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Como e por que o Led Zeppelin se reuniu em 2007 para show único

Última apresentação da banda aconteceu com muita euforia - por uma boa causa - e teve banda de abertura cheia de grandes nomes

Em 10 de dezembro de 2007, os integrantes remanescentes do Led Zeppelin se reuniram em um show único com Jason Bonham, filho do falecido John Bonham, na bateria. A ocasião, que tornou-se a primeira apresentação completa da banda desde 1980, foi gravada e lançada oficialmente no álbum e DVD “Celebration Day”, em 17 de outubro de 2012.

Mas como se deu essa reunião?

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Antes de tudo é preciso lembrar que embora tenha encerrado as atividades em 1980, em razão da morte de Bonham, os músicos do Led Zeppelin já haviam se reunido em algumas oportunidades para apresentações curtas. A primeira delas foi no festival Live Aid, em 1985, com outras aparições em ocasiões especiais nos anos de 1988, 1990 e 1995.

Em 2007, o que fez Robert Plant (vocal), Jimmy Page (guitarra) e John Paul Jones (baixo) se reunirem no palco foi um evento de caridade em homenagem a Ahmet Ertegun, fundador da Atlantic Records, gravadora com a qual o Zeppelin trabalhou por anos. O executivo, que havia falecido no ano anterior, tinha projetos de filantropia onde bancava a formação universitária de jovens de baixa renda no Reino Unido, Estados Unidos e em sua terra natal, a Turquia.

Como forma de homenageá-lo e dar continuidade ao trabalho de caridade, com arrecadação de fundos destinada ao projeto, foi criado o evento Ahmet Ertegun Tribute Concert, na O2 Arena, em Londres. O Led Zeppelin topou se reunir, já que era por uma boa causa.

Recorde de procura

Como não poderia deixar de ser, a procura por ingressos para o show foi imensa. A O2 é uma arena grande, com capacidade para 20 mil pessoas, mas nem ela daria conta de toda a demanda: 20 milhões tentaram comprar as entradas no site oficial, disponibilizadas a 250 dólares – ou 125 libras. Já esperando a alta demanda, a organização criou um sistema de sorteio para os interessados.

O guitarrista Jimmy Page, em entrevista para a revista Uncut em 2009, demonstrou surpresa pela alta procura:

“Eu sabia que venderia rápido, mas a onda de euforia que precedeu o show foi muito além do que eu poderia imaginar. Tivemos algumas aparições caóticas no passado, como no Live Aid, então se fôssemos voltar juntos, faríamos do jeito certo e faríamos valer a pena.”

O show de abertura

A apresentação, originalmente programada para o dia 26 de novembro de 2007, acabou adiada para 10 de dezembro, já que Page quebrou o dedo mindinho em uma queda no jardim de sua casa. Apesar do pequeno contratempo, as coisas fluíram muito bem.

O que nem todos sabem é que o Led Zeppelin não foi a única atração da noite. Antes de Robert Plant, Jimmy Page e John Paul Jones aparecerem juntos novamente, rolou um show de abertura por uma banda composta por Keith Emerson (teclados, Emerson, Lake & Palmer), Simon Kirke (bateria, Free / Bad Company) e dois músicos do Yes: Alan White (bateria) e Chris Squire (baixo). Eles foram acompanhados pelo Rhythm Kings, banda de apoio de Bill Wyman (ex-Rolling Stones).

Paul Rodgers, Paolo Nutini, Alvin Lee e Maggie Bell também participaram como convidados. Deu tempo até mesmo de um curto set de Mick Jones e Brian Tichy, ambos do Foreigner, acompanhados de um coral infantil e do já mencionado Rhythm Kings.

Inicialmente, a ideia era ter uma reunião do Cream abrindo para o Zeppelin, mas a ideia não foi adiante. O tecladista Rick Wakeman também estava escalado, mas teve problemas de agenda, enquanto Pete Townshend, guitarrista do The Who, recusou o convite ao saber quem era a atração principal, conforme ele próprio explicou em post do seu blog pessoal.

“Recusei o show beneficente de Ahmet Ertegun no dia que ouvi que o Led Zeppelin tocaria. Eles realmente não precisam de mim e eu provavelmente vou tocar em algum evento futuro da Fundação Ertegun. Se você vai ao show, divirta-se. Estou feliz que Robert, Jimmy, John e Jason estejam de volta em grande estilo. Desejo o melhor a eles.”

No palco… Led Zeppelin!

A apresentação do Led Zeppelin veio em seguida e o resultado pode ser visto e ouvido em “Celebration Day”, em uma noite não menos do que histórica.

O quarteto tocou 16 músicas, em uma performance que durou cerca de duas horas. A ideia inicial era de que eles tocassem por cerca de 40 minutos, mas Jimmy Page revelou à revista Q Magazine que era contra essa proposta.

“Pediram que tocássemos um set de 40 minutos e logo percebemos que não poderíamos. Se fôssemos e tocássemos ‘No Quarter’, ‘Moby Dick’ e ‘Dazed and Confused’ como todos os solos, já tocaríamos mais de uma hora. Fomos de 75 minutos para 90, até quase duas horas.

Não tem como eu fazer um set de 3 horas e meia agora, contra todos os ventos e tempestades, porque eu não tenho mais essa energia. Mas ainda tenho o suficiente para aguentar um set de duas horas.”

Vale destacar que não só a circunstância de reunião fez com que o show fosse histórico. Pela primeira vez, eles tocaram versões completas de “Ramble On” e “For Your Life”, duas canções adoradas pelos fãs.

Tanto John Paul Jones quanto Robert Plant fizeram questão de citar a importância de Jason Bonham nessa reunião. O baterista não tentou emular o trabalho de seu pai nota por nota: em vez disso, buscou trazer entusiasmo aos veteranos. O vocalista ressaltou isso, também à Q Magazine:

“Sem ele, teria sido uma coisa totalmente diferente, porque seu entusiasmo e pontos de referência eram espetaculares – ele tinha muito conhecimento sobre shows que foram feitos quando ele ainda era um bebê.”

Além dos milhares de sortudos pagantes, o show contou com uma grande quantidade de celebridades, especialmente do mundo da música. Entre alguns dos presentes, estavam Joe Elliott (Def Leppard), Chad Smith (Red Hot Chili Peppers), Dave Grohl (Foo Fighters), Brian May (Queen), Paul McCartney, Jeff Beck, David Gilmour (Pink Floyd), The Edge (U2), Ann Wilson (Heart), Mick Jagger (Rolling Stones), Peter Gabriel, Noel e Liam Gallagher (Oasis) e Dave Mustaine (Megadeth).

Desde então, o Led Zeppelin nunca mais tocou junto, embora boatos sobre reuniões sempre apareçam de tempos em tempos. Se foi uma despedida, não foi menos do que histórica e, acima de tudo, foi por uma boa causa.

Led Zeppelin – a reunião no Ahmet Ertegun Tribute Concert

  1. Good Times Bad Times
  2. Ramble On
  3. Black Dog
  4. In My Time of Dying / Honey Bee
  5. For Your Life
  6. Trampled Under Foot
  7. Nobody’s Fault but Mine
  8. No Quarter
  9. Since I’ve Been Loving You
  10. Dazed and Confused
  11. Stairway to Heaven
  12. The Song Remains the Same
  13. Misty Mountain Hop
  14. Kashmir

Primeiro bis:

  1. Whole Lotta Love

Segundo bis:

  1. Rock and Roll

* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta e edição geral por Igor Miranda; redação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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Mas como se deu essa reunião?

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Antes de tudo é preciso lembrar que embora tenha encerrado as atividades em 1980, em razão da morte de Bonham, os músicos do Led Zeppelin já haviam se reunido em algumas oportunidades para apresentações curtas. A primeira delas foi no festival Live Aid, em 1985, com outras aparições em ocasiões especiais nos anos de 1988, 1990 e 1995.

Em 2007, o que fez Robert Plant (vocal), Jimmy Page (guitarra) e John Paul Jones (baixo) se reunirem no palco foi um evento de caridade em homenagem a Ahmet Ertegun, fundador da Atlantic Records, gravadora com a qual o Zeppelin trabalhou por anos. O executivo, que havia falecido no ano anterior, tinha projetos de filantropia onde bancava a formação universitária de jovens de baixa renda no Reino Unido, Estados Unidos e em sua terra natal, a Turquia.

Como forma de homenageá-lo e dar continuidade ao trabalho de caridade, com arrecadação de fundos destinada ao projeto, foi criado o evento Ahmet Ertegun Tribute Concert, na O2 Arena, em Londres. O Led Zeppelin topou se reunir, já que era por uma boa causa.

Recorde de procura

Como não poderia deixar de ser, a procura por ingressos para o show foi imensa. A O2 é uma arena grande, com capacidade para 20 mil pessoas, mas nem ela daria conta de toda a demanda: 20 milhões tentaram comprar as entradas no site oficial, disponibilizadas a 250 dólares – ou 125 libras. Já esperando a alta demanda, a organização criou um sistema de sorteio para os interessados.

O guitarrista Jimmy Page, em entrevista para a revista Uncut em 2009, demonstrou surpresa pela alta procura:

“Eu sabia que venderia rápido, mas a onda de euforia que precedeu o show foi muito além do que eu poderia imaginar. Tivemos algumas aparições caóticas no passado, como no Live Aid, então se fôssemos voltar juntos, faríamos do jeito certo e faríamos valer a pena.”

O show de abertura

A apresentação, originalmente programada para o dia 26 de novembro de 2007, acabou adiada para 10 de dezembro, já que Page quebrou o dedo mindinho em uma queda no jardim de sua casa. Apesar do pequeno contratempo, as coisas fluíram muito bem.

O que nem todos sabem é que o Led Zeppelin não foi a única atração da noite. Antes de Robert Plant, Jimmy Page e John Paul Jones aparecerem juntos novamente, rolou um show de abertura por uma banda composta por Keith Emerson (teclados, Emerson, Lake & Palmer), Simon Kirke (bateria, Free / Bad Company) e dois músicos do Yes: Alan White (bateria) e Chris Squire (baixo). Eles foram acompanhados pelo Rhythm Kings, banda de apoio de Bill Wyman (ex-Rolling Stones).

Paul Rodgers, Paolo Nutini, Alvin Lee e Maggie Bell também participaram como convidados. Deu tempo até mesmo de um curto set de Mick Jones e Brian Tichy, ambos do Foreigner, acompanhados de um coral infantil e do já mencionado Rhythm Kings.

Inicialmente, a ideia era ter uma reunião do Cream abrindo para o Zeppelin, mas a ideia não foi adiante. O tecladista Rick Wakeman também estava escalado, mas teve problemas de agenda, enquanto Pete Townshend, guitarrista do The Who, recusou o convite ao saber quem era a atração principal, conforme ele próprio explicou em post do seu blog pessoal.

“Recusei o show beneficente de Ahmet Ertegun no dia que ouvi que o Led Zeppelin tocaria. Eles realmente não precisam de mim e eu provavelmente vou tocar em algum evento futuro da Fundação Ertegun. Se você vai ao show, divirta-se. Estou feliz que Robert, Jimmy, John e Jason estejam de volta em grande estilo. Desejo o melhor a eles.”

No palco… Led Zeppelin!

A apresentação do Led Zeppelin veio em seguida e o resultado pode ser visto e ouvido em “Celebration Day”, em uma noite não menos do que histórica.

O quarteto tocou 16 músicas, em uma performance que durou cerca de duas horas. A ideia inicial era de que eles tocassem por cerca de 40 minutos, mas Jimmy Page revelou à revista Q Magazine que era contra essa proposta.

“Pediram que tocássemos um set de 40 minutos e logo percebemos que não poderíamos. Se fôssemos e tocássemos ‘No Quarter’, ‘Moby Dick’ e ‘Dazed and Confused’ como todos os solos, já tocaríamos mais de uma hora. Fomos de 75 minutos para 90, até quase duas horas.

Não tem como eu fazer um set de 3 horas e meia agora, contra todos os ventos e tempestades, porque eu não tenho mais essa energia. Mas ainda tenho o suficiente para aguentar um set de duas horas.”

Vale destacar que não só a circunstância de reunião fez com que o show fosse histórico. Pela primeira vez, eles tocaram versões completas de “Ramble On” e “For Your Life”, duas canções adoradas pelos fãs.

Tanto John Paul Jones quanto Robert Plant fizeram questão de citar a importância de Jason Bonham nessa reunião. O baterista não tentou emular o trabalho de seu pai nota por nota: em vez disso, buscou trazer entusiasmo aos veteranos. O vocalista ressaltou isso, também à Q Magazine:

“Sem ele, teria sido uma coisa totalmente diferente, porque seu entusiasmo e pontos de referência eram espetaculares – ele tinha muito conhecimento sobre shows que foram feitos quando ele ainda era um bebê.”

Além dos milhares de sortudos pagantes, o show contou com uma grande quantidade de celebridades, especialmente do mundo da música. Entre alguns dos presentes, estavam Joe Elliott (Def Leppard), Chad Smith (Red Hot Chili Peppers), Dave Grohl (Foo Fighters), Brian May (Queen), Paul McCartney, Jeff Beck, David Gilmour (Pink Floyd), The Edge (U2), Ann Wilson (Heart), Mick Jagger (Rolling Stones), Peter Gabriel, Noel e Liam Gallagher (Oasis) e Dave Mustaine (Megadeth).

Desde então, o Led Zeppelin nunca mais tocou junto, embora boatos sobre reuniões sempre apareçam de tempos em tempos. Se foi uma despedida, não foi menos do que histórica e, acima de tudo, foi por uma boa causa.

Led Zeppelin – a reunião no Ahmet Ertegun Tribute Concert

  1. Good Times Bad Times
  2. Ramble On
  3. Black Dog
  4. In My Time of Dying / Honey Bee
  5. For Your Life
  6. Trampled Under Foot
  7. Nobody’s Fault but Mine
  8. No Quarter
  9. Since I’ve Been Loving You
  10. Dazed and Confused
  11. Stairway to Heaven
  12. The Song Remains the Same
  13. Misty Mountain Hop
  14. Kashmir

Primeiro bis:

  1. Whole Lotta Love

Segundo bis:

  1. Rock and Roll

* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta e edição geral por Igor Miranda; redação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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