O baixista Luis Mariutti concedeu entrevista a Gastão Moreira, no canal do YouTube Kazagastão. Nela, o músico falou sobre os motivos que levaram à sua saída e consequente rompimento do Shaman, anunciado na noite da última terça-feira (10) pelo guitarrista e irmão de Luís, Hugo Mariutti.
Conforme transcrição do Whiplash, o instrumentista fez questão de ressaltar que as divergências políticas sempre existiriam. Porém, as reações preconceituosas do baterista Ricardo Confessori fizeram com que o clima se tornasse insustentável.
“Eu tentei nessa volta, com o Ricardo especificamente, ser o mais correto possível no sentido de não misturar as coisas, porque eu já vi que ele estava com uma cabeça mais radical, com pensamentos completamente diferentes do meu. A gente recebe mensagens de questionamento, de ‘não sei o que, p*rra por ser por você ser petista e o cara Bolsonaro, vocês fizeram isso, que não sei o que’. Não, não foi, não foi isso.
O Ricardo, de alguns anos pra cá, tem postado coisas mais radicais. Muitos fãs vieram pra gente ao longo desse tempo falando ‘Oh velho desculpa aí, mas eu não sigo mais a sua banda cara, porque eu discuti com o cara ali’ não sei o que. A gente vinha relevando e até sendo criticado. ‘Pô, os caras são passa pano’. Algumas mensagens, né? Por política vocês fizeram isso? Não! Foi por preconceito, por coisas preconceituosas.”
Gota d’água
A gota d’água veio quando Confessori proferiu uma série de insultos homofóbicos ao responder fãs em uma postagem nas redes sociais. Um dos ofendidos, o veterinário e músico Mateus Ferreira, anunciou que tomará medidas judiciais.
De acordo com Luís, a coisa acabou respingando até mesmo em sua família.
“Se ele não se deu o trabalho de pensar, porque ali tem uma frase, por exemplo, de preconceito ao feminismo, né? A minha esposa é uma mulher que vive com os conceitos feministas, que passa conceitos feministas pra nossa filha, conceitos de igualdade e muitas vezes, por ela estar comigo por ela opinar, eu ouço ‘ah que que essa mulher do cara está fazendo?’; ‘Pô essa Yoko Ono’, entendeu cara? ‘Ah a mina do cara quer dar palpite?’. Não, velho, é a mulher que produz eventos, é a mulher que contrata o Ricardo.
Mesmo com todas essas diferenças, ele tocou agora em dezembro no nosso evento. Contratado pela feminista Fernanda. Macho de esquerda é piada pronta, ele comentou. Você não acha que você pode estar ofendendo ali, pessoas que trabalham com você e tudo mais?”
“Rescue” e fim de um ciclo
Mariutti ainda revelou que “Rescue”, álbum mais recente do Shaman, representou um fim de ciclo, algo que ele já sentia antes mesmo das últimas desavenças.
“Acabando a gravação eu senti uma sensação de dever cumprido ali, de final de ciclo, sabe? Tanto que, para mim, a turnê foi muito pesada.”
O bate-papo completo pode ser conferido no player abaixo.
Sobre o Shaman
Formado em 2000 por três ex-integrantes do Angra – Luis, Ricardo e o saudoso vocalista Andre Matos – junto de Hugo e o tecladista Fábio Ribeiro (que também trabalhava com o Angra como músico de apoio), o Shaman gravou dois álbuns de estúdio com sua formação original, que esteve na ativa entre os anos de 2000 e 2006, quando Matos, Ribeiro e os irmãos Mariutti saíram.
Confessori manteve o grupo com uma nova configuração, encerrada em 2013 após outros dois discos de inéditas serem registrados.
Cinco anos depois, em 2018, foi anunciada uma reunião do quinteto original. A iniciativa ficou restrita a shows, visto que em 2019 Andre faleceu em decorrência de um ataque cardíaco. Alírio Netto ocupou a vaga de vocalista e os músicos gravaram o álbum “Rescue”, lançado em 2022.
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