A maior atenção dedicada à figura de Elvis Presley graças à cinebiografia “Elvis” também trouxe de volta algumas discussões acerca de sua história. Chegou ao ponto de o cantor ser cancelado no TikTok por conta de passagens negativas da vida, como o fato de ter se envolvido com sua esposa, Priscilla, quando esta tinha apenas 14 anos, enquanto ele já estava com 24.
Porém, a principal polêmica da vida do cantor foi a suposta apropriação da cultura negra. O próprio nunca negou ter sido influenciado pela música de precursores como Chuck Berry, Little Richard e Fats Domino, entre vários outros. Porém, também é verdade que a mídia se valeu de um artista branco de forma mais intensa em um país altamente segregado como os Estados Unidos da década de 1950.
Em artigo da BBC Culture, é ressaltado que o filme mostra Elvis como figura fundamental para ajudar os negros a obter direitos civis iguais no país. A narrativa se baseia em uma ideia formulada por Michael T Bertrand no livro “Race, Rock and Elvis”. Em entrevista ao veículo (via G1), o autor argumenta:
“Elvis representou uma geração que surgiu em um momento em que havia muitas mudanças acontecendo no sul. Uma das mudanças tinha a ver com a evolução da programação negra de rádio, e no final da década de 1940, adolescentes como Elvis estavam sintonizados, o que deu a eles um tipo diferente de perspectiva sobre raça dentro de uma sociedade segregada.
À medida que vai ficando mais velho, Elvis tem um apreço pela cultura afro-americana, e foi atraído pela música negra de uma forma que seus avós não seriam. Tornando-se popular, Elvis mostrou que era ‘ok’ para os brancos apreciar a cultura negra. Elvis e seus colegas do sul são os primeiros garotos brancos a consumir rhythm and blues. Isso é um avanço, e houve enormes ramificações disso.”
Recado através da música
Mesmo quando se trata de posicionamentos políticos, Michael T Bertrand entende que Elvis Presley deve ser julgado de acordo com o seu tempo, o que explicaria a falta de manifestações mais contundentes.
“Não acho que Elvis era político no sentido de que iria em passeatas e coisas assim. Estes músicos estavam preocupados com suas carreiras primeiro, e não faziam declarações políticas. Deixavam seu recado através da música. No contexto da segregação em que viviam, esta foi uma declaração importante.
Nos anos 1950, muitos artistas de rhythm and blues disseram que estavam felizes por Elvis ter aberto as portas porque a música se tornou acessível. A questão era que, por ser branco, ele tinha acesso a casas de shows que alguns de seus colegas e contemporâneos não tinham.”
Leia a matéria na íntegra no site da BBC Brasil.
Rara foto com B.B. King
Em maio último, o guitarrista Vernon Reid (Living Colour) escreveu em seu Twitter:
“Há uma fotografia de Elvis com B.B. King no Sun Studios quando jovens, nunca amplamente divulgada. Nada forçada nem arranjada. É claro que eles eram bons amigos. Parker (Tom, empresário) trabalhou assiduamente para DISTANCIAR Elvis dos negros, com quem ele andava confortavelmente, para tranquilizar os fãs brancos sulistas.”
A imagem pode ser conferida abaixo.
“Elvis”, a cinebiografia de Elvis Presley
“Elvis” foi dirigido por Baz Luhrmann. O próprio escreveu o roteiro em parceria com Sam Bromell, Craig Pearce e Jeremy Doner. Austin Butler interpreta o rei do rock, enquanto Tom Hanks assume o papel de Parker. Olivia DeJonge é Priscilla.
Na primeira semana em cartaz nos cinemas americanos, a obra faturou US$ 30,5 milhões de bilheteria. O lançamento no Brasil ocorre em 14 de julho. A distribuição é da Warner Pictures.
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