Sem médico, escola limitada: a infância de James Hetfield na Ciência Cristã

Movimento religioso fundado nos EUA durante o século 19 prega que devotos usem poder da oração para se protegerem e se curarem de doenças

Ao longo de uma carreira totalizando 40 anos e o status de maior banda de metal da história, o Metallica não tem como ser mais mainstream. Contudo, a criação do vocalista e guitarrista James Hetfield o condicionou a sempre se ver como um outsider na sociedade, algo refletido nas letras do grupo.

Em entrevista de 2009 à Metal Hammer, o músico falou sobre ter crescido numa família adepta da Ciência Cristã, movimento religioso fundado no século 19 que, entre outras coisas, pregava contra a medicina tradicional em favor de oração para cura de doenças. A mãe dele morreu ainda jovem, em 1979, porque se recusou a receber tratamento contra um câncer.

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O frontman discutiu sua experiência com esse lado da crença:

“Certamente me afetou – mais do que minha irmã ou meus irmãos, eu levei mais pro lado pessoal. Nossos pais não levavam a gente pro médico. Nós basicamente contávamos com o poder espiritual da religião para nos curar ou nos poupar de ficarmos doentes ou feridos.”

A participação da família nesse movimento também acarretava em situações incômodas na escola para James, como ele falou:

“Na escola, eu não podia assistir à aula de saúde, aprender sobre o corpo, sobre doenças e coisas assim. E, digamos que eu tento entrar para o time de futebol e preciso de um exame médico pra conseguir um atestado, eu precisaria ir até o técnico e explicar que, sabe, nossa religião diz isso. Eu me sentia demais como um excluído, as outras crianças riam disso. Quando a aula de saúde começava, eu ficava em pé no corredor, que era basicamente uma forma de punição em outros aspectos. Todo mundo que passava, olhava pra mim como se eu fosse um criminoso, sabe?”

A espiritualidade de James Hetfield

Quando perguntado se essas experiências o ajudaram a formar sua noção de espiritualidade, James Hetfield respondeu:

“Acho que sim. Me ajudou a fazer meu próprio caminho, e mesmo a parte espiritual, quando você é uma criança não tem como captar o conceito de espiritualidade, e para mim não ir ao médico era estranho. Tudo que eu via eram as pessoas na igreja que tinham fraturas que não saravam direito. Isso não fazia sentido para mim. Mas isso também me ajudou a abraçar o conceito espiritual depois, sabe, e ver o poder nisso, junto com o conhecimento de médicos hoje em dia, então me ajudou com meu conceito de espiritualidade.”

No final, o líder do Metallica ainda comentou sobre como, apesar de ter sido difícil, o ajudou a se tornar quem é hoje.

“Isso ajudou a moldar quem eu era, sabe? Quando se é jovem, você quer ser como todo mundo, não quer ser único. Mas eu vejo a singularidade nisso agora, e me ajudou a aceitar e abraçar a minha própria singularidade.”

Metallica e “M72”

O Metallica encerrou a primeira etapa europeia da turnê “M72”, divulgando o álbum “72 Seasons”. Em agosto, a banda dá início à parte norte-americana. O Brasil deve receber o quarteto novamente no segundo semestre do ano que vem, de acordo com recentes informações de bastidores.

Quem está curioso para saber como são as apresentações poderá assistir a uma prévia nos cinemas. Nos dias 18 (sexta-feira) e 20 (domingo) de agosto, o grupo transmitirá ao vivo suas performances na cidade americana de Arlington, no estado do Texas. Mais informações clicando aqui.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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