Um concurso criado pelo Pink Floyd junto com o British Film Institute para animações reinterpretando visualmente as músicas de “The Dark Side of the Moon” está sendo acusado de explorar artistas.
A disputa, anunciada dia 19 de janeiro em um vídeo estrelado pelo baterista Nick Mason, irá selecionar 10 videoclipes, um para cada faixa do disco. Serão até 235 mil libras em prêmios totais, com o vencedor de cada música levando 10 mil libras e um grande prêmio de 100 mil libras.
Entretanto, conforme observado pela Classic Rock, vários internautas astutos e profissionais de animação apontaram duas cláusulas problemáticas no edital do concurso. Ambas dizem que qualquer trabalho submetido passará a ser propriedade intelectual da banda e do instituto.
A cláusula 23 diz:
“Você concorda e reconhece que, ao enviar sua inscrição de vídeo, você irrevogavelmente, exclusivamente e com garantia total de propriedade cede ao promotor, inclusive por meio de uma presente cessão de direitos futuros, todos os direitos de e para a sua inscrição de vídeo ( incluindo, sem limitação, todos os direitos autorais e/ou outros direitos de propriedade conforme definido na Lei de Direitos Autorais, Designs e Patentes (1988) e/ou de acordo com as leis em vigor em todo o mundo em perpetuidade e sem restrição e/ou mais pagamento a você e/ou a terceiros.”
Já a cláusula 24 declara:
“Sem limitar de forma alguma a generalidade da cessão de direitos estabelecida na cláusula 23 acima, o promotor terá o direito exclusivo de monetizar e usar o conteúdo de entrada de vídeo enviado dos vencedores, incluindo, sem limitação, no canal do Pink Floyd no YouTube e em suas outras páginas de redes sociais, incluindo, sem limitação, Facebook, Twitter, Instagram e/ou Snapchat.”
Reações
Uma das reações mais comentadas veio de Joaquín Baldwin, diretor de fotografia de animação e artista de layout que trabalhou em filmes como “Zootopia”, “Frozen – Uma Aventura Congelante”, “Moana”, “Detona Ralph” e “Encanto”. Ele escreveu no Twitter:
“Então, vocês estão distribuindo o equivalente a grana de almoço por centenas de vídeos, que vocês terão controle sobre os direitos autorais, pedindo para a maioria desses estudantes e artistas emergentes, que vocês querem tanto apoiar, para trabalhar de graça. ‘Money, it’s a hit. Don’t give me that do goody good bullshit’.”
O quadrinista Dave Scheidt, por sua vez, declarou:
“A pessoa que dirige esta mídia social está sendo paga. Quem pensou nessa ideia estúpida está sendo pago. O Pink Floyd está sendo pago. Por que você faria um animador ou cineasta trabalhar de graça? A exposição não vai pagar seu aluguel. Eles poderiam estar oferecendo US$ 1 milhão, mas isso não muda o fato de que estão pedindo às pessoas que trabalhem de graça com a menor chance de serem pagas por seu tempo e trabalho. Não é como funciona a animação ou a arte profissional. Isso é exploração.”
Polêmicas da reedição
Essa não foi a única polêmica envolvendo “The Dark Side of the Moon” nos últimos dias. Ao divulgar um logo comemorativo dos 50 anos de lançamento do álbum, as redes sociais do Pink Floyd foram inundadas por comentários homofóbicos por causa da famosa imagem do prisma criando um arco-íris que estampa a capa do disco.
Pink Floyd e “The Dark Side of the Moon”
Lançado em 1º de março de 1973, “The Dark Side of the Moon” permaneceu 741 semanas consecutivas na parada norte-americana, entre 1973 e 1988. Em sua última turnê, realizada na primeira metade dos anos 1990, o Pink Floyd (sem o baixista e vocalista Roger Waters) executou o álbum na íntegra. Uma performance pode ser conferida no trabalho ao vivo “P.U.L.S.E”.
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