Hayley Williams diz que pessoas só lembram da parte boa do emo

Cantora do Paramore destaca em diversas entrevistas o machismo que sofreu na indústria musical

Hayley Williams tem uma série de ressalvas a respeito do cenário punk rock e emo de antigamente. Em diversas ocasiões, a vocalista do Paramore destacou as ocasiões em que foi alvo de machismo e como o ambiente não era acolhedor para as mulheres, para as pessoas negras ou para a comunidade LGBTQIA+.

Seguindo o mesmo raciocínio, em entrevista ao NME, ela afirmou que o público só se lembra da parte boa do emo e esquece de todos os outros fatores ruins.

“As pessoas olham para o passado de forma bem colorida. Falam da parte boa e esquecem do resto. Era chamado de ‘cena alternativa’ por ser estranho. As jovens eram intimidadas e é por isso que tantos caras de bandas escreveram músicas de m#rda sobre suas ex-namoradas. Eu fico com raiva pela injustiça que um monte de pessoas intimidadas sofreu. Foi criado um mundo onde outras pessoas não se sentiam bem-vindas.”

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Hayley Williams e o machismo

A injustiça citada pela musicista recebeu detalhes durante a apresentação do Paramore no festival emo/pop punk When We Were Young, em Las Vegas, em outubro do ano passado. Apesar do caráter celebratório do evento, que reuniu bandas e artistas consolidados do gênero, a cantora mencionou em um discurso os problemas do início dos anos 2000.

“Quando o Paramore entrou na cena punk rock, por volta de 2005, não era um lugar seguro para se estar se você fosse diferente, se você fosse uma mulher jovem, se você não fosse uma pessoa branca, se você fosse queer, e é realmente horrível você pensar sobre isso. Fiquei farta de deixar as pessoas mais velhas, especialmente os homens mais velhos, me dizerem o que é ou não é punk rock.”

Conversando com a Billboard, Williams relembrou a ocasião e acrescentou que Fat Mike, baixista e vocalista do NOFX, insinuou que ela realizava certas práticas sexuais no palco quando mais nova:

“Não queremos ser uma banda de nostalgia. Mas acho que o que senti no festival foi uma mistura de reivindicação e também muita raiva. Fiquei realmente surpresa que eu tinha tanta raiva em mim, porque eu estava pensando: ‘espere um minuto, eles estão nos tratando como um prêmio agora’. Fat Mike costumava falar que eu fazia anilíngua no palco quando eu tinha 19 anos de idade. Não acho que isso seja punk ou seja a essência do punk. Eu sinto fortemente que sem as mulheres jovens, as pessoas de cor e a comunidade queer, ainda estaríamos onde estávamos antes.”

Para a Vulture, em 2020, ela também desabafou sobre o machismo que sofreu no início da carreira. Como explicou, os festivais subestimaram o Paramore por causa da liderança feminina da banda:

“A cena pop-punk e emo do início dos anos 2000 foi brutalmente misógina. Havia muito machismo internalizado e mesmo quando você tinha a sorte de conhecer bandas que eram gentis e respeitosas, havia outras que não eram (…). Nos ofereceram um lugar na turnê Warped, com uma ressalva: nos apresentaríamos em um palco chamado Shiragirl Stage, apenas com mulheres. Fiquei put*. Eu queria me apresentar num palco de verdade. Quando me ofereciam oportunidades só com mulheres, parecia um elogio desonesto. As pessoas às vezes pensam que isso é antifeminista, que eu não quero ser colocada com as outras meninas. Mas como um jovem de 16 anos que sonhava em tocar com os grandes caras, parecia que estávamos sendo menosprezados.”

Paramore atualmente

Após quase seis anos, o Paramore lançou o seu novo álbum de estúdio, “This is Why”, pela Atlantic Records. No material de 10 faixas, que sucede “After Laughter” (2017), a banda se inspirou em grupos como Bloc Party e Foals.

Como parte de uma turnê pela América do Sul, o trio – composto também por Taylor York (guitarra) e Zac Farro (baterista) – realizará dois shows em São Paulo, em março, no Centro Esportivo Tietê, e um no Rio de Janeiro, no Qualistage. Há apenas ingressos disponíveis do tipo “pista premium” inteira para a data extra na capital paulista no site da Tickets for Fun.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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