Scorpions com dose extra de peso
*Por Thiago Zuma
Já se passavam quase 45 minutos de intervalo regados a longas filas nos banheiros e bares congestionados quando todas as luzes se apagaram e, sem frescuras e atrasos, os veteranos do Scorpions subiram ao palco direto com “Gas in the Tank”, faixa de abertura de seu bem recebido disco mais recente, “Rock Believer” (2022).
Apesar disso, a décima passagem da banda alemã por São Paulo trouxe pouca novidade para quem já os viu: uma mistura de algumas faixas do disco mais recente a um turbilhão de hits oitentistas, ignorando a cultuada fase setentista. Nenhum problema, já que ninguém foi ao Monsters of Rock para ser surpreendido.
Talvez tenha surpreendido, porém, a vitalidade e o peso demonstrados pelo grupo, muito graças à adição do baterista sueco Mikkey Dee, após anos quebrando tudo ao lado de Lemmy Kilmister no Motörhead. Logo de cara, a banda executou a animada “Make it Real” e a densa “The Zoo”, duas faixas de “Animal Magnetism” (1980), mostrando que não estava para brincadeira.
Ainda no início da noite veio “Coast to Coast”, faixa do álbum “Lovedrive” (1979), que marcou a estreia do guitarrista alemão Matthias Jabs no grupo. Foi a primeira de três pausas instrumentais do repertório, fundamentais para o descanso da voz de Klaus Meine, já nos seus 74 anos de idade e com histórico recente e natural de variados problemas de saúde.
Meine esteve bem ao longo da apresentação, demonstrando bastante esforço para conseguir atingir as peculiares notas agudas de sua voz, sem decepcionar, apesar de sua mobilidade no palco um tanto reduzida. Assim, sobrou mais espaço para o incansável Rudolf Schenker percorrer, nem de longe aparentando os mesmos 74 anos.
Como natural num show do Scorpions, as canções do disco em divulgação receberam reação mais polida. A pesada e arrastada “Seventh Sun” não teria soado deslocada no show do Candlemass, enquanto as cativantes “Peacemaker” e a “Rock Believer” poderiam até se tornar clássicos da banda se o público em geral se importasse em ouvi-las.
Porque, efetivamente, o show do Scorpions começou a pegar fogo quando a banda tocou “Bad Boys Running Wild”, a primeira das quatro faixas de “Love at First Sting” (1984) executadas a noite. “Delicate Dance”, um novo momento instrumental, repleta de solos de Jabs, serviu para abaixar os ânimos para as baladas que viriam a seguir.
“Send Me an Angel”, tocada de forma acústica, e o hino “Wind of Change”, com letra alterada em apoio à Ucrânia durante o conflito com a Rússia, receberam coros em uníssono e as já tradicionais lanternas de celulares ligadas, antes de “Tease Me Please Me” viesse elevar os ânimos novamente. As três citadas são do mesmo álbum, “Crazy World” (1990).
Depois de um esquecível solo de baixo do polonês Paweł Mąciwoda, veio um animado Mikkey Dee destroçando sozinho sua bateria, acompanhado por belo show de luzes e vários efeitos projetados sobre as imagens do músico nos telões, uma marca registrada do Scorpions ao vivo e que ocorreu por toda a noite.
As sirenes no sistema de som então indicaram “Blackout”, do disco homônimo de 1982 e, com o público devidamente reanimado pelo hit rápido e pesado, “Big City Nights” terminou a primeira parte da apresentação para mais coros para seu refrão de fácil apelo pelas pessoas que já lotavam o Allianz Parque.
Após breve pausa, afinal, é festival, a balada “Still Loving You”, um dos marcos daquela longínqua estreia do Scorpions no Brasil no Rock in Rio de 1985, logo trouxe novamente os coros e as lanternas de celulares, para o encerramento apoteótico com “Rock You Like a Hurricane”. Nenhuma novidade para quem já viu a banda antes. E, se julgarmos o tamanho da fila para os banheiros após o show, ninguém quis perder esse final. Atitude correta.
*Fotos de Gustavo Diakov / @xchicanox. Role para o lado para visualizar todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.
Repertório – Scorpions:
- Gas in the Tank
- Make It Real
- The Zoo
- Coast to Coast
- Seventh Sun
- Peacemaker
- Bad Boys Running Wild
- Delicate Dance
- Send Me an Angel
- Wind of Change
- Tease Me Please Me
- Rock Believer
- New Vision (Solo de baixo e bateria)
- Blackout
- Big City Nights
Bis:
- Still Loving You
- Rock You Like a Hurricane
Estive no show de BH, foi espetacular o show e bem legal ver o publico mesclado com com crianças , adolescentes, jovens e os tiozões.
Fui ontem ver o Deep Purple aqui em Curitiba.
Na minha opinião o comentário ao qual vc escreve que foi um show fraco, palha, pueril (fui atrás do significado) , ou é de maldade, ou não curte, ou não viu.
DEEP PURPLE É SELO DE GARANTIA!!!
É LENDA!! É QUALIDADE!!!
… ficar comparando com esse ou aquele é coisa de menininha ingrata, insatisfeita …de piazinho de prédio q nunca vai na rua jogar bola pois tem medo
RESPEITA AS COISA DO ROCK … poser
caso n tenha sido vc quem escreveu .. azar
Fabio, em nenhum momento qualquer pessoa neste site disse que o Deep Purple fez um show “fraco”, “palha” ou “pueril”. Nem eu, nem qualquer outro colaborador. Recomendo releitura atenta dos textos antes de publicar comentários.