A assustadora experiência do Alice in Chains ao abrir para gigantes thrash

Banda de Seattle enfrentou o público da Clash of the Titans, turnê que reunia três quartos do Big Four, excluindo o Metallica

Nem se falava em Big Four quando Slayer, Megadeth e Anthrax se juntaram na turnê Clash of the Titans. A união aconteceu em 1991 e teria o Death Angel como atração de abertura. Porém, um acidente automobilístico com a banda – que colocou a carreira em suspenso por anos – os deixou sem condições antes mesmo de a excursão começar.

A saída foi buscar outro nome para a função de aquecer a plateia. A escolha recaiu sobre o Alice in Chains. O grupo de Seattle havia lançado seu debut, “Facelift”, no final do ano anterior. O disco havia sido o primeiro do movimento grunge a entrar no Top 50 da parada americana. Ainda assim, por mais que tivesse referências heavy, o som do quarteto era um tanto quanto leve para os padrões das atrações principais do giro.

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O guitarrista Jerry Cantrell relembrou a luta enfrentada a cada noite em entrevista de 2002 à revista R&R (Radio & Records) – resgatada pela Metal Hammer.

“A ordem das atrações girava todas as noites, mas o público era sempre maioria do Slayer. Na maioria das vezes, nos saímos muito bem. Outras vezes nos odiavam. Mas em Red Rocks, Denver, realmente nos odiavam.”

O show em questão, no lendário Anfiteatro Red Rocks, no Colorado, aconteceu dia 5 de junho de 1991, uma data que Jerry jamais esquecerá – e foi recordada ao livro “Grunge is Dead”, de Greg Prato.

“Foi um daqueles momentos marcantes para a banda. Fomos massacrados. Eles começaram a jogar coisas desde o momento em que subimos no palco. Era inacreditável.”

Novamente à R&R, ele destacou:

“Aquele lugar foi construído de forma que, se você conseguir um bom ângulo, pode subir ao palco com qualquer coisa. Tivemos coisas chovendo sobre nós por cerca de 35-45 minutos. Estávamos constantemente esquivando de m*rda, as pessoas estavam cuspindo em nós. Alguém tinha um grande galão que esvaziaram e mijaram. Jogaram tudo mais de uma vez.”

Chegou ao ponto que o falecido vocalista Layne Staley decidiu que não dava mais para suportar.

“Layne ficou muito puto, pulou a barricada e foi direto para a multidão. Começou a cantar e cuspir na cara das pessoas, trocar golpes com elas. Até que todos nós fizemos a mesma coisa. Fomos direto na cara deles, começamos a chutar a merda que eles estavam jogando na cara deles. E terminamos nosso set.

Ao sair do palco, pensei: ‘é melhor darmos o fora, senão vamos ser mortos’. Havia um monte de fãs do Slayer em volta do ônibus. Pensamos: ‘oh m*rda, aqui vamos nós’. Mas surpreendentemente alguns deles disseram: ‘vocês são bons, não se acovardaram’. Foi um reconhecimento que fez com que nos valorizássemos.”

Scott Ian sobre Alice in Chains

Em 2010, Scott Ian também compartilhou suas lembranças com a revista Guitar World. Disse o guitarrista do Anthrax:

“O Alice in Chains passou por momentos difíceis naquela turnê. Ficamos no palco todas as noites os assistindo sendo atingidos por toda e qualquer coisa que aquelas multidões pudessem jogar neles. Mas quer saber? De várias maneiras, foi isso que fez aquela banda ser o que é.”

Clash of the Titans

A Clash of the Titans ainda teve uma versão europeia com Slayer, Megadeth, Testament e Suicidal Tendencies. Hoje, com fãs mais esclarecidos em sua maioria, o Alice in Chains consegue transitar com maior naturalidade no cenário heavy.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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