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Como Pitty “quebrou” o eixo e estourou com “Admirável Chip Novo”

Cantora e sua banda representaram mudança de paradigma no rock brasileiro, com mais hardcore no mainstream

O rock brasileiro nunca foi particularmente acolhedor para mulheres. Por mais que cantoras do calibre de Rita Lee, Paula Toller, Marina Lima e Cássia Eller sejam celebradas, elas eram para certo contingente nem dignas de serem consideradas roqueiras verdadeiras, e sim artistas pop.

Na virada do milênio, o cenário parecia cada vez mais complicado. Rita já estava diminuindo o ritmo de seus lançamentos, vivendo de legado. O Kid Abelha era mais conhecido por seu trabalho dos anos 80. Marina havia perdido sua voz. E em 2001, Cássia morreu.

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Quando parecia que o sol estava se pondo na presença feminina no mainstream do rock brasileiro, uma salvação não só apareceu, mas veio fora do eixo Rio-SP, derrubando barreiras impostas pela indústria a outras regiões do país.

Essa é a história da ascensão de Pitty.

Fora do eixo

A Bahia era vista no final dos anos 1990 pelo resto do Brasil como a terra do axé. Grupos baianos dominavam as paradas com a mais nova dança do momento, vendendo milhões de discos. Enquanto isso, o rock baiano era ignorado.

Foi nessa situação que Priscilla Novaes Leone se encontrava. Pior ainda, porque ela fazia parte de uma cena ainda mais ignorada historicamente pelo mainstream brasileiro até então, o hardcore.

Em entrevista ao Extra, Pitty falou sobre as dificuldades inerentes a fazer parte dessa cena:

“Havia a dificuldade inerente de se morar numa cidade onde a cultura popular era massiva e sufocante, e querer fazer algo diferente disso. De não ter espaço para divulgar ou tocar e abrir esses caminhos do jeito que dava, no verdadeiro ‘do it yourself’. Era ser contracultura, e a ideologia punk/anarquista me ajudou e me deu base nesse sentido.”

A cantora despontou primeiro como vocalista do grupo Inkoma, em 1998. Após uma demo gravada naquele mesmo ano, que vendeu 15 mil cópias a banda chegou a aparecer na MTV, com Pitty dando uma entrevista.

Após o sucesso da demo, o Inkoma chegou a produzir um clipe para a canção “Soneto”, inspirada na obra do poeta Gregório de Matos, e lançaram em 2000 o primeiro EP oficial deles, “Influir”, pela Tamborete Entertainment, mas terminaram no ano seguinte.

Numa entrevista à TPM em 2009, ela descreveu o fim do Inkoma em termos simples:

“Chegou uma hora que, além de a galera do Inkoma ir debandando porque precisava ganhar dinheiro, a coisa ficou meio limitada em termos musicais pra mim.”

Pitty, que cresceu numa família mais humilde, se encontrava pressionada pela mãe para desistir dos sonhos musicais e ir atrás de um diploma universitário. A solução encontrada por ela para apaziguar a cobrança da mãe e continuar tentando sucesso no ramo foi simples: ela passou no vestibular de Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Ela descreveu à TPM por que quis estudar música:

“Entrei na faculdade de música e continuei compondo. Já estava agoniada de sempre depender de um instrumentista pra compor. Pensava: ‘preciso me bastar’. Então comecei a aprender violão.”

Entrando no eixo

O período trabalhando nas próprias composições chamou a atenção de Rafael Ramos, produtor musical responsável por descobrir os Los Hermanos e que tinha laços profundos com o hardcore. 

Em entrevista à Vice, Pitty falou sobre a relação com Ramos e como o produtor veio a lhe convidar.

“Na verdade eu conheço o Rafa desde adolescente, da época do hardcore. Ele tocou bateria em várias bandas de hardcore, no Jason, que é uma banda do Rio, e o Panço, que era guitarrista do Jason, tinha um selo. Mas o Panço lançou o primeiro EP do Inkoma. E foi aí que eu conheci o Rafa. Eles iam direto para Salvador tocar e as nossas bandas tocavam juntas. Era um circuito de hardcore e todas as bandas tocavam sempre no mesmo rolê. E por acaso ele é filho do cara que tinha uma gravadora [a Deckdisk, até então famosa por ter revelado o grupo de forró Falamansa] e ele começou a crescer e a ter ideias. ‘Acho que posso trazer algumas coisas para lançar aqui, pai, e aí?’.

Lembro que ele me ligou e falou assim: ‘E aí, cadê? Você tá tocando, o que tá fazendo da vida?’. Eu tinha acabado o Inkoma, estava fazendo facul de música, trabalhando em loja e compondo ao mesmo tempo no meu quartinho lá, com meu violão velho. Eu falei: ‘Man, tá caótico, mas eu tenho umas músicas aqui’. ‘Manda’, ele disse. Eu mandei. ‘P#rra, mostrei pro meu pai e é isso, vambora, vamos fazer esse disco’. Achei que era pegadinha, toda cachorro machucado. E foi.”

Ramos convidou Pitty para vir ao Rio de Janeiro gravar uma demo, só que ela tinha um problema. Ela não tinha banda de apoio. Uma tentativa de usar músicos cariocas a deixou insatisfeita, como contou à Vice:

“Tinha feito até testes com outros músicos no Rio, e eu pensava: ‘Gente, não, essa banda tem que ser a galera de Salvador, tá estranho, tá esquisito’.”

À TPM, ela descreveu o processo de montagem da banda com músicos de Salvador: 

“Era eu sozinha fazendo minhas coisas. Mas precisava de uma banda para ir ao Rio gravar o disco. Ficava com receio de levar o Duda [Machado, baterista e então namorado de Pitty] porque achava que nosso relacionamento acabaria se misturássemos as coisas. Só que a data-limite chegou e eu falei: ‘Vamo aí!’. Aí apareceu o Joe e o Peu e fomos numa batida de: ‘Gravamos e depois a gente vê o que dá’. Ficamos um tempo resolvendo se era ou não uma banda. Eu queria que fosse, mas não sabia se eles iam continuar comigo, então botamos o nome de Pitty. Depois eles foram embora porque tinham suas vidas em Salvador, e eu fiquei sozinha no Rio, num apartamento que a gravadora me emprestou.”

Duda havia feito parte do Inkoma com Pitty, então havia já uma química musical. Peu viria a se firmar como um dos melhores guitarristas brasileiros da década de 2000, antes de sua trágica morte em 2013. Ele também co-escreveu o maior single do que viria a ser “Admirável Chip Novo”, “Equalize”.

Uma balada bem diferente de tom do resto do disco, “Equalize” causou certa apreensão em Pitty, como ela revelou ao G1:

“Então, talvez seja só uma música bonita também, né? E eu repu… não repudiei, mas eu tive tanto medo dela no começo que eu falei: ‘Ah, meu Deus, eu quero que as pessoas ouçam as outras também, que não achem que é só isso’. E acho que esse objetivo eu consegui, porque as pessoas conheceram o meu trabalho através de ‘Máscara’, depois de ‘Admirável Chip Novo’. E ‘Equalize’ só veio lá na frente, quando eu já tinha dito o que eu queria dizer a priori.”

A primeira canção divulgada de “Admirável Chip Novo”, “Máscara”, era algo completamente diferente de tudo sendo lançado por mulheres no rock brasileiro. Era hardcore, grunge, uma encapsulação do underground sendo apresentada por uma figura completamente diferente do esperado pelo mainstream brasileiro.

E Pitty precisou bater o pé para ter esse tipo de apresentação, ao contrário de algo mais convencional, como ela falou à TPM:

‘Demorou para acertarmos os ponteiros. Eu dizia: ‘Gente, eu tô na rua, conheço a linguagem da galera, não tô atrás de uma mesa de escritório!’. Nesse período apareceu o Lobato [empresário de Pitty até hoje], que já trabalhava com o Planet Hemp e vinha desse segmento mais rock sujo, e ele entendeu o que eu queria. Tinha medo que o projeto desse certo simplesmente por dar. O mais fácil sempre me apavorou. Aí chegou a hora de divulgar o disco e fomos no que eu queria. Usamos como divulgação ‘Máscara’, uma música com guitarras e letra pesada.”

Quebrando o eixo

“Admirável Chip Novo” foi o disco de rock mais vendido do Brasil em 2003. Pitty não só foi um sucesso, mas uma mudança de paradigma, trazendo consigo uma onda de artistas hardcore ou influenciados para o mainstream brasileiro.

Sem o sucesso dela, provavelmente não teríamos o fenômeno emo daquela década. A Deckdisk se tornou uma gravadora de perfil diferente simplesmente pelo tamanho de seu sucesso.

Por mais que o Charlie Brown Jr e o Planet Hemp tivessem introduzido elementos hardcore para o mainstream, eles ainda carregavam influências de rap e hip-hop, além de letras lidando com temáticas completamente diferentes.

E acima de tudo, Pitty criou uma figura para qual artistas fora do eixo Centro-Sul pudessem se espelhar. Alguém que atingiu o sucesso sem abrir mão de quem era. Ela sempre demonstrou desconforto com esse nível de notoriedade, mas é inegável seu impacto.

Pitty – “Admirável Chip Novo”

  • Lançado em 7 de maio de 2003 pela Deckdisc / Polysom
  • Produzido por Rafael Ramos

Faixas:

  1. Teto de Vidro
  2. Admirável Chip Novo
  3. Máscara
  4. Equalize
  5. O Lobo
  6. Emboscada
  7. Do Mesmo Lado
  8. Temporal
  9. Só de Passagem
  10. I Wanna Be
  11. Semana Que Vem

Músicos:

  • Pitty (vocais)
  • Peu Sousa (guitarra)
  • Dunga (baixo em todas as faixas, exceto 4)
  • Duda Machado (bateria)

Músicos convidados:

  • Liminha (baixo na faixa 4)
  • Paulinho Moska (violão na faixa 8)
  • Luciano Granja (violão na faixa 8)
  • Rick Ferreira (violão na faixa 8)
  • Sacha Amback (bells e sampler na faixa 8)
  • Jota Moraes (arranjos de cordas na faixa 8)
  • Ricardo Amado (violino)
  • Jaques Morelembaum (cello)

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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Cantora e sua banda representaram mudança de paradigma no rock brasileiro, com mais hardcore no mainstream

O rock brasileiro nunca foi particularmente acolhedor para mulheres. Por mais que cantoras do calibre de Rita Lee, Paula Toller, Marina Lima e Cássia Eller sejam celebradas, elas eram para certo contingente nem dignas de serem consideradas roqueiras verdadeiras, e sim artistas pop.

Na virada do milênio, o cenário parecia cada vez mais complicado. Rita já estava diminuindo o ritmo de seus lançamentos, vivendo de legado. O Kid Abelha era mais conhecido por seu trabalho dos anos 80. Marina havia perdido sua voz. E em 2001, Cássia morreu.

- Advertisement -

Quando parecia que o sol estava se pondo na presença feminina no mainstream do rock brasileiro, uma salvação não só apareceu, mas veio fora do eixo Rio-SP, derrubando barreiras impostas pela indústria a outras regiões do país.

Essa é a história da ascensão de Pitty.

Fora do eixo

A Bahia era vista no final dos anos 1990 pelo resto do Brasil como a terra do axé. Grupos baianos dominavam as paradas com a mais nova dança do momento, vendendo milhões de discos. Enquanto isso, o rock baiano era ignorado.

Foi nessa situação que Priscilla Novaes Leone se encontrava. Pior ainda, porque ela fazia parte de uma cena ainda mais ignorada historicamente pelo mainstream brasileiro até então, o hardcore.

Em entrevista ao Extra, Pitty falou sobre as dificuldades inerentes a fazer parte dessa cena:

“Havia a dificuldade inerente de se morar numa cidade onde a cultura popular era massiva e sufocante, e querer fazer algo diferente disso. De não ter espaço para divulgar ou tocar e abrir esses caminhos do jeito que dava, no verdadeiro ‘do it yourself’. Era ser contracultura, e a ideologia punk/anarquista me ajudou e me deu base nesse sentido.”

A cantora despontou primeiro como vocalista do grupo Inkoma, em 1998. Após uma demo gravada naquele mesmo ano, que vendeu 15 mil cópias a banda chegou a aparecer na MTV, com Pitty dando uma entrevista.

Após o sucesso da demo, o Inkoma chegou a produzir um clipe para a canção “Soneto”, inspirada na obra do poeta Gregório de Matos, e lançaram em 2000 o primeiro EP oficial deles, “Influir”, pela Tamborete Entertainment, mas terminaram no ano seguinte.

Numa entrevista à TPM em 2009, ela descreveu o fim do Inkoma em termos simples:

“Chegou uma hora que, além de a galera do Inkoma ir debandando porque precisava ganhar dinheiro, a coisa ficou meio limitada em termos musicais pra mim.”

Pitty, que cresceu numa família mais humilde, se encontrava pressionada pela mãe para desistir dos sonhos musicais e ir atrás de um diploma universitário. A solução encontrada por ela para apaziguar a cobrança da mãe e continuar tentando sucesso no ramo foi simples: ela passou no vestibular de Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Ela descreveu à TPM por que quis estudar música:

“Entrei na faculdade de música e continuei compondo. Já estava agoniada de sempre depender de um instrumentista pra compor. Pensava: ‘preciso me bastar’. Então comecei a aprender violão.”

Entrando no eixo

O período trabalhando nas próprias composições chamou a atenção de Rafael Ramos, produtor musical responsável por descobrir os Los Hermanos e que tinha laços profundos com o hardcore. 

Em entrevista à Vice, Pitty falou sobre a relação com Ramos e como o produtor veio a lhe convidar.

“Na verdade eu conheço o Rafa desde adolescente, da época do hardcore. Ele tocou bateria em várias bandas de hardcore, no Jason, que é uma banda do Rio, e o Panço, que era guitarrista do Jason, tinha um selo. Mas o Panço lançou o primeiro EP do Inkoma. E foi aí que eu conheci o Rafa. Eles iam direto para Salvador tocar e as nossas bandas tocavam juntas. Era um circuito de hardcore e todas as bandas tocavam sempre no mesmo rolê. E por acaso ele é filho do cara que tinha uma gravadora [a Deckdisk, até então famosa por ter revelado o grupo de forró Falamansa] e ele começou a crescer e a ter ideias. ‘Acho que posso trazer algumas coisas para lançar aqui, pai, e aí?’.

Lembro que ele me ligou e falou assim: ‘E aí, cadê? Você tá tocando, o que tá fazendo da vida?’. Eu tinha acabado o Inkoma, estava fazendo facul de música, trabalhando em loja e compondo ao mesmo tempo no meu quartinho lá, com meu violão velho. Eu falei: ‘Man, tá caótico, mas eu tenho umas músicas aqui’. ‘Manda’, ele disse. Eu mandei. ‘P#rra, mostrei pro meu pai e é isso, vambora, vamos fazer esse disco’. Achei que era pegadinha, toda cachorro machucado. E foi.”

Ramos convidou Pitty para vir ao Rio de Janeiro gravar uma demo, só que ela tinha um problema. Ela não tinha banda de apoio. Uma tentativa de usar músicos cariocas a deixou insatisfeita, como contou à Vice:

“Tinha feito até testes com outros músicos no Rio, e eu pensava: ‘Gente, não, essa banda tem que ser a galera de Salvador, tá estranho, tá esquisito’.”

À TPM, ela descreveu o processo de montagem da banda com músicos de Salvador: 

“Era eu sozinha fazendo minhas coisas. Mas precisava de uma banda para ir ao Rio gravar o disco. Ficava com receio de levar o Duda [Machado, baterista e então namorado de Pitty] porque achava que nosso relacionamento acabaria se misturássemos as coisas. Só que a data-limite chegou e eu falei: ‘Vamo aí!’. Aí apareceu o Joe e o Peu e fomos numa batida de: ‘Gravamos e depois a gente vê o que dá’. Ficamos um tempo resolvendo se era ou não uma banda. Eu queria que fosse, mas não sabia se eles iam continuar comigo, então botamos o nome de Pitty. Depois eles foram embora porque tinham suas vidas em Salvador, e eu fiquei sozinha no Rio, num apartamento que a gravadora me emprestou.”

Duda havia feito parte do Inkoma com Pitty, então havia já uma química musical. Peu viria a se firmar como um dos melhores guitarristas brasileiros da década de 2000, antes de sua trágica morte em 2013. Ele também co-escreveu o maior single do que viria a ser “Admirável Chip Novo”, “Equalize”.

Uma balada bem diferente de tom do resto do disco, “Equalize” causou certa apreensão em Pitty, como ela revelou ao G1:

“Então, talvez seja só uma música bonita também, né? E eu repu… não repudiei, mas eu tive tanto medo dela no começo que eu falei: ‘Ah, meu Deus, eu quero que as pessoas ouçam as outras também, que não achem que é só isso’. E acho que esse objetivo eu consegui, porque as pessoas conheceram o meu trabalho através de ‘Máscara’, depois de ‘Admirável Chip Novo’. E ‘Equalize’ só veio lá na frente, quando eu já tinha dito o que eu queria dizer a priori.”

A primeira canção divulgada de “Admirável Chip Novo”, “Máscara”, era algo completamente diferente de tudo sendo lançado por mulheres no rock brasileiro. Era hardcore, grunge, uma encapsulação do underground sendo apresentada por uma figura completamente diferente do esperado pelo mainstream brasileiro.

E Pitty precisou bater o pé para ter esse tipo de apresentação, ao contrário de algo mais convencional, como ela falou à TPM:

‘Demorou para acertarmos os ponteiros. Eu dizia: ‘Gente, eu tô na rua, conheço a linguagem da galera, não tô atrás de uma mesa de escritório!’. Nesse período apareceu o Lobato [empresário de Pitty até hoje], que já trabalhava com o Planet Hemp e vinha desse segmento mais rock sujo, e ele entendeu o que eu queria. Tinha medo que o projeto desse certo simplesmente por dar. O mais fácil sempre me apavorou. Aí chegou a hora de divulgar o disco e fomos no que eu queria. Usamos como divulgação ‘Máscara’, uma música com guitarras e letra pesada.”

Quebrando o eixo

“Admirável Chip Novo” foi o disco de rock mais vendido do Brasil em 2003. Pitty não só foi um sucesso, mas uma mudança de paradigma, trazendo consigo uma onda de artistas hardcore ou influenciados para o mainstream brasileiro.

Sem o sucesso dela, provavelmente não teríamos o fenômeno emo daquela década. A Deckdisk se tornou uma gravadora de perfil diferente simplesmente pelo tamanho de seu sucesso.

Por mais que o Charlie Brown Jr e o Planet Hemp tivessem introduzido elementos hardcore para o mainstream, eles ainda carregavam influências de rap e hip-hop, além de letras lidando com temáticas completamente diferentes.

E acima de tudo, Pitty criou uma figura para qual artistas fora do eixo Centro-Sul pudessem se espelhar. Alguém que atingiu o sucesso sem abrir mão de quem era. Ela sempre demonstrou desconforto com esse nível de notoriedade, mas é inegável seu impacto.

Pitty – “Admirável Chip Novo”

  • Lançado em 7 de maio de 2003 pela Deckdisc / Polysom
  • Produzido por Rafael Ramos

Faixas:

  1. Teto de Vidro
  2. Admirável Chip Novo
  3. Máscara
  4. Equalize
  5. O Lobo
  6. Emboscada
  7. Do Mesmo Lado
  8. Temporal
  9. Só de Passagem
  10. I Wanna Be
  11. Semana Que Vem

Músicos:

  • Pitty (vocais)
  • Peu Sousa (guitarra)
  • Dunga (baixo em todas as faixas, exceto 4)
  • Duda Machado (bateria)

Músicos convidados:

  • Liminha (baixo na faixa 4)
  • Paulinho Moska (violão na faixa 8)
  • Luciano Granja (violão na faixa 8)
  • Rick Ferreira (violão na faixa 8)
  • Sacha Amback (bells e sampler na faixa 8)
  • Jota Moraes (arranjos de cordas na faixa 8)
  • Ricardo Amado (violino)
  • Jaques Morelembaum (cello)

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InícioCuriosidadesComo Pitty “quebrou” o eixo e estourou com “Admirável Chip Novo”
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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