Neste mês, a justiça alemã abriu uma investigação contra Till Lindemann. Desde o fim de maio último, diversas mulheres acusaram publicamente o vocalista do Rammstein de abuso sexual. Diante da situação, a Universal Music, gravadora da banda, decidiu suspender ações de marketing e promoção do grupo.
Em um breve comunicado enviado ao The New York Times, a companhia explicou a decisão de paralisar a promoção do Rammstein momentaneamente. Na justificativa, também mostrou solidariedade com as figuras femininas envolvidas no caso
“As acusações contra Till Lindemann nos chocaram. Temos o maior respeito pelas mulheres que se manifestaram tão corajosamente em público.”
Anteriormente, a editora alemã Kiepenheuer & Witsch anunciou ter rompido o contrato com Till Lindemann. Nos últimos anos, a empresa havia publicado dois livros do cantor: “In stillen Nächten” (em inglês, “On Quiet Nights”), em 2013, e “100 Gedichte” (em inglês, “100 Poems”), em 2020.
Além das recentes alegações de abusos, a Kiepenheuer & Witsch descobriu que o vocalista usou a primeira obra citada em um vídeo pornográfico onde celebrava violência sexual contra mulheres. Diz a nota oficial enviada à imprensa e publicada nas redes sociais:
“É com choque que acompanhamos as acusações públicas contra Till Lindemann nos últimos dias. Nossa solidariedade e respeito vão para as mulheres afetadas.
No decorrer das notícias, tomamos conhecimento de um vídeo pornô no qual Till Lindemann celebra a violência sexual contra mulheres e no qual o livro de 2013 ‘On Quiet Nights’, publicado pela Kiepenheuer & Witsch, desempenha um papel. Classificamos isso como quebra grosseira de confiança e como um ato implacável em relação aos valores que representamos como editora.
Defendemos a liberdade da arte com plena convicção. Através das ações de Till Lindemann, que humilham as mulheres na pornografia acima mencionada e o uso direcionado de nosso livro em um contexto pornográfico, a separação entre o ‘eu lírico’ e o autor/artista, que tanto defendemos, é ridicularizada pelo próprio autor.
Do nosso ponto de vista, Till Lindemann excede limites imutáveis ao lidar com mulheres. Portanto, decidimos encerrar nossa colaboração com Till Lindemann com efeito imediato, pois nossa relação de confiança com o autor foi irremediavelmente quebrada.”
As acusações contra Till Lindemann
Nas últimas semanas, várias mulheres vieram a público relatar comportamentos abusivos do artista. O movimento começou após a irlandesa Shelby Lynn alegar ter sido dopada por Till Lindemann e sua equipe, visando uma tentativa de abuso sexual. A situação teria ocorrido durante um show especial para membros do fã-clube da banda em Vilnius, capital da Lituânia, celebrando o início da turnê “Europa Stadion”.
Além de narrar a situação, a jovem exibiu capturas de tela e fotos de suas alegações. Ela diz ter sido convidada para um encontro pessoal com o vocalista durante uma pequena pausa no show, com a intenção de ter relações sexuais com ele. Com a alegada recusa por parte da moça, o artista teria se comportado de forma agressiva.
A brasileira Monique Tavares, dona do canal Rock Channel Brasil, relatou em vídeo que viveu uma situação parecida envolvendo Lindemann em 2019, após um show em Roterdão, nos Países Baixos. Ela foi convidada para uma festa pós-show sob o pretexto de conhecer os músicos da banda pessoalmente. Ao consumir um drink suspeito oferecido por um produtor, passou mal e sentiu sonolência fora do comum por horas.
Outras alegadas vítimas compartilharam experiências semelhantes em shows do grupo, não apenas da atual turnê. Há ainda relatos nas redes sociais Reddit e Tumblr apontando para uma suposta seleção de fãs para ficarem bem na frente do palco durante os shows e sendo dopadas em festas posteriores.
Novas alegações
Para além dos relatos nas redes sociais de outras mulheres que apontam comportamento similar, duas entrevistadas pelo telejornal “Tagesschau”, também do grupo público alemão ARD, no último dia 2, gravaram depoimentos acusando Till Lindemann de crimes relacionados ao espectro do abuso sexual. Elas tiveram o anonimato preservado, mas aceitaram ter suas afirmações gravadas diante de câmera e fizeram suas declarações de forma juramentada, assim como testemunhas.
Uma das jovens, que tinha 22 anos e foi identificada pelo pseudônimo Cynthia, diz ter sido convidada por uma pessoa da equipe do Rammstein para ir até uma sala nos bastidores de um show realizado em fevereiro de 2020. Afirma que, no local, teve uma relação sexual “agressiva” com Till, chegando a sangrar.
Outra vítima ouvida, pseudônimo Kaya, à época com 21 anos, alegou que recuperou sua consciência após uma festa pós-show de Lindemann apenas em uma cama de hotel, com o cantor em cima dela perguntando se ele deveria parar. “Eu nem sabia o que ele queria parar de fazer”, afirmou. O vocalista saiu e, algum tempo depois, membros de sua equipe ofereceram drogas a ela, que recusou.
Tanto elas quanto outras mulheres nas redes sociais dizem que há um “recrutamento” de jovens mulheres para festas pós-show de Till. O cantor teria a intenção de relacionar-se sexualmente com as moças selecionadas. Algumas delas teriam sido escolhidas pelo Instagram e orientadas a enviar fotos com antecedência, além de comparecer com visual atraente.
Diante disso, o Ministério Público da Alemanha confirmou ter aberto uma investigação contra Lindemann. A apuração gira em torno de “crimes sexuais e distribuição de drogas”, já que a principal alegação é de que o cantor estaria dopando fãs para transar com elas.
Till Lindemann e Rammstein se manifestam
Till Lindemann nega ter cometido qualquer delito. Um comunicado redigido por seus advogados, Simon Bergmann e Christian Schertz, afirma: “essas acusações são invariavelmente falsas e tomaremos medidas legais imediatas para todas as alegações do tipo”.
Já pelas redes, a banda afirmou:
“As publicações dos últimos dias têm causado irritação e questionamentos no público e principalmente entre os nossos fãs. As alegações nos atingiram muito e as levamos extremamente a sério.
Dizemos aos nossos fãs: é importante para nós que você se sinta confortável e seguro em nossos shows – na frente e atrás do palco.
Condenamos qualquer tipo de transgressão e pedimos a você: não se envolva em preconceito público de qualquer tipo contra aqueles que fizeram denúncias. Você tem direito ao seu ponto de vista.
Mas nós, a banda, também temos o nosso direito – ou seja, de não sermos preconceituosos.”
Christoph Schneider, baterista do Rammstein, também se manifestou sobre as alegações. Ele negou ter conhecimento de qualquer ato ilícito por parte de Lindemann, mas reconheceu que as festas promovidas pelo cantor – e não pela banda – podem ter ocorrências que ele “não considera ok”. O baterista declarou ainda que o cantor “se distanciou” dos colegas nos últimos anos e “criou sua própria bolha”.
Provavelmente considerando tal contexto, o próprio grupo fez alterações em sua performance. Desde as apresentações realizadas em Munique, Alemanha, no último dia 7 de junho, o Rammstein não executa a canção “P*ssy” – cuja letra fala abertamente sobre transar com uma mulher, descrevendo-a como “v*dia”, e com seu respectivo clipe contendo cenas explícitas.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.
Irom melhor banda de heavy metal o THE NUMBER OF THE BEAST tinha 11 anos quando escutei disso mudou minha vida até hj escuto meu sem comentários 666the number of the beast
M