Por que Carlos Lopes, da Dorsal Atlântica, diz renegar o metal brasileiro

Vândalo, como ficou conhecido, aponta que "estética ficou mais importante que o conteúdo" dentro do gênero musical no país

Carlos “Vândalo” Lopes fez uma reflexão sincera sobre o metal brasileiro em entrevista a Silvio Essinger, para o jornal O Globo. O vocalista e guitarrista da Dorsal Atlântica, banda que fez show com o Sepultura no último sábado (12) após 24 anos fora dos palcos, diz “renegar” a ramificação nacional do gênero – que ele próprio ajudou a criar.

Inicialmente, o músico citou a situação envolvendo as bandas Doctor Pheabes e Armored Dawn como exemplos de que o heavy metal no Brasil é problemático. Os dois grupos estão ligados aos executivos Fernando e Eduardo Parrillo, fundadores da Prevent Senior, operadora de assistência médica acusada de fraudar atestados de óbito e prontuários médicos para ocultar mortes de pacientes com Covid-19, supostamente realizando experimentos com eles sem autorização de famílias e autoridades.

“Há anos eu falava desse negócio da Prevent Senior e o pessoal achava que eu estava viajando. O heavy metal brasileiro é um filho que eu gerei, mas que infelizmente tenho que renegar.”

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Em seguida, Lopes destaca que no metal como um todo, “a estética ficou mais importante que o conteúdo”.

“Quando a banda grava um disco novo, na verdade não é um disco novo, é o mesmo de antes. Percebi que as pessoas não gostam de mudança na música pesada. O que é até compreensível para um cara de 50 anos… mas para um garoto de 15? Não mesmo! Não me sinto assim, a minha linha vem do Tropicalismo.”

A volta da Dorsal Atlântica

Formada no Rio de Janeiro em 1981, a Dorsal Atlântica foi pioneira do heavy metal no Brasil. As atividades foram encerradas em 2001, mas retomadas em 2012. Desde então, foram lançados quatro álbuns – “2012” (2012), “Imperium” (2014), “Canudos” (2017) e “Pandemia” (2021) -, mas sem shows.

O hiato dos palcos foi rompido com a já citada apresentação no último sábado (12), ao lado do Sepultura, no Circo Voador, casa de eventos na cidade natal do grupo.

“A situação está tão ruim que eu tive que sair do autoexílio. Alguém tinha que falar algo! Quando comecei, o heavy metal no Brasil era um papel em branco. Tinha só o Stress em Belém e o Vulcano em Santos, cada um foi construindo o metal à sua imagem. A minha era política, a dos outros, não.”

Apesar disso, Carlos Lopes deixa claro que não queria ter retornado com a banda.

“Eu não queria voltar, esse negócio de crowdfunding era para eu me manter ativo artisticamente. Sou anticomercial, minha vendagem é de mil cópias, e isso não paga os custos do estúdio. O crowdfunding foi minha salvação, porque não vivo de passado. O mais engraçado é que só mais recentemente as pessoas conheceram os meus discos antigos, que receberam como recompensa pelo apoio. De propósito, eu não ponho os álbuns da Dorsal no streaming.”

O bate-papo completo pode ser conferido no site do jornal O Globo.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

3 COMENTÁRIOS

  1. Obrigado pelo espaço, Igor. Mês que vem será postado um minidoc sobre o show com vídeos apenas dos apoiadores. De certa forma somos uma banda “iniciante”, eu mesmo não tocava ao vivo há quase 15 anos… O texto no Globo está corretíssimo, mas o assunto é complexo. Penso muito no que faço antes de agir mas estamos em 2022, e não em 1986 e voltei para uma missão, discursei duramente no Rio, que a cidade que nasci, para marcar territorio, e não tenho interesse em discursar nas outras cidades. Escrevi Canudos sobre o golpe contra a presidente Dilma, e Pandemia contra o que está no cargo. Charles Gavin conversou comigo nos bastidores e disse que tenho muita coragem. não sei se é coragem, lucidez ou loucura, não sou carreirista, e não tenho medo de perder publico, a banda tem que ser um instrumento de combate. Obrigado.

    • Sou eu quem agradeço por seu comentário e pela atenção, Carlos. O contato do site segue à disposição. Estou acompanhando a Dorsal também pelas redes e sempre que pintar alguma novidade, divulgo por aqui.

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