Só quem cresceu ouvindo rock nacional nos anos 2000 sabe o quanto essas músicas marcaram uma geração. Letras e melodias que tocaram nossos corações naquela época, ainda hoje, seguem despertando emoções inexplicáveis.
E foi assim, com uma energia insana, que o público recebeu a primeira edição do 2000 Rock Fest no último sábado (15), na Esplanada do Mineirão, em Belo Horizonte. O evento contou com a participação de Tianastácia, Fresno, Tributo ao Charlie Brown Jr., Di Ferrero, Pitty e Detonautas.
Um lineup perfeito para sair do chão e até mesmo deixar rolar algumas lágrimas — por que não?! Confira o que rolou por lá!
*Fotos de Iana Domingos / @ianadomingoss. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.
Tianastácia abre em grande estilo
Tianastácia foi a primeira banda a subir no palco do festival dedicado ao rock brasileiro que bombava 20 anos atrás. Aliás, o sucesso do evento está aí para provar que as bandas e os fãs estão dispostos a perpetuar a história.
Depois de mandar uma sequência de três hits, o vocal Antônio Júlio Nastácia ofereceu um brinde aos que chegaram cedo no rolê. Nada mais justo, né? E para homenagear uma das vozes mais icônicas do MPB, a banda tocou um clássico do seu repertório, “Conto de Fraldas”, composição de Tom Zé.
Outro som que fez parte do setlist foi “O Sol”, isso mesmo, aquela música que todo mundo conhece na versão do Jota Quest, mas é do Tianastácia. A participação do Digão, guitarra e vocal no Raimundos, fez a galera bater cabeça ao som de Rage Against the Machine e sair do chão com “Eu quero ver o oco”, que foi dedicada ao eterno Canisso.
Repertório:
- Cabrobró
- Sanatório
- Fora de Controle
- Favela
- Conto de Fraldas
- Guardanapo de Boteco
- O Sol
- Sapo Antunes
- Killing in the Name (Rage Against the Machine) – com Digão
- Eu Quero Ver o Oco (Raimundos) – com Digão
- Mulher de Fases (Raimundos) – com Digão
- Cabrobró – com Digão
Fresno: o emocore vive!
A emoção tomou conta do Mineirão quando a Fresno entrou em cena. A banda, que esteve em BH em maio do ano passado, voltou para abraçar o público que eles tanto amam. Lucas Silveira, vocalista e guitarrista, sempre faz questão de enfatizar o quanto é gratificante tocar na capital mineira. Desta vez, declarou:
“Que bênção é ter esse grau de conexão com vocês! Através da música a gente rompe tantas barreiras, e são vocês que fazem essa corrente.”
A nação emo belorizontina pôde desfrutar de músicas de diferentes fases da banda, incluindo “Quebre as correntes”, que fez todo mundo soltar a voz e vibrar em nostalgia. Além da vibe sentimental, a banda traz mensagens com teor político-social, a exemplo das letras de “FUDEU!!!” e “Eles odeiam gente como nós”, faixas do álbum mais recente deles, “Vou ter que me virar”.
Como recurso visual, a Fresno apostou em um telão com flashes variando entre o nome da banda e cenas de anime. Acabou não se tornando um grande destaque da apresentação, já que a luz do dia não ofereceu o contraste necessário para causar um efeito mais impactante.
Repertório:
- Intro instrumental
- Vou Ter Que Me Virar
- FUDEU!!!
- Natureza Caos
- Manifesto
- Quebra as Correntes
- Eu Sei
- Já Faz Tanto Tempo
- Eles Odeiam Gente Como Nós
- Agora Deixa
- Milonga
- Desde Quando Você Se Foi
- Casa Assombrada
Eu digo “Charlie”, vocês dizem “Brown”
Muita gente não esperava que o tributo ao Charlie Brown Jr. fosse tão incrível, mas a banda surpreendeu demais! Acredite, o Mineirão literalmente tremeu quando a galera começou a pular ao som de “Papo reto”.
Com os vocais de Egypcio (ex-Tihuana) e agora também com o baixista Denis Mascote na vaga deixada por Heitor Gomes, o grupo mantém seu espírito jovem e animado nesta versão em homenagem. O vocalista, inclusive, ressalta que está ali não para substituir o Chorão, mas para respeitá-lo. De fato, é isso que a gente sente ao assistir os caras tocando — e por falar em “tocar”, duas baterias dividem as atenções no palco, com Bruno Graveto e André “Pinguim” Ruas performando juntos.
O guitarrista Thiago Castanho mencionou a primeira vez que tocou em BH, em 1997, e fez questão de homenagear os gigantes que se foram: Chorão e Champignon. Ele assumiu o microfone para cantar o clássico “Céu Azul”, e assim eternizou um dos momentos mais lindos da apresentação. Também guitarrista, Marcão Britto tomou os vocais em “Como tudo deve ser”.
*Fotos de Iana Domingos / @ianadomingoss. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.
Repertório:
- Tudo Que Ela Gosta De Escutar
- Me Encontra
- Pontes Indestrutíveis
- Te Levar Daqui
- Zóio De Lula
- Céu Azul
- Hoje Eu Acordei Feliz
- Só Por Uma Noite
- Lutar Pelo Que É Meu
- Como Tudo Deve Ser
- Samba Makossa (Chico Science & Nação Zumbi)
- Papo Reto
Pensou que não ia ter mosh no CPM 22? Pensou errado!
Bastou o CPM 22 subir ao palco para se formarem rodas de mosh no meio da plateia. Esse foi o momento em que os amantes do hardcore se sentiram em casa! E o vocalista, Badauí, deu o recado: “para aqueles que perguntam se o rock morreu, eu respondo: você é que morreu por dentro”.
Apesar da banda entregar uma apresentação visualmente simples, apenas com uma imagem congelada no telão, o som foi suficiente para deixar o público sem fôlego. Vale mencionar que foi um show de boas lembranças, afinal, o repertório estava repleto de canções clássicas, especialmente faixas do segundo e terceiro álbuns.
A execução também segue competente, mesmo com duas mudanças de formação nos últimos anos. Além de Badauí e dos guitarristas Luciano Garcia e Phil Fargnoli, o grupo conta desde 2020 com Ali Zaher no baixo e Daniel Siqueira na bateria.
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Repertório:
- Regina Let’s Go
- Tarde De Outubro
- Pagar Pra Ver?!
- Atordoado
- Dias Atrás
- Felicidade Instantânea
- Um Minuto Para O Fim Do Mundo
- Escolhas, Provas E Promessas
- Inevitável
- Apostas E Certezas
- Não Sei Viver Sem Ter Você
- O Mundo Dá Voltas
- Ontem
- Desconfio
Di Ferrero encerra sua turnê no 2000 Rock Fest
Com o NX Zero voltando com tudo, Di Ferrero anunciou que o show em Belo Horizonte foi o último da sua turnê solo. Sua apresentação no evento mesclou hits do álbum “:( Uma Bad Uma Farra :)” com músicas de sua banda de origem e covers.
A apresentação do Di merece um destaque especial: as luzes do palco e o painel de fundo caíram como uma luva no início da noite. Ele também utilizou bonecos de posto para completar o visual, trazendo um recurso visual divertido e inusitado.
Além de trazer novos arranjos para canções antigas, como “Onde estiver”, Di convidou Badauí ao palco para cantarem juntos “Um Brinde”. Infelizmente, problemas técnicos atrapalharam a experiência de ver esse encontro, e algumas das próximas músicas também ficaram prejudicadas pelo mau funcionamento do som. Tirando isso, a produção do evento está de parabéns!
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Repertório:
- Só rezo (NX Zero)
- Intensamente (Vitor Kley Part. Di Ferrero)
- Além De Mim (NX Zero)
- Daqui Pra Frente (NX Zero)
- Aonde É O Céu
- Cedo ou Tarde (NX Zero)
- Corpo Fechado
- Outra Dose
- Onde Estiver (NX Zero)
- Garota Radical (Cine)
- As Cores (Cine)
- Uma Bad Uma Farra
- Um Brinde – com Badauí
- Pela Última Vez (NX Zero)
- Razões e Emoções (NX Zero)
- Sentença
Pitty e os 20 anos de “Admirável Chip Novo”
É muita história para contar! O festival é nostálgico por si só, ainda mais quando conta com um nome de tanto peso como a Pitty e sua comemoração de duas décadas do álbum “Admirável Chip Novo”.
Foi um show de encher os olhos, até porque o palco virou um cenário maravilhoso, com tecidos que permitiram um jogo de luz e sombra impressionante. Pitty se movimentou como nunca e mostrou uma presença digna de uma mulher no rock.
Neste show da turnê intitulada “ACNXX”, a cantora simplesmente apresentou o disco na íntegra. Depois, resolveu tocar um lado b para os fãs de carteirinha: “Seu mestre mandou”, faixa do EP “Lado Z”.
“Tão ou mais importante que o ROCK, é o ROLL”, disse ela, em uma brincadeira incentivando o público a soltar o quadril. Em terras mineiras, Pitty ainda contou que agora tem um integrante mineiro na banda, o baterista Jean Dolabella (Ego Kill Talent, ex-Sepultura), que completa a formação ao lado de Martin Mendonça (guitarra) e Paulo Kishimoto (baixo).
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Repertório:
- Teto De Vidro
- Admirável Chip Novo
- Máscara
- Equalize
- O Lobo
- Emboscada
- Do Mesmo Lado
- Temporal
- Só De Passagem
- I Wanna Be
- Semana Que Vem
- Seu Mestre Mandou
- Love Buzz (Nirvana)
- Sete Vidas
- Memórias
- Na Sua Estante
- Me Adora
Detonautas encerra o 2000 Rock Fest
Os caras do Detonautas Roque Clube subiram ao palco do festival em grande estilo. Encerrando o evento, eles agitaram fãs que ficaram até o final para curtir a banda liderada por Tico Santa Cruz e completa por Renato Rocha e Philippe nas guitarras, Fábio Brasil na bateria e André Macca no baixo.
Com um total de oito álbuns de estúdio lançados e mais de 25 anos de carreira, o que não falta é repertório. Eles tocaram músicas dos seus primeiros discos e faixas mais atuais, passando por clássicos como “Quando o sol se for” e “Olhos certos”.
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Tico relembrou a época do Pop Rock Brasil, evento local realizado até 2008, e contou como sentiu falta de festivais do tipo. Ele também fez uma homenagem a Marcelo Yuka, mencionando o quanto o artista fortaleceu seus valores e foi importante musicalmente. Logo após o discurso, a banda interpretou o hino “Minha alma” (O Rappa).
“O amor é a única revolução verdadeira”. Esta foi a mensagem que o vocalista deixou para o público nos momentos finais do show. E para fechar a noite com chave de ouro, Di Ferrero foi convidado para cantar “Outro lugar” junto à banda.
Repertório:
- Só Por Hoje
- Quando O Sol Se For
- Tênis Roque
- Send U Back
- O Dia Que Não Terminou
- Minha Alma (O Rappa)
- Só Nós Dois
- O Retorno De Saturno
- Olhos Certos
- O Amanhã
- Você Me Faz Tão Bem
- Outro Lugar – com Di Ferrero
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