Entrevista: McFly fala sobre homenagem ao rock de guitarras em “Power to Play”

Sétimo álbum de estúdio da banda britânica de pop rock presta tributo ao hard rock e glam metal oitentista sem deixar sua essência de lado

O McFly surpreendeu ao anunciar que seu novo álbum teria uma orientação mais inclinada ao hard rock e glam metal da década de 1980, em um movimento similar ao feito pelo Weezer em “Van Weezer” (2021). Nesta sexta-feira (9), o grupo formado por Tom Fletcher (voz e guitarra), Danny Jones (voz e guitarra), Dougie Poynter (baixo e voz) e Harry Judd (bateria) disponibilizam “Power to Play”, sétimo trabalho de estúdio da carreira e segundo desde o fim do hiato que se deu entre 2016 e 2019.

Definir “Power to Play” como um trabalho 100% hard rock é, de certa forma, enganoso. Parte do disco até explora o gênero, mas de diferentes jeitos. Os singles “Where Did All the Guitars Go?” e “God of Rock & Roll” ficam entre o som pesado e o tempero pop que é marca do grupo, fenômeno nos anos 2000 por seu som bem melódico aliado a um visual emo irresistível. “Land of the Bees”, que começa como Rush e logo migra para o power pop, é a grande surpresa. “Forever’s Not Enough” se prova como uma power ballad do tipo que tocaria em todas as rádios se saísse em 1986, assim como a introspectiva “Honey I’m Home”, que evoca o melhor de Bryan Adams. Fora isso, ainda é um disco com a assinatura do quarteto, com seu típico pop punk/pop rock surgindo em “I’m Fine”, “Taking Back Tonight” e “Crash”.

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Em entrevista ao site IgorMiranda.com.br (também disponível em vídeo), Danny Jones e Harry Judd contaram um pouco sobre o processo que levou a este álbum. Judd traçou toda uma retrospectiva do grupo ao explicar por que levou demorou tanto para explorar esse tipo de som, já que os quatro membros se dizem fãs de rock, mas só exploravam mais suas guitarras em covers – como quando tocavam ao vivo “The Boys are Back in Town”, do Thin Lizzy, ainda nos anos 2000. Inicialmente, ele diz:

“Estouramos no Reino Unido por uma razão diferente do Brasil: lá, foi por termos influências dos anos 1960, músicas pop com muitas harmonias. Até exploramos coisas mais pesadas no quarto álbum (‘Radio:Active’, 2008), mas tantos anos depois, vimos que não devemos tentar compor grandes canções pop só para tocar nas rádios, pois iremos nos diluir enquanto banda. Quando voltamos em 2020 (para lançar ‘Young Dumb Thrills’), não sabíamos que tipo de álbum queríamos fazer. Fizemos um bom álbum, mas não era tão definitivo.”

Tudo isso levou a “Power to Play”, que, de acordo com o baterista, busca resgatar o que fez cada um dos integrantes querer se envolver com uma banda.

“O que gostamos do fato de estar em uma banda? É tocar ao vivo, tocar instrumentos. Por que entramos em uma banda? É por conta de outras pessoas que nos inspiraram. No caso de Danny, Bruce Springsteen e The Who. No meu caso e de Tom, os Beatles, Led Zeppelin, bandas assim. E bandas dos anos 80, como Van Halen, AC/DC, Aerosmith. Todas essas bandas, com guitarras e grandes melodias. Então, esquecemos o processo de produção e de gravar demos. Montamos uma sala para tocar ao vivo, com guitarras, e criamos músicas a partir de riffs de guitarra.”

*A íntegra da entrevista em vídeo, com legendas em português, pode ser assistida no player a seguir. Caso prefira a versão em texto, continue a leitura abaixo.

Reação inicial dos fãs de McFly

Se os integrantes do McFly estão satisfeitos, não dá para dizer que todos os fãs adoraram os primeiros singles. Especialmente quando “Where Did All the Guitars Go?” foi lançada, o nome da banda chegou a entrar nos assuntos mais comentados (trending topics) do Twitter Brasil por conta de reclamações em torno da canção. Diante disso, Harry Judd pede um voto de confiança no que diz respeito ao álbum como um todo.

“Acho que ‘God of Rock & Roll’ ainda é em essência uma música pop, mas a gente queria se afirmar com ‘Where Did All the Guitars Go’. Definitivamente há algumas pitadas ali para quem gosta de coisas mais pop. Mas, enfim, peço apenas que sigam o fluxo e confiem na gente.”

Como dito no segundo parágrafo deste texto, “Power to Play” não é apenas um disco de hard rock. Diferentes influências são exploradas para chegar a um som que é típico do McFly. Danny Jones, que coassina a produção do trabalho com Jason Perry, destaca que as sessões de gravação ocorreram em um mesmo estúdio – e um estúdio próprio –, o que facilitou para deixar o material homogêneo.

“Pela primeira vez, usamos nosso estúdio e acho que isso nos deu a oportunidade de ser uma banda, sem restrição de tempo. Isso nos permitiu desenvolver identidade. Havia a bateria ali para Harry tocar, amplificadores de guitarra. Não nos apoiamos em um som legal de computador. Sinto que a coesão do som vem desse espaço que usamos.”

A favorita do entrevistador

Uma fatia considerável dos escassos 10 minutos disponibilizados para a entrevista foi destinada a falar sobre uma única música: “Land of the Bees”, talvez a canção mais diferente da carreira do McFly. Não à toa, Danny Jones e Harry Judd esboçam um sorriso logo quando a canção é citada. Pareciam satisfeitos com o resultado. Jones comenta:

“Tom e Dougie estavam tocando no andar de cima e estávamos gravando a bateria embaixo. Daí fui para cima, ouvi e logo comecei a imitar Bruce Dickinson, do Iron Maiden. Dougie disse que tinha ficado muito bom. Então, não conseguíamos tirar a expressão ‘land of the bees’ da cabeça. E novamente o espaço fez a diferença, pois desenvolvemos tudo com instrumentos.”

Antes de ser “sacaneado” por Danny – “esta é a primeira vez que exploramos um tempo rítmico diferente em uma música do McFly” –, Harry conta que foi ele próprio quem sugeriu a métrica de 7/8.

“A melodia mais alta surgiu com a gente falando: ‘higher, higher’. Daí tinha um riff que achávamos legal e as coisas foram se juntando. Aquela parte do meio, em tempo 7/8, os caras estavam lá tocando o riff em metade do tempo, daí eu falei: ‘e se tocássemos em 7/8?’. Eles acharam legal. Eu nem acreditava que estávamos fazendo isso, pois queria fazer isso e explorar coisas assim há tanto tempo enquanto banda, mas nunca tivemos abertura.”

A favorita dos entrevistados

É sempre difícil escolher o “filho favorito”, mas Danny Jones e Harry Judd não titubearam ao serem convidados a citar quais as suas canções prediletas de “Power to Play”. Judd, inicialmente, respondeu:

“Amo todas do álbum, mas acho que minha favorita também é ‘Land of the Bees’. Eu também diria que ‘Honey I’m Home’ é especial. Também amo ‘Forever is Not Enough’. De verdade, amo todas, mas essas três se destacam. Tocamos um pouco para a imprensa na noite passada (terça-feira, 6) e escolhemos cinco para tocar: ‘Land of the Bees’, ‘Forever is Not Enough’, ‘Honey I’m Home’, ‘Taking Back Tonight’ e ‘Route 55’.”

Aproveitando-se do tempo para pensar, já que foi o segundo a responder, Jones ofereceu uma resposta mais direta – e até equilibrada, já que preferiu definir suas escolhas como “as mais divertidas de se tocar”.

“‘Land of the Bees’ é a mais divertida de tocar. Também estou ansioso para tocar ao vivo ‘Shine On’. Acho que também é uma boa.”

*“Power to Play” está disponível em todas as plataformas de streaming de música por meio da gravadora BMG. Clique aqui para ouvir.

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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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