Fãs de música pop de certa idade estão mais do que familiarizados com “Uptown Girl”, clássico do cantor americano Billy Joel. A letra conta a velha história do cara pobre apaixonado pela menina rica entediada pelo ambiente da alta sociedade. A canção foi um mega sucesso, mas na noite de 23 de dezembro de 1985, quase contribuiu para o fim do casamento real.
Era uma apresentação da Royal Opera House organizada exclusivamente para VIPs e patronos especiais. O evento ocorria todo ano e o tom geral das apresentações era de paródia, com cantores e bailarinos trocando de lugar para agradecer o apoio dado à instituição. Não era incomum para celebridades se juntarem à performance.
Contudo, naquela noite, um momento chocou a plateia. A princesa Diana, vestindo cetim branco, dançou junto com o bailarino Wayne Sleep ao som de “Uptown Girl”. Algumas imagens do número podem ser conferidas no vídeo abaixo.
A ideia da performance partiu da própria princesa, que queria fazer uma surpresa de Natal para seu marido, o príncipe Charles. De acordo com Sleep, a escolha da canção por parte de Diana talvez tenha se dado pelo seu sucesso e por ela se achar capaz de passar a imagem de sofisticação. Afinal, ela era a “Uptown Girl”. A descrição se encaixava.
A performance ecoou o clipe da canção, em que Joel tentava chamar a atenção da garota da alta sociedade interpretada pela modelo Christie Brinkley – que viria a se tornar esposa do cantor.
As reações
Wayne Sleep contou ao jornal inglês The Guardian sobre como ele e a princesa formavam um par inusitado:
“Meu primeiro pensamento foi que ela era alta demais para dançar comigo, eu vou virar motivo de chacota; eu tenho 1,57m e ela tem 1,80m. Mas eu percebi logo que ela tinha um senso de humor muito bom e que poderíamos nos divertir com a diferença de altura.”
A plateia ficou atônita com a presença da princesa no palco, achando inicialmente se tratar de uma sósia. Eventualmente o choque passou e a performance foi muito aplaudida.
Entretanto, aplausos não vieram do camarote real – mas, sim, uma sobrancelha levantada por parte do príncipe Charles.
Família real não se diverte
Qualquer um que já viu a série “The Crown” ou mesmo leu qualquer notícia nos últimos 30 anos sobre a família real britânica sabe o quanto a instituição da Coroa preza por discrição acima de tudo, assim como submissão por parte do consorte.
A princesa Diana foi vista desde o primeiro momento como alguém que não cumpria esses protocolos. Sabe-se que ela não se sentia à vontade com a falta de apoio emocional do marido.
Em sua biografia “Diana: sua verdadeira história”, a princesa é citada pelo autor Andrew Morton falando sobre o evento e a reação de Charles:
“Meu marido começou a ficar com ciúme e muito ansioso na época, também. Dentro do sistema, eu era tratada de forma muito diferente, como se fosse uma esquisita, e eu me sentia esquisita.”
Divisor de águas
Anos depois, numa entrevista para o site Vulture por causa da inclusão da dança em “The Crown”, Sleep falou sobre a apresentação em retrospecto e como simbolizou um divisor de águas para a princesa e sua relação com a família real:
“Nunca poderia imaginar que uma dança de três minutos pudesse ser tão épica – a ponto de ser incluída em “The Crown”. Foi uma declaração da parte dela que dizia: ‘eu tentei tudo, mas agora farei as coisas do meu jeito’. Acho que foi isso que estava subentendido. Diana não era uma loira burra. Ela era uma dama. E ela estava então prestes a se tornar sua própria pessoa. A dança se tornou sua declaração de independência.”
Confira abaixo como o número de dança foi retratado em “The Crown”.
* Texto por Pedro Hollanda, com pauta e edição por Igor Miranda.
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