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Amon Amarth garante diversão, mas fica devendo em “The Great Heathen Army”

Novo álbum dos suecos tem qualidade e acerta quando resolve trazer algo novo - o problema é que isso não acontece tanto assim

No título de “The Great Heathen Army”, décimo-segundo álbum de estúdio do Amon Amarth, há referência ao grande exército pagão formado por vikings e nórdicos de várias nações que varreu a Inglaterra no século 9. Tema de séries de TV como “Vikings” e “The Last Kingdom” e filmes como “O Homem do Norte” (2022), a época evoca o auge da chamada “era viking”, fazendo todo o sentido com a abordagem lírica da banda.

O novo trabalho é o segundo com o baterista Jocke Wallgren, que substituiu Fredrik Andersson em 2016. A estreia de Wallgren, com “Berserker” (2019), foi bem mais burocrática e parecia seguir em uma direção diferente do habitual – o que acabou não agradando tanto, especialmente em termos de produção. Felizmente, esse problema é resolvido em “The Great Heathen Army” com a chegada do produtor Andy Sneap, atual guitarrista do Judas Priest.

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Sneap tornou o som do Amon Amarth mais próximo do que os fãs esperavam, sem deixar de fazer o grupo soar moderno. É como se ele tivesse acertado onde o produtor do álbum anterior, Jay Ruston, pareceu errar. O som das guitarras está mais limpo, especialmente nas partes “gêmeas” que os suecos tanto gostam e que se tornou uma espécie de marca registrada deles.

Colaborando para a expectativa pelo trabalho, o Amon Amarth lançou um single em fevereiro desse ano. A divertida “Put You Back Into the Oar” (produzida por Jens Bogren) acabou não entrando em “The Great Heathen Army”, o que é uma pena, pois certamente seria um dos pontos altos da tracklist.

“The Great Heathen Army”, faixa a faixa

Bons augúrios iniciam “The Great Heathen Army”: os primeiros segundos do single “Get in the Ring” mostram todos os upgrades sonoros já comentados em relação ao disco anterior. Os riffs e licks estão afiados e o peso está na medida certa, equilibrando bem a brutalidade ao lado mais melódico da banda.

A faixa-título vem em seguida e dá os primeiros indícios de fraqueza do álbum. Para uma faixa-título, falando sobre o tema que fala, falta uma atmosfera mais grandiosa. A música soa ameaçadora, mas tímida. Até mesmo o refrão – onde o Amon Amarth costuma acertar até quando erra – é acanhado. Não chega a comprometer, mas o sentimento de “falta algo” é evidente.

Na sequência, “Heidrun” agrada mais, apesar de ser uma música estranhamente “feliz”. Aqui a banda parece colocar um pé no folk metal, lembrando alguns bons momentos de colegas como Heidevolk e Korpiklaani. Há bastante melodia e mostra o lado mais festivo do “viking metal”. Deve fazer sucesso ao vivo.

A pancadaria volta à ordem do dia em “Oden Owns You All”, a mais pesada e uma das melhores da tracklist. “Find a Way or Make One” tira um pouco o pé do acelerador, mas mantém o bom nível, com uma bem-vinda cadência e um refrão altamente cantável. Quem gosta de álbuns como “Twilight of the Thunder God” (2008) deve aprovar.

“Dawn of the Norsemen” peca por ser um tanto genérica, embora não seja ruim. A faixa conta com uma interessante passagem lenta no meio, mas não empolga nem assim. Felizmente, ela abre caminho para a parte final do disco onde ganha-se muita força, trazendo inclusive uma participação especial.

“Saxons and Vikings” traz no título o “spoiler”: Biff Byford, vocalista do Saxon, soa muito bem e refresca uma música divertida, cheia de mudanças de tempo, em dueto com Johan Hegg. É difícil não valorizar em excesso a participação do veterano, mas essa é provavelmente a melhor música de “The Great Heathen Army”.

Depois do ápice, a experiência auditiva se mantém em alta com “Skagul Rides With Me”, que evoca os momentos mais lembrados do Amon Amarth. Uma camada de teclado ao fundo cria a atmosfera épica aguardada (e não oferecida) na faixa-título, sendo mais ou menos o que todos esperavam que ela seria. Felizmente, a banda entrega o que havia faltado antes do final da audição.

“The Serpent’s Trail” fecha o álbum com ares de épico, sendo a mais longa do disco. Com direito a versos declamados pela voz estranhamente limpa de Hegg, a música traz o Amon Amarth navegando por águas desconhecidas para a banda. Os riffs são mais cadenciados, sem tantas palhetadas rápidas, e ganham contornos orquestrados interessantes. Chega a lembrar alguns momentos mais épicos do Iron Maiden em seus álbuns mais recentes.

Vale a pena se alistar no Grande Exército Pagão?

“The Great Heathen Army” não é o melhor album do Amon Amarth, nem o mais inovador, mesmo tendo momentos “fora da caixa”. Sua função na discografia parece ser a de colocar a banda de volta no caminho bom que começou a trilhar em “Jomsviking” (2016), mas ligeiramente desviado em “Berserker”. Dá para dizer que o grupo foi colocado de volta aos remos (“Put You Back Into the Oar”).

Quando tenta-se fazer diferente, como em “Heidrun”, “Saxons and Vikings” e “The Serpent’s Trail”, a chance de acerto dos suecos parece aumentar bastante. Não sabemos se isso é um convite “dos deuses” para que o grupo tente inovar ainda mais daqui em diante, mas o marasmo nos momentos mais “comuns” é notável.

O segredo está em não deixar a fórmula se esgotar – e “The Great Heathen Army” mostra que isso está perto de acontecer, o que acende a luz de alerta. No entanto, os próprios músicos parecem indicar o caminho a seguir nos pontos altos do disco. O Amon Amarth certamente precisa continuar remando e tem tudo para ainda entregar bons discos, desde que não ceda à sua zona de conforto.

Os deuses amam a banda. Ainda.

Ouça “The Great Heathen Army” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Amon Amarth – “The Great Heathen Army”

  1. Get In the Ring
  2. The Great Heathen Army
  3. Heidrun
  4. Oden Owns You All
  5. Find a Way or Make One
  6. Dawn of Norsemen
  7. Saxons and Vikings (feat. Biff Byford)
  8. Skagul Rides With Me
  9. The Serpent’s Trail

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

1 COMENTÁRIO

  1. Na primeira audicao temos a imprensao de um vazio, lacuna, que o disco está entre os piores do amon, porém a medida que vou fazendo outras audicoes a coisa vai ficando cada vez melhor e dou no momento nota 8, sinto que estão cumprindo seu papel com perfeicao!!

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No título de “The Great Heathen Army”, décimo-segundo álbum de estúdio do Amon Amarth, há referência ao grande exército pagão formado por vikings e nórdicos de várias nações que varreu a Inglaterra no século 9. Tema de séries de TV como “Vikings” e “The Last Kingdom” e filmes como “O Homem do Norte” (2022), a época evoca o auge da chamada “era viking”, fazendo todo o sentido com a abordagem lírica da banda.

O novo trabalho é o segundo com o baterista Jocke Wallgren, que substituiu Fredrik Andersson em 2016. A estreia de Wallgren, com “Berserker” (2019), foi bem mais burocrática e parecia seguir em uma direção diferente do habitual – o que acabou não agradando tanto, especialmente em termos de produção. Felizmente, esse problema é resolvido em “The Great Heathen Army” com a chegada do produtor Andy Sneap, atual guitarrista do Judas Priest.

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Sneap tornou o som do Amon Amarth mais próximo do que os fãs esperavam, sem deixar de fazer o grupo soar moderno. É como se ele tivesse acertado onde o produtor do álbum anterior, Jay Ruston, pareceu errar. O som das guitarras está mais limpo, especialmente nas partes “gêmeas” que os suecos tanto gostam e que se tornou uma espécie de marca registrada deles.

Colaborando para a expectativa pelo trabalho, o Amon Amarth lançou um single em fevereiro desse ano. A divertida “Put You Back Into the Oar” (produzida por Jens Bogren) acabou não entrando em “The Great Heathen Army”, o que é uma pena, pois certamente seria um dos pontos altos da tracklist.

“The Great Heathen Army”, faixa a faixa

Bons augúrios iniciam “The Great Heathen Army”: os primeiros segundos do single “Get in the Ring” mostram todos os upgrades sonoros já comentados em relação ao disco anterior. Os riffs e licks estão afiados e o peso está na medida certa, equilibrando bem a brutalidade ao lado mais melódico da banda.

A faixa-título vem em seguida e dá os primeiros indícios de fraqueza do álbum. Para uma faixa-título, falando sobre o tema que fala, falta uma atmosfera mais grandiosa. A música soa ameaçadora, mas tímida. Até mesmo o refrão – onde o Amon Amarth costuma acertar até quando erra – é acanhado. Não chega a comprometer, mas o sentimento de “falta algo” é evidente.

Na sequência, “Heidrun” agrada mais, apesar de ser uma música estranhamente “feliz”. Aqui a banda parece colocar um pé no folk metal, lembrando alguns bons momentos de colegas como Heidevolk e Korpiklaani. Há bastante melodia e mostra o lado mais festivo do “viking metal”. Deve fazer sucesso ao vivo.

A pancadaria volta à ordem do dia em “Oden Owns You All”, a mais pesada e uma das melhores da tracklist. “Find a Way or Make One” tira um pouco o pé do acelerador, mas mantém o bom nível, com uma bem-vinda cadência e um refrão altamente cantável. Quem gosta de álbuns como “Twilight of the Thunder God” (2008) deve aprovar.

“Dawn of the Norsemen” peca por ser um tanto genérica, embora não seja ruim. A faixa conta com uma interessante passagem lenta no meio, mas não empolga nem assim. Felizmente, ela abre caminho para a parte final do disco onde ganha-se muita força, trazendo inclusive uma participação especial.

“Saxons and Vikings” traz no título o “spoiler”: Biff Byford, vocalista do Saxon, soa muito bem e refresca uma música divertida, cheia de mudanças de tempo, em dueto com Johan Hegg. É difícil não valorizar em excesso a participação do veterano, mas essa é provavelmente a melhor música de “The Great Heathen Army”.

Depois do ápice, a experiência auditiva se mantém em alta com “Skagul Rides With Me”, que evoca os momentos mais lembrados do Amon Amarth. Uma camada de teclado ao fundo cria a atmosfera épica aguardada (e não oferecida) na faixa-título, sendo mais ou menos o que todos esperavam que ela seria. Felizmente, a banda entrega o que havia faltado antes do final da audição.

“The Serpent’s Trail” fecha o álbum com ares de épico, sendo a mais longa do disco. Com direito a versos declamados pela voz estranhamente limpa de Hegg, a música traz o Amon Amarth navegando por águas desconhecidas para a banda. Os riffs são mais cadenciados, sem tantas palhetadas rápidas, e ganham contornos orquestrados interessantes. Chega a lembrar alguns momentos mais épicos do Iron Maiden em seus álbuns mais recentes.

Vale a pena se alistar no Grande Exército Pagão?

“The Great Heathen Army” não é o melhor album do Amon Amarth, nem o mais inovador, mesmo tendo momentos “fora da caixa”. Sua função na discografia parece ser a de colocar a banda de volta no caminho bom que começou a trilhar em “Jomsviking” (2016), mas ligeiramente desviado em “Berserker”. Dá para dizer que o grupo foi colocado de volta aos remos (“Put You Back Into the Oar”).

Quando tenta-se fazer diferente, como em “Heidrun”, “Saxons and Vikings” e “The Serpent’s Trail”, a chance de acerto dos suecos parece aumentar bastante. Não sabemos se isso é um convite “dos deuses” para que o grupo tente inovar ainda mais daqui em diante, mas o marasmo nos momentos mais “comuns” é notável.

O segredo está em não deixar a fórmula se esgotar – e “The Great Heathen Army” mostra que isso está perto de acontecer, o que acende a luz de alerta. No entanto, os próprios músicos parecem indicar o caminho a seguir nos pontos altos do disco. O Amon Amarth certamente precisa continuar remando e tem tudo para ainda entregar bons discos, desde que não ceda à sua zona de conforto.

Os deuses amam a banda. Ainda.

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  2. The Great Heathen Army
  3. Heidrun
  4. Oden Owns You All
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  8. Skagul Rides With Me
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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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  1. Na primeira audicao temos a imprensao de um vazio, lacuna, que o disco está entre os piores do amon, porém a medida que vou fazendo outras audicoes a coisa vai ficando cada vez melhor e dou no momento nota 8, sinto que estão cumprindo seu papel com perfeicao!!

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