Em sua primeira entrevista após o processo contra o Mötley Crüe se tornar público, o guitarrista Mick Mars voltou a atacar os antigos colegas. O músico de 71 anos alega estar sendo vítima de uma série de argumentações mentirosas. Também destaca estar com suas faculdades mentais intactas, o que diz poder comprovar através de laudos médicos.
Ele começa o bate-papo com a revista Variety ressaltando que o anúncio de sua retirada de cena, feito em outubro do ano passado, foi feito de forma equivocada da parte da banda. Mars reafirma que a ideia inicial não era deixar o grupo de forma definitiva, com a colaboração se extinguindo apenas nas atividades de estrada.
“Às vezes, as coisas são distorcidas por causa de outros membros. Eu realmente não sei se devo dizer isso, mas… Esses caras tentam me substituir desde 1987. Não foram capazes porque eu não sou apenas o guitarrista. Ajudei a formar a banda, o nome é minha criação, minhas ideias, o dinheiro que usamos para começar era meu. De outra forma, não teríamos ido a lugar nenhum.”
Mick reafirma ter todas as provas que pode para rebater a ideia de que vinha apresentando esquecimento das músicas durante shows recentes.
“O que eles insistem, há muitos anos, é que eu tenho uma memória ruim. É uma bobagem completa e fora de proporção. Por volta de 2012, quando começaram a dizer isso, voltei para casa e consultei todos os meus médicos. Eles disseram a todos da equipe de empresários – provavelmente cerca de cinco ou seis pessoas: ‘Não há nada de errado com ele’.
Mesmo assim, ainda estão jogando esse jogo comigo. Não tenho problema em lembrar as músicas. Meu problema é com eles, constantemente, o tempo todo, me dizendo que perdi minha memória. Não. Errado. Isto é errado. Absolutamente errado.”
A saúde de Mick Mars
O guitarrista faz questão de deixar claro que a espondilite anquilosante, doença inflamatória que causa a fusão das vértebras e com a qual lida há décadas, é o verdadeiro motivo para sua saída.
“Meu corpo estúpido está me dizendo ‘Não, não faça mais isso’. Sabe, vou fazer 72 anos e estou em turnê há 41, ajudando a construir a marca, ajudando a fazer isso e aquilo. E a verdade é apenas uma: estou parando por causa da minha doença.”
“Vocês são criminosos”
Mick Mars ainda revelou que lhe foi oferecido um pacote de rescisão que envolvia receber 5% da turnê atual. O músico diz no processo que a banda posteriormente aumentou a oferta para 7,5%, desde que concordasse em abrir mão de participações futuras nos lucros.
“É um insulto para mim que estejam me oferecendo isso. Não. É o meu nome. É Mick Mars, é Motley Crew, nós quatro que formamos a banda. Você teria que ter um bom motivo para ser demitido. Eu não. Eu poderia voltar no tempo e lembrar: ‘Ei, quer saber? Vou contra-atacar porque vocês, idiotas, são criminosos. Você (Tommy Lee, baterista) por abuso conjugal; você (Vince Neil, vocalista) por homicídio culposo’. Sou o único na banda sem antecedentes criminais.”
Em 1984, Vince Neil dirigia bêbado quando se envolveu em um acidente que causou a morte de Razzle, baterista do Hanoi Rocks que estava no banco do carona do carro. Ele chegou a ser preso, mas foi solto em poucos dias. Já Tommy Lee possui um histórico de agressões contra mulheres, incluindo a atriz Pamela Anderson, mãe de seus 2 filhos.
“Mesmo assim, estou sendo agredido mentalmente por eles, já estando fisicamente arruinado. O gaslighting e todas essas coisas, quando dizem que estou perdendo a cabeça e sou isso, aquilo e aquilo. Qual é o problema? Vocês são os criminosos, não eu. Eu que deveria estar apontando esses dedos. Você não pode ser demitido de sua própria empresa, a menos que faça algo terrivelmente ruim – como ser um criminoso.”
Playbacks e lembranças ruins
A seguir, Mick comentou uma das principais polêmicas de sua ação: a alegação do uso de bases pré-gravadas durante os shows.
“Nesta turnê em particular, o baixo de Nikki foi 100% gravado. A bateria de Tommy, até onde eu sei, era muita coisa. Não posso dizer que ele gravou tudo, mas houve alguns relatos de pessoas na plateia que disseram: ‘Oh, ouvi a bateria tocando, mas não há nenhum Tommy lá. A música começou e não havia baterista.’ Coisas assim. E, na verdade, tudo o que fizemos naquela turnê pelos estádios foi gravado, porque se não o fizéssemos, se perdêssemos uma parte, a fita continuaria rolando e você se perderia.”
Apesar da magnitude da “The Stadium Tour”, que também contou com Def Leppard, Poison e Joan Jett & The Heartbreakers, o guitarrista não guarda boas lembranças.
“Foram os piores 36 shows que a banda já fez. Originalmente seriam 12, mas aumentaram porque sabiam que eu iria me aposentar depois disso. Tenho um pressentimento que eles queriam que eu fosse embora de qualquer maneira. Afinal, queriam isso desde sempre. É apenas frustrante para mim. Estou muito chateado por estarem fazendo essa porcaria quando os carreguei nas costas por anos.”
A sequência do Mötley Crüe
Desde a turnê latino-americana, ocorrida recentemente, Mick Mars vem sendo substituído por John 5 (ex-Rob Zombie, Marilyn Manson e David Lee Roth). O Mötley Crüe nega todas as acusações e declara ter testemunhos de outras pessoas em relação à incapacidade do antigo colega durante os shows realizados ano passado.
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