Mark Evans e que vendeu mais de 5 milhões de cópias mundo afora.

“A primeira vez que coloquei ‘Let There Be Rock’, eu estava olhando para a contracapa e me perguntando ‘O que diabos está acontecendo com o lábio daquele cara?’ Mas ouvindo a música, minha vida mudou totalmente. Para mim, parecia que algo estava errado, como se soasse muito próximo a mim. A maioria dos discos flutuava ao meu redor, mas este estava bem na frente do meu nariz. Era… inquietante. Lembro-me de tudo, desde aquele primeiro milissegundo, o pequeno estalo antes de ‘ga-dun-GAR!’ em ‘Go Down’, até o último ruído de guitarra no final de ‘Whole Lotta Rosie’.”

Impacto do AC/DC em Dave Mustaine

O impacto perdura até hoje, como o próprio confessa.

“Este álbum está no meu Mercedes agora. Sempre esteve, sempre estará. É o meu disco ideal quando penso ‘Let’s rock!’. Sempre que tenho que dirigir de minha casa no Arizona por 120 quilômetros até Los Angeles, é a primeira coisa que ouço. Eu tenho bloqueadores de radar e laser no meu carro – espero que nenhum policial leia isso e me pare! – mas quando posso gosto de dirigir a 160 km/h, é a minha trilha sonora!”

A impressão mais duradoura, levando em consideração os integrantes do quinteto, pairou sobre o cantor.

“Lembro-me da primeira vez que ouvi a música ‘Let There Be Rock’. Não conseguia entender como Bon Scott soava. Era como se tivesse manteiga de amendoim grudada no céu de sua boca. Mas eu simplesmente comecei a realmente amar essa banda e colecionar tudo o que conseguia encontrar deles.

Bon se tornou um dos meus heróis. Não consigo fazer o mesmo, mas para mim continua sendo um dos frontmen mais f*das que já existiu. Fiquei muito triste quando ele morreu. Lembro-me exatamente de onde estava quando ouvi – atravessando uma quadra de handebol na minha escola. Eu ainda respeito e amo o AC/DC – Brian Johnson é uma estrela absoluta – mas nunca foi o mesmo para mim desde então.

Quando tocamos com eles, alguns anos atrás, dei um abraço em Angus, e ele é tão pequenino que era como abraçar uma bonequinha. Graças a Deus pelo AC/DC. Ótima banda!”

Megadeth e “Problem Child”

Vale destacar que o Megadeth chegou a tocar uma música de “Let There Be Rock” (1977) ao vivo na primeira década do século atual. A escolhida foi “Problem Child”, que abre o lado B da versão internacional do disco – na Austrália ela já havia saído em “Dirty Deeds Done Dirt Cheap” (1976).

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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