A franquia “John Wick” mudou a história do gênero de ação no cinema. Além de inovar na forma de se captar uma luta coreografada, a obra criou todo um balé técnico para nos entregar uma experiência única em ação.
Com isso, fica a pergunta do que a pessoa que paga um caro ingresso de cinema quer e espera ao se sentar na poltrona. História? Diálogos? Reflexões? Dramas visando o Oscar? Ou uma ação primorosa, ininterrupta, feita em um nível de maestria que faz com que a roda seja novamente remodelada – e por 2 horas e 49 minutos?
Em relação a roteiro, “John Wick 4: Baba Yaga” é o pior filme da franquia. Já em ação, é o melhor e mais uma vez muda a história do cinema do gênero. Um verdadeiro espetáculo visual, técnico e coreografado é oferecido – é isso que interessa neste longa.
Pela última vez
Ainda lutando contra uma organização de assassinos, John Wick (Keanu Reeves) se vê dentro de uma nova etapa rumo à tão sonhada paz. Desta vez, o técnico matador encontra um novo caminho para enfim colocar um ponto final em seus inimigos e tirar o prêmio por sua cabeça, que está mais alto do que nunca.
Sem segredos, o filme segue à risca um modelo padrão e até clichê do tema. Novamente na direção de tudo, Chad Stahelski age quase como um fã. O cineasta entende que a roda já foi revolucionada lá atrás com os dois primeiros filmes da franquia e que sua missão neste quarto capítulo seria apenas criar uma base sólida que pudesse sustentar todos os absurdos vistos em tela.
“John Wick 4: Baba Yaga” tem roteiro péssimo, cheio de conveniências e explicações estapafúrdias para conseguir fazer a obra andar até chegar no ponto que todos queremos ver: a ação. Os diálogos são piegas e as motivações nunca ficam totalmente claras, mas você compra tudo o que vê – e o diretor sabe disso. Tudo o que não é ação serve apenas como preparação do terreno para mais e mais cenas de ação de qualidade.
Primor em tela
Se falta roteiro, sobra qualidade técnica. “John Wick 4: Baba Yaga” se assume como um longa de ação, sem vergonha de admitir o que é, e oferece o que provavelmente seja o ápice do potencial de ação que um filme pode executar. Um esplendor desse tipo em uma tela de cinema é capaz de lavar a alma.
Diferentemente de “Top Gun: Maverick”, que une e abraça com excelência todos os quesitos do que faz um filme ser bom, “John Wick 4: Baba Yaga” contempla apenas a ação. Por outro lado, não se limita a permitir que Keanu Reeves “carregue o piano” sozinho. Há outros companheiros que podem render ótimos spin-offs, com destaque ao super astro de filmes de artes marciais Donnie Yen (“Star Wars: Rogue One”) como Caine – um personagem que beira a perfeição em ação, carisma e motivações.
Não há como não imaginar “John Wick 4: Baba Yaga” rendendo bastante em bilheteria. Contudo, dificilmente chegará à casa do bilhão, seja pela extensa duração para um filme de ação – o que pode espantar uma parte do público –, seja por não ser uma obra para todos. É preciso abrir mão da realidade para curtir tal espetáculo em tela.
*“John Wick 4: Baba Yaga” estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (23).
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