A plateia para o keynote das 15h de terça-feira, 8 de novembro, estava lotada. Executivos, empresários, mas em grande parte muitos fãs de metal, todos ali para ver de perto Bruce Dickinson, vocalista lendário do Iron Maiden, no primeiro dia de Rio Innovation Week no Pier Mauá, centro do Rio de Janeiro.
Existia a expectativa do cantor apresentar uma versão de seu show de spoken-word “What Does This Button Do?”, baseada em sua autobiografia de mesmo título. Uma apresentação marcada para passar pelo Brasil em 2021, após um adiamento devido à pandemia, foi cancelada junto com o resto da turnê latino-americana do espetáculo.
Entretanto, o tom ficou claro a partir do momento que ele entrou no palco.
Na estica, mas com problemas
Apesar de ser recebido ao som de “The Number of the Beast”, Dickinson estava vestido como que para uma reunião de negócios. Blazer, jeans, cabelo grisalho arrumado num rabo de cavalo.
Também dono de carreiras como dono de empresa de manutenção de aeronaves, piloto de avião, esgrimista, mestre cervejeiro e apresentador de rádio, ele estava lá para falar de inovação e suas experiências na indústria aeroespacial no âmbito de redução das emissões de carbono.
Ou ao menos era o que ele queria fazer. De cara, o microfone estava falhando constantemente. O controle remoto com o qual ele poderia passar seu slideshow não funcionava, a ponto dele arremessar o objeto no meio da plateia, atingindo nossa fotógrafa, Jéssica Marinho.
Apesar da frustração
Bruce estava visivelmente frustrado com os problemas técnicos, mas isso não o impediu de dar uma palestra de 30 minutos abrangendo primariamente a necessidade de que o mundo dos negócios compreenda a importância de pessoas.
Ele citou o exemplo do pai, um mecânico capaz de consertar qualquer carro, construindo peças do zero se necessário. Segundo Dickinson, esse tipo de profissional se tornou obsoleto porque as companhias preferem a comodidade de fazer seus clientes comprarem produtos novos ao invés de consertar as coisas.
Dickinson ressaltou a importância de combater mudanças climáticas enquanto detonava soluções fajutas dadas por gigantes de tecnologia – como o metaverso e criptomoedas, que ele categorizou como “imorais”.
Negócios com o carisma de Bruce Dickinson
No geral, Bruce Dickinson deu uma palestra tradicional de um evento de negócios, ainda que colorida pelo carisma de um dos maiores vocalistas da história do metal. Ele conseguiu fazer a plateia rir em meio a piadas sobre o tamanho dos mosquitos brasileiros e histórias sobre seu diagnóstico de câncer na garganta em 2015.
Ao final, o cantor aproveitou para discutir a parceria do Iron Maiden com a cervejaria brasileira Bodebrown, localizada em Curitiba.
Quem queria assistir um de seus vocalistas preferidos falando sobre a carreira pode ter se frustrado. Já quem queria apenas uma quebra do marasmo de palestras chatas sobre empreendedorismo teve 30 minutos de diversão.
O Rio Innovation Week acontece até a próxima sexta-feira (11), no Pier Mauá. Entre os palestrantes estão o cineasta Spike Lee, o empresário americano Steve Forbes (fundador da revista com seu sobrenome), o publicitário Nizan Guanaes e a influenciadora digital Bianca Andrade, a “Boca Rosa”.
*Fotos de Jéssica Marinho / @jessicamarinhophoto.
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