Morreu aos 94 anos o músico, compositor e arranjador Bill Lee. O multi-instrumentista participou de mais de 250 álbuns durante a carreira, tendo colaborado com nomes icônicos como Cat Stevens, Aretha Franklin, Simon & Garfunkel, John Lee Hooker e Bob Dylan, entre outros.
Ele era pai do cineasta Spike Lee, com quem também colaborou em trilhas. Como observado pelo New York Times, ele capturou a independência de uma romântica mulher negra em “She’s Gotta Have It” (1986), um olhar satírico sobre a vida em uma faculdade negra em “ School Daze” (1988), violência racial em “Do the Right Thing” (1989) e as dificuldades pungentes de um músico de jazz negro em “Mo’ Better Blues” (1990).
Em postagem no Instagram, Spike apenas escreveu:
“AÇÕES, NÃO PALAVRAS.”
Nascido em uma família de músicos e educadores do Alabama, Bill Lee aprendeu cedo a tocar bateria, piano e flauta. Frequentou escolas públicas segregadas de cidades pequenas e estudou música no Black Morehouse College em Atlanta. Inspirado pelo saxofonista Charlie Parker, dominou o contrabaixo e se apresentou com pequenos grupos de jazz em Atlanta e Chicago antes de se mudar para Nova York em 1959.
Na década seguinte, Lee tocou bastante em duos e trios em casas noturnas de soul e jazz na borda oeste de Greenwich Village, espremida entre frigoríficos e depósitos de caminhões na costa do rio Hudson em Manhattan. Gravou na Strata-East Records, selo independente de propriedade de músicos. Fundou e dirigiu o New York Bass Violin Choir, uma trupe de sete baixos, às vezes acompanhados por piano ou saxofone.
Suas inúmeras criações incluíam “One Mile East”, “The Depot” e “Baby Sweets”, foram baseadas em pessoas e eventos de sua infância no sul. Em uma crítica de uma apresentação do Coro de Violino no Festival de Jazz de Newport em 1971, John S. Wilson, do The New York Times, escreveu:
“Sr. Lee atuou como baixista, cantor e narrador de seus esboços da vida em uma pequena cidade em Snow Hill, Alabama, construindo suas histórias e sua música a partir de uma rica veia de fontes folclóricas. Sua equipe de baixistas, inclinando-se sobre seus instrumentos pesados, produziu passagens de conjunto que eram por sua vez maravilhosamente quentes e cantantes ou tão surpreendentemente leves e arejadas que se suspeitava que algumas flautas pudessem estar escondidas entre elas.”
Na década de 1970, o baixo elétrico se tornou um instrumento de escolha em muitos conjuntos, pois seus tons fortes combinavam com o apelo comercial da fusão jazz-rock. Lee, um purista do baixo acústico, recusou-se a acompanhar a tendência e perdeu trabalho como resultado. Disse ele ao The Boston Globe, em 1992.
“Com algumas coisas você simplesmente não consegue viver. Só de pensar em fazer isso, minha reação instintiva me atingiu com tanta força no estômago. Eu sabia que nunca poderia viver comigo mesmo.”
Além de Spike, Bill teve mais quatro filhos: o fotógrafo David Lee, a atriz Joie Lee, o cineasta Cinqué Lee e o músico Arnold Lee – este último, fruto de seu segundo casamento, com Susan.
*Foto da publicação: David Charles Lee via @officialspikelee
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