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5 discos para conhecer Scott Weiland

Trabalhos com Stone Temple Pilots, Velvet Revolver e solo compõem lista de apresentação ao cantor

Quem via o talento com que Scott Weiland conduzia o público durante as apresentações do Stone Temple Pilots ou do Velvet Revolver e ouvia nos discos a versatilidade de suas interpretações sem se ligar no que era cantado não poderia supor que havia ali uma alta atormentada. Por fim, um dos maiores vocalistas que o rock já teve acabou sucumbindo ao vício na mais terrível das drogas.

Em três décadas de carreira, Weiland gravou poucos álbuns. Foram seis com o Stone Temple Pilots, dois com o Velvet Revolver e algumas poucas empreitadas paralelas e solo. Contudo, vendeu cópias o suficiente — estima-se mais de 40 milhões somente nos Estados Unidos — para ter sua obra imortalizada no consciente coletivo tanto dos que o descobriram no começo da década de 1990 quanto dos que o fizeram na virada dos anos 2000.

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Oor mais que seu substituto no Stone Temple Pilots o tente noite após noite, Scott Weiland é inimitável. Foi, além de performer de primeira, um tremendo letrista. Na franqueza de seus versos lê-se um homem sufocado por seus tormentos — e mesmo tendo meios e recursos para sair do fundo do poço, lá permaneceu até sua morte em 2015.

Conheça abaixo os cinco discos que melhor contemplam suas inúmeras facetas artísticas.

5 discos para conhecer Scott Weiland

Stone Temple Pilots – “Core” (1992)

“I wanna be big as a mountain / I wanna fly high as the sun” (“Quero ser grande como uma montanha / Voar tão alto quanto o sol”), canta Scott Weiland em “Where the River Goes”. O tempo se encarregaria de mostrar o quão profética era a letra da faixa de encerramento de “Core”, álbum de estreia do Stone Temple Pilots que vendeu mais de 8 milhões de cópias somente nos Estados Unidos e se tornou um marco do rock dos anos 1990.

No panorama lírico, de autoria quase que exclusiva de Weiland — à época já um letrista de mão cheia —, temos infidelidade (“Dead & Bloated”); paranoia e assassinato (“Crackerman”); os altos e baixos do vício em drogas (“Wicked Garden”); questões acerca da fé e das religiões organizadas (“Naked Sunday”); e a história real da descoberta de um corpo pela polícia de San Diego (“Plush”).

Como se não bastasse de temas sensíveis, “Sex Type Thing”, talvez o maior hit do álbum, é cantada do ponto de vista de um estuprador, tentando justificar seus atos. Por mais que Scott tenha explicado que a música é na verdade um manifesto contra a violência sexual, os ouvintes nem sempre entenderam isso. A mensagem acabava se perdendo em meio à estrutura similar à de “Snakes of Christ”, do Danzig.

Stone Temple Pilots – “Purple” (1994)

A capa de “Purple” mostra um bebê montando um dragão no céu enquanto algumas figuras angelicais o observam. A inspiração veio de um pacote de heroína China White que Scott Weiland comprou uma vez em Los Angeles.

Faz sentido a capa ser essa visto que o grosso das letras no segundo álbum do Stone Temple Pilots tem alguma relação com a droga e musicalmente o grupo desbrave novas fronteiras que abrangem o blues, o country e a psicodelia. Também em comparação a “Core”, “Purple” traz Weiland se arriscando ainda mais nos tons altos (ouça “Still Remains”).

Lançado em 7 de junho de 1994, “Purple” estreou no topo das paradas estadunidenses, com “Interstate Love Song”, que Weiland escreveu para a então esposa Jannina Castaneda, logo se tornando um hit. “Big Empty” — originalmente incluída na trilha sonora do filme “O Corvo” — e “Vasoline”, com suas letras que equivalem ao diário de um adicto, vieram na sequência, dando um gás ainda maior nas vendas que hoje ultrapassam as 6 milhões de cópias.

Fora da raia dos singles e dos opiáceos, “Kitchenware and Candy Bars” chama a atenção pelo tom confessional de um casal que optou por fazer um aborto. Durante o especial “VH1 Storytellers” em 2000, Scott declarou:

“Foi uma experiência dolorosa e de partir o coração. Foi difícil para mim e para minha então parceira. Mas graças a Deus pudemos ter essa escolha.”

Scott Weiland – “12 Bar Blues” (1998)

Depois de uma briga em meio a turnê de “Tiny Music… Songs from the Vatican Gift Shop” (1996), Scott Weiland resolveu dar um tempo do Stone Temple Pilots. Era hora de trabalhar em seu primeiro projeto solo.

Com capa inspirada na de “Blue Train” (1958) de John Coltrane, “12 Bar Blues” é seu tributo à solidão. Na autobiografia “Not Dead & Not for Sale”, inédita no Brasil, ele escreve:

“Eu estava morando sozinho em um apartamento alugado — recém-separado da Jannina — e tomado de arrependimentos. Não se tratava de fazer música bonita; eu queria apenas botar a emoção para fora”.

E conseguiu. Que o digam “The Date”, “Mockingbird Girl” e “Barbarella” – esta última inspirada no filme homônimo de 1968 estrelado por Jane Fonda. Na letra, Scott expressa seu desejo por uma mulher forte e poderosa vir e o curar de tudo; mulher essa para a qual ele se “masturbaria e depois cantaria uma canção de ninar”.

A crítica amou “12 Bar Blues”, mas os fãs do Stone Temple Pilots se recusaram a gastar dinheiro no que encararam como a maior esquisitice.

Stone Temple Pilots – “Nº 4” (1999)

O quarto álbum de estúdio do Stone Temple Pilots foi lançado em um momento tumultuado para a banda. Pouco antes do lançamento do disco, Scott Weiland foi condenado à prisão por violar sua liberdade condicional — ele havia sido condenado por posse de heroína no ano anterior —, o que inviabilizou uma turnê e tornou impossível divulgar o trabalho.

Como resultado, as vendas de “Nº 4” foram baixas. É uma pena, pois se trata do álbum do grupo que este autor mais gosta.

Não teve turnê, mas teve videoclipe na programação da MTV; pelo menos um, já que o original de “No Way Out” foi banido da emissora pelo excesso de nudez. Dirigido por David Slade — mesmo diretor de “Hannibal” (2001) e “A Saga Crepúsculo: Eclipse” (2010) — e estrelado por Sarah Michelle Gellar — do seriado “Buffy, a Caça-Vampiros” —, “Sour Girl” fez sucesso elevando a música ao status de carro-chefe do álbum. A letra, a exemplo de outras do disco (“Atlanta” e “I Got You”), foi motivada pelo divórcio de Scott e Jannina.

Velvet Revolver – “Contraband” (2004)

A imprensa musical brasileira, sempre muito afeita a trocadilhos e piadocas, chamou o Velvet Revolver de “Guns Sem Rose”. Verdade seja dita: a banda formada pelos ex-gunners Slash (guitarra), Duff McKagan (baixo) e Matt Sorum (bateria) com Scott Weiland foi, durante sua breve existência, o mais próximo de uma reunião do Guns N’ Roses original que se teve notícia.

Muito embora pudesse se refestelar nos feitos de outrora, o grupo não o fez. “Contraband”, primeiro de seus dois álbuns de estúdio, é um testemunho da máxima “quem foi rei não perde a majestade”.

Combinando os riffs e solos de Slash — à época descobrindo novas possibilidades nas seis cordas, mas ainda preservando o gosto por timbres oitentistas e wah-wah — com as letras sempre ardidas de Scott, “Slither” — vencedora do Grammy e presente no atual repertório do Guns — e a baladaça “Fall to Pieces” foram os grandes sucessos que impulsionaram as vendas.

Falando em performance comercial, foram mais de 250 mil cópias vendidas somente nos Estados Unidos nos primeiros quatro dias do álbum nas lojas; um recorde para a indústria fonográfica daquele país. Pena que a banda não tenha mantido o fôlego no sucessor, “Libertad” (2007), e a inconstância de Scott, ora sóbrio ora chapado, tenha ajudado o grupo a implodir pouco tempo depois.

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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