A música do Pink Floyd que dizem sincronizar com “2001: Uma Odisseia no Espaço”

“Echoes”, faixa do álbum “Meddle”, casa perfeitamente com um dos segmentos do clássico filme de Stanley Kubrick

Muitos fãs de carteirinha do Pink Floyd já devem ter ouvido falar de “The Dark Side of the Rainbow”, uma teoria que afirma que o famoso álbum “The Dark Side of the Moon” (1973) se sincroniza com o filme “O Mágico de Oz” (1939). Mas este não é o único exemplo de trablho da banda que “casa” com o decorrer de um longa.

Também há quem diga que a canção “Echoes”, parte da trilha do álbum “Meddle” (1971), se sincroniza perfeitamente com um dos segmentos de “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968), filme do renomado cineasta Stanley Kubrick.

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Como essa teoria surgiu? E como “Echoes” se sincroniza com este clássico do cinema? É o que vamos abordar abaixo. As informações são dos sites Open Culture, Farout e 2001italia

Como esta teoria surgiu?

Para início de conversa, vamos te explicar como toda esta história envolvendo o aparente sincronismo de “Echoes” com “2001: Uma Odisseia no Espaço” surgiu, que tem diversos elementos e já circula há mais de três décadas.

Em 1991, o escritor Nicholas Schaffner lançou “A Saucerful of Secrets”, considerada uma das biografias mais completas a respeito do Pink Floyd – e que tem o mesmo nome do segundo álbum da banda.

Em um trecho da obra, Schaffner afirma que o baixista e compositor Roger Waters teria se arrependido de não ter participado da trilha sonora deste clássico de Stanley Kubrick.

“Roger Waters, ainda recusando sua associação com ficção científica, chegou a dizer que seu ‘maior arrependimento’ foi não ter feito a trilha sonora de ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’, onde partes dele, particularmente a longa e surpreendente sequência alucinatória perto do final, parecem notoriamente floydianas.”

No entanto, Schaffner não mencionou a fonte desta informação – o que foi considerado algo muito estranho, já que estamos falando de uma das biografias mais respeitadas da banda. 

Ainda assim, dá para dizer que vários outros elementos que surgiram com o passar do tempo ajudaram a fazer esta teoria ganhar força.

Um deles é um artigo escrito por Jeremy Bernstein para a revista “The New Yorker” em 1966 – quando “2001” já havia iniciado suas filmagens. O texto abordava justamente a vida e carreira de Stanley Kubrick. Há um trecho que afirma o seguinte:

“Kubrick me disse que ele acreditava ter escutado a quase todas as composições modernas disponíveis em registro, em um esforço para decidir quais canções se encaixariam para o filme. Aqui, novamente, o problema foi encontrar algo que soasse incomum e distintivo, mas também nem tão incomum para ser uma distração.”

Quem também deu sua contribuição para essa história foi Katharina Kubrick, filha de Stanley, durante uma sessão de perguntas e respostas no fórum Reddit em 2013. Ela confirmou o que Bernstein disse e acredita que o pai pode ter considerado o Pink Floyd.

“Estava ciente de que Stanley escutou a tudo e todos que poderiam ser úteis em seu filme. Está inteiramente dentro do reino da possibilidade de ele ter considerado o Pink Floyd em algum momento.”

“Atom Heart Mother” e “Laranja Mecânica”

Outro ponto que ajudou todo este rumor a ganhar força – e até merece um subtítulo a parte – envolve outros trabalhos, tanto do grupo quanto do cineasta: o álbum “Atom Heart Mother” (1970) e o filme “Laranja Mecânica” (1971).

Após terminar “2001”, Kubrick começou a trabalhar justamente no filme baseado na obra homônima de Anthony Burgess. O cineasta entrou em contato com o Pink Floyd para saber se poderia usar a canção “Atom Heart Mother” – presente no álbum de mesmo título da banda – em seu novo filme.

O próprio Roger Waters já citou o ocorrido em uma entrevista e explicou o motivo de a banda não ter autorizado o uso da canção.

“Ele nos ligou e disse que a queria. Dissemos: ‘bem, o que você quer fazer com ela?’ e ele não sabia. Ele nos disse que queria usá-la ‘como quisesse e quando quisesse’ e logo respondemos: ‘certo, você não pode usá-la’.”

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Apesar da recusa, Kubrick ainda conseguiu incluir “Atom Heart Mother” em “Laranja Mecânica”, mesmo que no “jeitinho”: em um momento do filme, é possível ver a renomada capa do álbum em uma loja de discos. 

Duas décadas depois, foi a vez de Waters entrar em contato com Kubrick. Ele gostaria de usar a voz do robô HAL, de “2001”, na canção “Perfect Sense, Part I”, parte do seu terceiro álbum solo, “Amused to Death” (1992).

O motivo? O próprio músico confirmou que o disco era um álbum-conceito inspirado justamente no enredo de “2001”. No entanto, assim como Waters havia feito com Kubrick no passado, o cineasta negou o pedido, com a justificativa de que isso abriria portas para que outras pessoas fizessem o mesmo.

Por conta da recusa, Waters recriou o momento por conta própria e o incluiu na faixa. Após a morte de Kubrick, passou a usar a fala de HAL em apresentações ao vivo da música.

No entanto, há quem diga que Kubrick também recusou o pedido como forma de se vingar do episódio envolvendo “Atom Heart Mother” e “Laranja Mecânica”.

Mas por que citamos este fato se ele não teve relação direta com o boato? 

Simples: a legenda do primeiro vídeo na internet que mostra a sincronia entre a música e o filme afirmava que o rumor surgiu após muitas pessoas terem o confundido justamente com este episódio que acabamos de mencionar. Um trecho diz o seguinte:

“Roger Waters foi citado incorretamente ao dizer que a banda foi convidada a compor a trilha sonora (de ‘2001’) – quando, de fato, recusaram um convite para que ‘Atom Heart Mother” aparecesse em “Laranja Mecânica’.”

Por fim, outro ponto que também fez a teoria ganhar força e vale ser mencionado foi cortesia do filósofo Joe Steiff, que disse o seguinte no livro “Pink Floyd and Philosophy”:

“Um mashup menos conhecido é a sincronização de ‘Echoes’ com os 23 minutos finais de ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’. O mashup é coerente e coeso. O tom emotivo da música e as imagens trabalham em quase harmonia, resultando em um mashup que vale ser visto várias vezes. 

Tanto o filme quanto a música alimentam e expandem um senso de mistério e desconhecimento que cada um explora independentemente.”

“Echoes” e “2001: Uma Odisseia no Espaço”

Com tudo devidamente explicado, é hora de abordarmos o assunto principal do texto. Conforme dito por Nicholas Schaffner e Joe Steiff, essa sincronia de “Echoes” com “2001: Uma Odisseia no Espaço” ocorre no segmento “Jupiter and Beyond the Infinite”, que concluir o filme.

Os 23 minutos finais do longa, de fato, se casam perfeitamente com os mesmos 23 minutos de duração de “Echoes”. Confira no vídeo abaixo e tire suas próprias conclusões.

No entanto, por mais que a sincronia realmente exista, também há um simples fato que desmistifica toda essa história. “Meddle”, álbum do qual “Echoes” faz parte, foi lançado apenas em 1971, três anos após a chegada de “2001: Uma Odisseia no Espaço” nos cinemas.

Além disso, quando o longa estreou nos cinemas, a banda havia acabado de lançar seu primeiro álbum, conforme dissemos anteriormente – e disponibilizado apenas dois singles. 

Mesmo assim, ainda há quem diga que o grupo teria, propositalmente, criado “Echoes” para se casar com os minutos finais do filme, justamente por conta não ter participado da trilha sonora de “2001”.

De qualquer forma, como o Pink Floyd e Stanley Kubrick nunca tocaram neste assunto, soa mais como uma teoria inventada pela internet que ganhou força. Independentemente disso, a verdade é que a música, de fato, se sincroniza perfeitamente com o final do longa. É algo que nos faz ficar com a pulga atrás da orelha, não concorda?

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Augusto Ikeda
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Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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