James Hetfield enfrentou fases turbulentas nos últimos anos. Em setembro de 2019, o vocalista e guitarrista do Metallica deu entrada em uma clínica de reabilitação para tratar mais uma vez sua dependência em álcool e, posteriormente, dedicou-se à terapia familiar — ele se divorciou da esposa, Francesca Tomasi, após 25 anos.
Como descrito pela revista The New Yorker, o músico passou onze meses distante de compromissos profissionais, para colocar a cabeça no lugar e cuidar de si mesmo. Considerando seu “vício” pela fama e pelo trabalho, tirar esse tempo foi essencial, não só para sua carreira, como para a sua vida pessoal.
Agora, em recente entrevista ao jornalista Steffan Chirazi para a revista oficial So What, Hetfield comparou tal momento de pausa como um “renascimento”:
“O que eu senti em 2020, no início da primavera [no hemisfério norte, entre março – junho] de 2020… aconteceu um renascimento em mim, quando percebi que precisava de ajuda na minha vida. Fui para a reabilitação, dei uma pausa nas coisas da banda por questões de saúde física e mental… isso era a prioridade, mesmo que eu só quisesse continuar com a banda e fugir dos problemas. Quando há tantas coisas acontecendo no resto de sua vida, é difícil tirar um tempo para si mesmo, para chegar ao ponto de sentir que você está pelo menos funcionando. E para mim, às vezes não tem sido fácil simplesmente excluir o resto do mundo.”
O cantor reconhece, no entanto, que o período pandêmico trouxe muito sofrimento para a sociedade. Ainda assim, em contrapartida, considera-se grato por ter conseguido desacelerar seu próprio ritmo.
“Quando a pandemia aconteceu, foi horrível, absolutamente horrível para muitas pessoas. Mas de uma maneira estranha, teve um lado bom para mim. Eu fui capaz de colocar freios na vida e realmente tirar um tempo para abraçar minhas necessidades naquele momento. Não excluindo todas as coisas terríveis que estavam acontecendo, mas foi uma coisa oportuna que aconteceu e eu consigo ver a positividade nisso em relação a mim.”
Metallica, “72 Seasons” e saúde mental
O Metallica lançará o seu novo álbum de estúdio, “72 Seasons”, nesta sexta-feira (14). Um dos singles do projeto, “Screaming Suicide”, traz uma mensagem importante sobre suicídio.
Em nota oficial, James Hetfield explicou por que a canção aborda o tema:
“‘Screaming Suicide’ trata do tabu do suicídio. A intenção é falar sobre a escuridão que sentimos por dentro. É ridículo pensar que devemos negar que temos esses pensamentos. Em um ponto ou outro, acredito que a maioria das pessoas já pensou nisso. Enfrentar isso é falar o que não é dito. Se é uma experiência humana, devemos ser capazes de falar sobre isso. Você não está sozinho.”
** No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação civil sem fins lucrativos, oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, gratuitamente, 24 horas por dia. Qualquer pessoa que queira e precise conversar, pode entrar em contato com o CVV, de forma sigilosa, pelo telefone 188, além de e-mail, chat e Skype, disponíveis no site www.cvv.org.br.
Em entrevista promocional gravada em áudio, distribuída a veículos de comunicação americanos, o cantor e guitarrista ainda refletiu sobre as situações difíceis a que foi submetido em sua existência, tanto individualmente quanto em grupo, e como isso inspirou o trabalho de inéditas.
“Tem havido muita escuridão em minha vida e em nossa carreira, graças a coisas que aconteceram conosco. Mas sempre buscamos um senso de esperança, vendo a luz que há naquela escuridão… Sem escuridão não há luz, poder focar um pouco mais na luz da vida, em vez de focar em como costumava ser e como é horrível. Há muitas coisas boas acontecendo na vida, isso ajuda a equilibrar. E não há significado para isso – todo mundo tem algum senso de esperança ou luz em sua vida. Obviamente, a música é a minha. Especificamente quando se trata de reunir pessoas em um show, ser capaz de ver a alegria, a vida e o amor que vem da música, da família e do parentesco nisso. Apenas uma sensação de elevação.”
James Hetfield desabafa no Brasil
Durante um show em Belo Horizonte no ano passado, encerrando a passagem da turnê “Worldwired” no Brasil, James Hetfield confessou emocionado que, às vezes, se sente inseguro no palco. Assim como em “Screaming Suicide”, o artista garantiu aos fãs presentes que eles não estavam sozinhos.
“Preciso dizer que eu não estava me sentindo muito bem antes de vir aqui. Eu me sentia um pouco inseguro, como um cara velho, que não consegue mais tocar – todas essas besteiras que falo a mim mesmo, na minha cabeça.
Então eu conversei com esses caras, e eles me ajudaram – simples assim. Eles me deram um abraço e disseram: ‘ei, se você está sofrendo no palco, te daremos apoio’. Isso significa o mundo para mim. E vendo vocês aí, eu (sinto que)… eu não estou sozinho. Eu não estou sozinho e vocês também não.”
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