A única forma de Jack sobreviver em “Titanic”, segundo diretor

Em documentário sobre o filme, James Cameron contratou dublês para recriar cena da morte do personagem interpretado por Leonardo DiCaprio

O diretor James Cameron insistiu em diversas entrevistas que seria praticamente impossível o personagem Jack (Leonardo DiCaprio) ter sobrevivido no final de “Titanic”. Mesmo após diversas teorias dos fãs, a justificativa do cineasta era de que a porta de madeira usada por Rose (Kate Winslet) para se salvar não aguentaria o peso dos dois.

Mas parece que existiam outras possibilidades, como mostrará o documentário “Titanic: 25 Years Later with James Cameron”, do canal National Geographic, lançado em fevereiro último nos Estados Unidos. Para a produção (via Variety), Cameron contratou especialistas e dois dublês, com altura e peso semelhantes a DiCaprio e Winslet na época das filmagens, a fim de recriar a cena.

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Como Jack sobreviveria em “Titanic”

Eles realizaram três testes diferentes em uma piscina, com simulação de tremores. No primeiro deles, o diretor mostra que não havia espaço suficiente para ambos deitarem em cima da porta, comprovando sua tese de que o casal afundaria e morreria na água congelante.

Na segunda tentativa, os atores se apoiaram novamente no material de madeira, porém deixaram parte de seus corpos na água, protegendo apenas as partes superiores com os órgãos vitais. Para o diretor, Jack não sobreviveria dessa maneira devido a sua resistência fragilizada, já que seria necessário permanecer na posição por horas.

Por último, Cameron “cansou” os dublês, para tornar a experiência mais real, e fez com que, após o naufrágio, Rose entregasse seu colete salva-vidas ao amado. Ele concluiu que essa seria uma forma de Jack ter permanecido vivo.

“Assim Jack está estabilizado. Se fizéssemos isso, ele poderia ter conseguido aguentar até que o bote salva-vidas chegasse. Jack poderia ter sobrevivido, mas há muitas variáveis. Acho que o processo de pensamento dele foi: ‘eu não vou fazer uma coisa que coloque Rose em risco’, e isso é 100% do personagem.”

O programa “Good Morning America” divulgou alguns momentos do documentário. Eles podem ser assistidos, em inglês, abaixo.

Fato ou fake no filme “Titanic”

Não há dúvidas de que “Titanic” deixou seu nome marcado na história do cinema. Inspirado na famosa tragédia do navio homônimo, ocorrida em 15 de abril de 1912, o filme emocionou muita gente mundo afora com a história de amor entre Rose (Kate Winslet) e Jack (Leonardo DiCaprio) e ocupou o posto de maior bilheteria da história dos cinemas por 12 anos.

Lançado em 1997, o longa retratou diversos aspectos do naufrágio com fidelidade, além de não ter se esquecido de figuras da vida real que estavam na embarcação naquele fatídico dia. No entanto, como já é de praxe em Hollywood, alguns detalhes e aspectos foram inventados pelos mais diversos motivos.

Então, o que pode ser considerado real ou fictício em “Titanic”? É o que vamos abordar no texto abaixo. As informações são dos sites Screen Rant, Chasing The Frog, The Travel, Culture Trip, History, Cinema Blend e Explore.

Fato ou fake: “Titanic”

Rose e Jack existiram de verdade?

Para a lamentação de muita gente que se emocionou com a história de amor de Rose e Jack em “Titanic”, já podemos te adiantar que não, o casal não existiu na realidade, apesar de terem se inspirado – mesmo que sem querer, em um dos casos – em pessoas reais.

O próprio James Cameron, diretor de “Titanic”, já revelou que a personagem de Kate Winslet é baseada na artista Beatrice Wood, que vinha de uma família rica, assim como Rose. No entanto, é importante ressaltar que ela não estava no navio, tampouco teve qualquer conexão com o evento.

No caso de Jack, nenhuma pessoa serviu de inspiração para sua criação, mas havia um homem a bordo do Titanic que se chamava “J. Dawson”. O nome real desta pessoa era Joseph, trabalhava como aparador de carvão do navio e foi uma das milhares de vítimas do naufrágio.

James Cameron garante que não sabia da existência de Joseph até finalizar o roteiro do filme. Assim, o fato de ele e Jack terem os nomes iniciados com a mesma letra não passou de uma mera coincidência.

E quem são as figuras reais de “Titanic”?

Por mais que Rose e Jack sejam personagens fictícios, é importante lembrar que diversos personagens coadjuvantes de “Titanic”, de fato, existiram na realidade e estavam na embarcação.

Um bom exemplo é o da personagem Margareth “Molly” Brown, interpretada por Kathy Bates. Vinda de uma família simples, fez fortuna junto de seu marido, Joseph Brown, após começarem um negócio de mineração. Ela conseguiu se salvar e morreu em 1932, por conta de um tumor cerebral.

Molly se tornou famosa por ter criado um fundo de apoio aos sobreviventes do desastre e ter ajudado com os custos do funeral de diversas vítimas. Ela também queria ter dado seu depoimento durante as investigações da tragédia, mas foi impedida pelo simples fato de ser uma mulher.

Dois outros nomes que valem ser citados são os de Edward Smith (Bernard Hill), o capitão do Titanic, e John Jacob Astor (Eric Braeden). Smith foi reconhecido por suas ações para salvar o máximo possível de vidas e se recusou a deixar o Titanic, mesmo após oferecem a ele um lugar em um bote salva-vidas.

Já Astor era o passageiro mais rico do navio – hoje, sua fortuna seria estimada em aproximadamente US$ 2,4 bilhões. Também ofereceram a ele um lugar em um bote salva-vidas, mas o empresário cedeu o posto para duas crianças.

Tanto Smith quanto Astor faleceram no desastre.

A história de amor entre Rose e Jack poderia ter acontecido?

Por mais que o romance entre Rose e Jack tenha conquistado e emocionado fãs em todo o planeta em “Titanic”, já podemos te adiantar que não, ele não teria sido possível na vida real.

O motivo é que Rose era uma passageira da primeira classe, enquanto Jack pertencia à terceira classe. Os oficiais do navio praticamente impossibilitavam o acesso das classes inferiores às privilegiadas.

Além da questão social, o acesso entre classes também era quase impossível para impedir que os passageiros mais humildes pudessem transmitir doenças para os demais.

Assim, na realidade, Rose e Jack só teriam uma chance de se conhecer durante a evacuação do Titanic – e olhe lá. Ou seja: não teriam tempo e nem clima para se apaixonarem um pelo outro.

Os músicos realmente continuaram tocando?

Uma das cenas mais memoráveis de “Titanic” foi aquela em que o grupo de músicos do navio optou por continuar tocando enquanto a embarcação afundava. A ideia era tentar acalmar os passageiros durante a evacuação.

De fato, podemos confirmar que sim, isso realmente aconteceu de verdade. O filme apenas errou ao retratar o grupo tocando a canção “Nearer, My God, To Thee”.

Até hoje, não existe um consenso da canção final executada pelos músicos, pois os relatos dos sobreviventes foram variados.

Podemos dizer que o mais famoso destes músicos é Wallace Hartley. O motivo é que foi ele o responsável pela ideia de continuar tocando para acalmar os passageiros. Nenhum integrante do grupo sobreviveu ao desastre.

Aquele casal de idosos morreu daquela forma?

Entre as várias cenas tocantes de “Titanic”, outra que vale ser lembrada é a do casal de idosos que morreu no desastre. No filme, eles são vistos pela última vez no quarto, deitados na cama, enquanto o local já era tomado pelas gélidas águas do Oceano Atlântico.

O casal em questão era Isidor Straus e sua esposa, Ida. Ele era dono da loja de departamentos Macy’s e estava retornando aos Estados Unidos com a mulher.

O casal, de fato, estava na embarcação. Ida se recusou a deixar o marido – lembre-se que apenas mulheres e crianças poderiam entrar nos botes salva-vidas –  e testemunhas que sobreviveram a escutaram dizendo o seguinte:

“Nós vivemos juntos por muitos anos. Aonde você for, eu vou.”

O filme apenas errou ao mostrar o casal em seu quarto no Titanic. Sobreviventes afirmaram que viram Isidor e Ida pela última vez sentados em cadeiras, enquanto aguardavam a morte. Apenas o corpo do empresário foi recuperado no desastre.

O Titanic realmente naufragou daquele jeito?

No filme, vimos que o navio naufragou de uma maneira pra lá de espetacular: após se partir no meio, a proa do Titanic foi para o fundo do mar primeiro, enquanto a popa afundou depois, em um ângulo de praticamente 90 graus.

Por mais que tenha parecido espetacular, podemos te adiantar que a maneira que o Titanic afundou foi inventada para o filme.

Na realidade, o Titanic até chegou a se partir ao meio durante o processo, mas não afundou daquela maneira espetacular e dramática abordada pelo filme. Muitas simulações já mostraram que a embarcação, provavelmente, afundou rumo ao fundo do mar apenas inclinada.

Até o próprio James Cameron admitiu, anos depois, que sua dinâmica para o naufrágio do navio no filme acabou sendo exagerada.

O navio Carpathia e dois botes salva-vidas ajudaram no resgate?

Em “Titanic”, vimos que os sobreviventes do desastre foram salvos pelo navio Carpathia, que estava próximo do local em que a tragédia ocorreu. Além disso, dois botes salva-vidas retornaram para tentar achar pessoas ainda com vida em meio às águas gélidas do Oceano Atlântico.

Esse foi evento abordado com fidelidade pelo filme. O Carpathia chegou ao local do desastre duas horas mais tarde e resgatou as pessoas que estavam nos botes salva-vidas do Titanic.

Dos 16 botes lançados ao mar, apenas dois, de fato, retornaram para encontrar sobreviventes no meio do oceano, que estavam sob o comando dos oficiais Walter Perkis e Harold Lowe. Eles conseguiram resgatar um total de 9 pessoas da água, mas três delas acabaram morrendo mais tarde.

No filme, o bote comandando pelo oficial Lowe foi o responsável por resgatar Rose das águas congelantes do oceano.

Rose teria mesmo sobrevivido ao desastre?

Para terminarmos, todos já sabemos que no final de “Titanic”, Jack foi uma das vítimas do desastre, enquanto Rose se salvou ao ficar em cima de uma placa de madeira até ser localizada pelo bote salva-vidas.

Por mais que a personagem de Kate Winslet tenha se salvado no filme, esse não teria sido o caso na vida real.

Vale lembrar que antes mesmo do naufrágio, Rose e Jack ficaram em contato com as águas congelantes do oceano por vários minutos, o que já teria diminuído a temperatura corporal dos dois drasticamente.

Além disso, o vestido de Rose e seu colete salva-vidas não teriam sido suficientes para evitar sua morte por hipotermia. Vale lembrar que algumas pessoas que estavam nos botes morreram desta maneira mesmo sem se molharem.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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